Olimpíadas no Brasil Veja com gráficos e mapas o que os jogos olímpicos têm a ver com história, geopolítica, desenvolvimento socioeconômico e urbanização
Mais que um evento esportivo
Veja o que as Olimpíadas têm a ver com a geopolítica, o desenvolvimento social e econômico e a urbanização
Os Jogos Olímpicos que os aristocratas europeus criaram no final do século XIX era um festival atlético com repercussões modestas. Mas, perto da I Guerra Mundial, os Jogos já eram explorados em um âmbito que extrapolava a performance esportiva. Ver compatriotas desfilarem com sua bandeira pela primeira vez numa cerimônia olímpica tornou-se um momento de celebração histórica em mais de cem países que conquistaram a independência nesse tempo. O bom desempenho no ranking de medalhas passou a ser visto como uma demonstração de poder e orgulho nacional, refletindo, muitas vezes as conquistas sociais e econômicas do país. Ser anfitrião dos Jogos virou uma oportunidade para países promoverem reformas urbanísticas na cidade-sede e lustrarem a imagem internacional.
Acompanhe abaixo a evolução no número de participantes e como os comitês olímpicos e os Jogos se tornaram parte importante da geopolítica internacional.
O dinheiro dá as cartas no planeta olímpico
Como a força do capital e dos investimentos sociais afastam os países mais pobres das conquistas e limitam o pódio olímpico a uma pequena elite esportiva – e financeira.
O lema “O importante não é vencer, mas competir” surgiu nas Olimpíadas de Londres, em 1908, popularizado pelo barão de Coubertin. E para a maioria das nações, principalmente aquelas que não estão no grupo dos desenvolvidos, o papel nos Jogos fica restrito mesmo à competição.
ANAMORFOSE: O MAPA DISTORCIDO
Este mapa é diferente daqueles planisférios a que você está acostumado. Trata-se de uma anamorfose – uma representação cartográfica que distorce o tamanho e o traçado dos países para reforçar o efeito comparativo a respeito do tema apresentado. Neste caso, o mapa mostra como seria o mundo se a área dos países fosse proporcional ao número de medalhas ganhas na história dos Jogos.
Isso porque o pódio costuma ser uma área limitada a uma elite esportiva que, não por coincidência, também são os países mais ricos. Entre as cinco nações que mais ganharam medalhas na história, quatro estão no G-7 (grupo dos países mais ricos do mundo): Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha.
Os altos investimentos em educação, o incentivo à prática esportiva para as crianças e as boas condições de vida para a população acabam tendo reflexos diretos no quadro de medalhas. Na maioria das vezes, os países menos desenvolvidos acabam dependendo do talento e do esforço individual dos atletas ou de bons desempenhos pontuais em determinadas modalidades.
Portanto, é possível aprender muito sobre o cenário global analisando as Olimpíadas. Nos mapas e gráficos a seguir, você confere como o poder do dinheiro e dos investimentos sociais são determinantes para a performance olímpica.
O outro lado do legado olímpico
As obras de infraestrutura e a construção das arenas olímpicas no Rio provocam a remoção de milhares de pessoas para bairros distantes, longe dos locais de trabalho.
Para justificar os investimentos bilionários que um megaevento como a Olimpíada exige, os responsáveis pela realização dos Jogos costumam usar um termo à exaustão: o tal “legado olímpico”. De acordo com esse raciocínio, as obras para promover uma Olimpíada podem custar caro, mas deixam para a cidade-sede uma série de benesses em termos de infraestrutura que compensam qualquer impacto econômico, social e ambiental. Os Jogos de Barcelona, em 1992, são sempre lembrados como um exemplo de como a realização da Olimpíada trouxe melhorias urbanísticas para a cidade-sede.
Mas há um outro lado nessa história. Os Jogos de Seul, em 1988, por exemplo, são celebrados por transformar a capital sul-coreana em uma moderna metrópole, mas a organização demoliu o lar de 720 mil pessoas. Segundo a ONU, foi uma das mais violentas políticas de remoções já realizadas no mundo.
Mesmo assim, expulsões em massa tornaram-se rotina durante as obras que precedem os Jogos. Ainda que a maioria das remoções se dê em acordo com leis locais, elas são notórias por afetar principalmente pobres e minorias. Veja como o Rio está sendo impactado por essa política.
REMOÇÕES E REASSENTAMENTOS NO RIO
As obras de preparação do Rio para a Copa Fifa 2014 e os Jogos Olímpicos começaram quase ao mesmo tempo, em 2009. Veja como elas afetaram a população carioca: