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Inflação: Preços cedem diante da recessão e dos juros

PARADA DURA – Mãe e filha encaram a compra de material escolar em Brasília, em janeiro de 2016, após uma inflação de quase 11% ()

Efeito da crise sobre o consumo faz a inflação desacelerar e gera deflação, revertendo um período de crescimento entre 2014 e 2015

A pós um período de crescimento contínuo entre 2014 e 2015, a inflação no Brasil vem perdendo força. Em 2016, o índice oficial de inflação ficou em 6,29%, o menor desde 2013. E essa tendência manteve-se no primeiro semestre de 2017. Em junho, inclusive, ocorreu um fenômeno atípico na economia brasileira: o país registrou deflação.

Se a inflação é a elevação geral nos preços de mercadorias e serviços, a deflação é o seu exato oposto, ou seja, a queda generalizada dos preços. A taxa de junho foi negativa, registrando -0,23% em relação ao índice de maio. A última vez que a inflação teve variação negativa foi em junho de 2006.

A deflação de junho foi causada principalmente pela queda nos preços de alimentos que tiveram safras recordes, como tomate, batata e frutas. Itens como habitação, eletricidade e transportes também contribuíram para aliviar o bolso dos consumidores.

Essa notícia positiva em relação à in fação, contudo, é consequência direta da atual crise econômica. A recessão e o desemprego provocaram uma significativa queda na renda da população, que passou a consumir menos. Isso alivia a pressão sobre o aumento dos preços, devido à diminuição da demanda. Outro fator para a desaceleração inflacionária são as altas taxas de juros na economia, como veremos adiante.

A INFLAÇÃO E A ECONOMIA

O principal indicador da inflação é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registra os gastos mensais das famílias e é apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografa e Estatística (IBGE). Na prática, o IPCA faz a média da variação de preços pagos por produtos e serviços em um período. Se a inflação acumulada de 2016 foi de 6,29%,  isso significa que um produto simbólico que custava 100 reais em janeiro passou a custar 106,29 reais em dezembro.

A inflação tem um efeito perverso na economia porque diminui o valor de compra do dinheiro, que estabelece a relação de valor entre todas as mercadorias. O aumento dos preços de forma elevada e contínua desorganiza a economia e prejudica principalmente os assalariados e as parcelas mais pobres da sociedade, por tornar os bens e necessidades de maior valor proporcionalmente mais distantes de ser consumidos conforme a inflação aumenta.

Já a deflação, apesar de parecer positiva, também pode ter um efeito nocivo se mantida por muito tempo. É que, com a queda nos preços, as pessoas podem parar de consumir e resolver poupar, acreditando que o valor dos produtos continuará caindo. Sem consumo, a economia para de crescer.

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CAUSAS DA INFLAÇÃO

Estruturalmente, podemos apontar três principais causas para o aumento geral dos preços:

Desequilíbrios entre oferta e demanda: Os preços tendem a subir quando a oferta de produtos e serviços é menor do que a demanda. Quando ocorre o contrário, a inflação tende a desacelerar e até cair. É o que vem acontecendo no primeiro semestre: a recessão e o desemprego diminuíram o poder de compra do brasileiro.

• Aumento da quantidade de dinheiro em circulação: Isso ocorre quando cresce a economia, a renda da população ou os investimentos do governo e das empresas. O aumento da chamada base monetária gera aumento de consumo e de preços. Ocorreu no Brasil desde meados dos anos 2000 até antes da atual crise.

• Defasagem cambial: Quando o real se desvaloriza, fica mais caro comprar produtos importados e também componentes importados necessários para fabricar produtos brasileiros, como máquinas, peças, insumos agrícolas, entre outros. O aumento de custos é repassado aos preços.

INFLAÇÃO E JUROS

O Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), tenta fazer com que a inflação não ultrapasse uma meta estabelecida a cada ano. A meta central tem sido de 4,5% ao ano, com limite de 6%, o chamado “teto da meta”. Em 2014, o indicador ficou no limite (6,49%), mas bateu em 10,67% em 2015.

Um dos principais instrumentos de combate à inflação utilizado pelo Banco Central tem sido o aumento da taxa básica de juros, chamada Selic. Os juros são o valor a mais que alguém que fez um empréstimo paga a quem emprestou – ou seja, podem ser entendidos como o custo do dinheiro. A elevação da taxa de juros inibe o consumo das empresas e das pessoas, porque fica mais caro contratar empréstimos. Essa retração na demanda costuma se refletir na inflação: com a redução nas vendas, os preços tendem a ficar estáveis ou a cair para atrair mais consumidores.

Entre 2014 e 2015, diante do aumento dos preços, o Banco Central promoveu seguidas elevações da Selic. Desde 2016, quando a inflação passou a ceder um pouco mais, a taxa básica de juros passou a cair. No entanto,  muitos analistas acreditam que essa queda na Selic tem sido tímida. Apesar de a taxa estar em seu menor patamar em três anos, o Brasil ainda possui uma das maiores taxas de juros reais do mundo (descontada a inflação).

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RESUMO 

DEFINIÇÃO E CENÁRIO: Inflação é a elevação dos preços de produtos e serviços,que resulta na diminuição do valor de compra do dinheiro. O principal indicador é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE. Quando a inflação está elevada, ela pode desregular toda a economia. O Copom determina uma meta de IPCA anual e um limite máximo de taxa. A meta em 2017 é de 4,5%, com limite máximo de 6%. Até junho a taxa de inflação acumulada era de 3% e a expectativa era de que se manteria nesse patamar ao longo do ano. 

CAUSAS: Entre as principais causas da inflação é possível destacar o aumento do volume de dinheiro em circulação com o crescimento da economia, o desequilíbrio entre oferta e demanda de produtos e serviços e as variações cambiais.

TAXA BÁSICA DE JUROS: É a taxa definida regularmente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que regula as finanças e a economia do país. Seu valor onera os financiamentos, os empréstimos e o crédito, e é uma das principais armas do governo para controlar a inflação. A partir de 2014, o Banco Central subiu continuamente a taxa e, após haver queda da inflação, passou a baixá-la em 2016.

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