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Saúde: A ameaça da obesidade

Nos últimos dez anos, os casos de obesidade no Brasil aumentaram 60%. O excesso de peso é um dos principais fatores de risco para doenças não transmissíveis, como AVCs e diabetes 

NA MEDIDA CERTA – Funcionárias da prefeitura de Franca (SP) fazem hidroginástica para controlar o peso: a obesidade atinge 18,9% dos brasileiros ()

Mais do que uma preocupação estética, o excesso de peso é cada vez mais uma questão de saúde pública. O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para inúmeras doenças fatais, da diabetes a acidentes vasculares cerebrais (AVCs). É por isso que o crescimento da obesidade acendeu o sinal de alerta para autoridades médicas brasileiras. Segundo dados levantados pelo Ministério da Saúde, os casos de obesidade no país aumentaram 60% nos últimos 10 anos. A ocorrência da doença passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. Já os casos de sobrepeso em adultos no Brasil passaram de 42,6% para 53,8% no mesmo período.

Tecnicamente, a obesidade é determinada pelo excesso de gordura corporal, acima do recomendável para a idade e a altura. O Índice de Massa Corporal (IMC) é reconhecido como padrão internacional para avaliar o grau de obesidade, e é calculado dividindo o peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metros). Se o IMC de uma pessoa for igual ou maior do que 25 ela tem sobrepeso. Já quando esse número é igual ou maior a 30, a pessoa é considerada obesa.

O crescimento dos casos de obesidade e sobrepeso está diretamente ligado ao estilo de vida, especialmente em relação à alimentação e à prática de atividades físicas. O alto consumo de alimentos processados e de baixa qualidade nutricional, que contêm mais gordura, sal ou açúcar, é uma das principais razões para o aumento de peso. Mais práticos e fáceis de serem consumidos, esses alimentos muitas vezes substituem refeições mais saudáveis no dia a dia. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas um entre três adultos consome frutas e hortaliças em cinco dias da semana.

Isso sem falar no sedentarismo. Apesar de a prática cotidiana de exercícios pela população estar em crescimento, apenas 37,6% dos brasileiros fazem ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana. Essa indisposição à prática de exercícios somada a uma alimentação pouco saudável provoca o aumento da pressão arterial, da glicose e de gordura no sangue.

DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL

Como uma típica nação em desenvolvimento, o Brasil ainda apresenta muitos casos de doenças infecciosas, como dengue e aids. Mas as doenças não transmissíveis (DNT) estão em crescimento e já constituem as maiores causas de morte da população.

As transformações das últimas décadas, com intensa urbanização e crescimento econômico acelerado, promoveram um fenômeno conhecido como transição epidemiológica: de um lado, queda da mortalidade por doenças infecciosas e aumento da expectativa de vida; de outro, a emergência das doenças não transmissíveis.

No Brasil, segundo o Ministério da saúde, as DNT foram responsáveis por 72,6% das mortes registradas em 2013. Somente as doenças cardiovasculares são responsáveis por 40,9% dessas mortes. Entre as causas de mortalidade por outras DNT, destacam-se cânceres (23,3%), doenças respiratórias crônicas (8,2%) e diabetes (7%).

DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Não é só no Brasil que o excesso de peso é um problema de saúde pública. A obesidade é considerada uma epidemia mundial. Desde 1980, o número de obesos no planeta dobrou. Em 2014, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), havia 1,9 bilhão de adultos com sobrepeso (39% da população mundial) e mais de 600 milhões de adultos obesos (13%).

A prevenção à obesidade é considerada um dos principais desafios das autoridades públicas mundiais, porque o  excesso de peso está diretamente relacionado à incidência das chamadas doenças não transmissíveis (DNT).

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As doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por cerca de 70% de todas as mortes no mundo

Trata-se de males como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC), doenças respiratórias e câncer.

As DNT matam 40 milhões de pessoas por ano, o que equivale a 70% de todas as mortes no mundo – isoladamente, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Essas doenças costumam ser de longa duração e podem ser adquiridas com o resultado de uma combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais.

Além do sedentarismo e da falta de uma dieta equilibrada, o consumo de tabaco e álcool também são causas diretas que podem levar a estágios mais  avançados de todas essas doenças. O tabaco é responsável por 7,2 milhões de mortes por ano em todo o mundo, incluindo os efeitos da exposição ao fumo passivo. O consumo excessivo do álcool também não pode ser ignorado. Mais da metade dos 3,3 milhões de mortes anuais atribuídas ao consumo de álcool decorrem das DNT, incluindo o câncer.

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RICOS E POBRES

As DNT são geralmente associadas aos países mais ricos. Isso porque são nações que oferecem maior fartura de alimentos industrializados e onde a tecnologia leva as pessoas a se movimentarem menos, potencializando a incidência de doenças cardíacas e respiratórias crônicas.

Nos países mais pobres prevalece a incidência de mortes por doenças transmissíveis. Também conhecidas como infecciosas, são aquelas provocadas pelos patógenos (vírus, bactérias, fungos), como a gripe, a pneumonia, a  cólera, a malária, a dengue e a aids. Trata-se de doenças associadas à precariedade das condições de saneamento, de qualidade da água e de disponibilidade de vacinas e remédios. Ou seja, são circunstâncias que intensificam as contaminações. Esse quadro é particularmente grave na África Subsaariana, a região mais pobre do planeta.

No entanto, quando analisamos os países em desenvolvimento, definidos como países de baixa renda e de renda média-baixa, nota-se que eles enfrentam uma dupla carga de doenças. Enquanto continuam a combater doenças infecciosas, como a aids, a tuberculose e a malária, são cada vez mais vítimas de uma onda crescente de DNT, como doenças cardiovasculares, doenças mentais e diabetes.

As DNT respondem por 37% das mortes nos países em desenvolvimento, enquanto que nas nações mais desenvolvidas essa taxa alcança 87%. No entanto, essa comparação se inverte quando abordamos os números brutos de mortes: quase três quartos das 28 milhões de mortes por DNT ocorrem nos países em desenvolvimento. Isso porque nas nações mais pobres os índices de mortalidade são maiores somando todas as causas.

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DNT NA ÁFRICA

O crescimento das DNT nos países em desenvolvimento é atribuído a um conjunto de alterações socioeconômicas  que essas nações enfrentaram nos  últimos anos. O aumento na expectativa de vida e a urbanização acelerada, que influenciou significativas mudanças no estilo de vida, são algumas delas. À medida que as pessoas trabalham em empregos cada vez mais sedentários e dependem mais do transporte motorizado para ir ao trabalho, tornam-se menos ativas fisicamente.  imitações de tempo também desempenham um papel importante na rotina de alimentação, como mostra o crescente consumo de fast food ou comida de rua, como lanches e salgados. Comer alimentos ricos em nutrientes é geralmente mais caro.

A África, por exemplo, era sempre associada a imagens de crianças subnutridas e de famílias inteiras com fome. Porém, agora enfrenta também o problema oposto: a obesidade que aumenta rapidamente em alguns países.  Nesta África do século XXI, subnutrição e obesidade coexistem. No caso da Nigéria, essa situação é mais evidente. Há um contraste enorme entre as áreas rurais, onde famílias inteiras dependem de um pequeno pedaço de terra para se alimentar, e as zonas urbanas, que cresceram rapidamente e desenvolveram um estilo de vida mais propenso ao desenvolvimento da obesidade.

A Nigéria recebeu diversas influências ocidentais na alimentação e no estilo de vida. A educação e o status social também aumentam as possibilidades de as mulheres e os homens terem um peso acima daquele que seria  saudável. E isso tem a ver com um elemento cultural presente no país: espera-se que as mulheres ricas e bem sucedidas sejam mais gordas. Isso se deve à tentativa de alcançar um estilo de vida supostamente ideal, como o que acontece em países desenvolvidos, como os EUA.

MORTES PREMATURAS

Outra diferença que separa os países ricos dos pobres quando se trata de doenças não transmissíveis diz respeito à faixa etária das vítimas. Se nas nações desenvolvidas essas doenças atingem pessoas em uma idade mais avançada, nos países em desenvolvimento as DNT afetam muitos jovens. Estima-se que, de todas as pessoas que morrem de DNT em países de renda média-baixa, metade tem menos de 70 anos e 25% tem menos de 60,4 anos.

O impacto dessas doenças prejudica os esforços para aliviar a pobreza nos países em desenvolvimento. Quando as pessoas adoecem e morrem no auge de suas vidas, a produtividade diminui. E o custo do tratamento de doenças pode ser devastador – tanto para o indivíduo quanto para o sistema de saúde do país. O maior desafio é que a maioria das mortes causadas por essas doenças são evitáveis: das 38 milhões de mortes em 2012 por causa das DNT, 42% poderiam ter sido evitadas.

Dessa forma, perpetua-se um ciclo perverso: a pobreza afeta o acesso da população a políticas de prevenção e a serviços de saúde; com a alta mortalidade de adultos em idade economicamente ativa, a produtividade diminui e afeta o desenvolvimento econômico do país.

RESUMO – DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

Doenças não transmissíveis (Dnt): Também conhecidas como doenças crônicas, essas doenças costumam ser de longa duração. Podem ser adquiridas por hábito e estilo de vida, herança genética ou pelo envelhecimento. Os principais tipos são as cardiovasculares, como ataques cardíacos e o acidente vascular cerebral (AVC), câncer, diabetes e doenças respiratórias. Por ano, matam 40 milhões de pessoas, o equivalente a 70% de todas as mortes em todo o mundo.

Causas das DNT: O consumo do tabaco, o uso nocivo do álcool, o sedentarismo e a falta de uma dieta equilibrada, com consumo excessivo de sal, açúcares e gordura, são causas diretas que podem levar a estágios mais avançados de todas as doenças não transmissíveis.

Obesidade: É determinada pelo excesso de gordura corporal, acima do recomendável para idade e altura. A organização Mundial da Saúde considera a obesidade uma epidemia mundial. Em 2014 eram 600 milhões de adultos obesos (13% da população). No Brasil, casos de obesidade saltaram de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016 – um aumento de 60%. O excesso de peso é um fator de risco para diversas doenças fatais, da diabetes a acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Países em Desenvolvimento: Os países de baixa renda e de renda média-baixa continuam a combater doenças infecciosas como a aids, a tuberculose e a malária, mas são cada vez mais vítimas de uma onda crescente de doenças não transmissíveis. O crescimento dessas doenças nos países em desenvolvimento é atribuído a fatores ambientais como a urbanização, a fatores demográficos como o aumento da expectativa de vida e a fatores sociais que afetam diretamente o estilo de vida.

DNT no Brasil: O país convive com casos de doenças infecciosas, mas as DNT são a principal causa de morte da população, respondendo por 75,8% dos óbitos registrados em 2015. Somente as doenças cardiovasculares são responsáveis por 40,9% dessas mortes.

Saúde: A ameaça da obesidade
Saúde: A ameaça da obesidade
Nos últimos dez anos, os casos de obesidade no Brasil aumentaram 60%. O excesso de peso é um dos principais fatores de risco para doenças não transmissíveis, como AVCs e diabetes  Mais do que uma preocupação estética, o excesso de peso é cada vez mais uma questão de saúde pública. O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para inúmeras […]

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