Assine Guia do Estudante ENEM por 15,90/mês

Pensadores: Jurgen Habermas

Filósofo e sociólogo alemão é conhecido por sua “ética da discussão”, na qual o diálogo em si é mais importante do que o convencimento do interlocutor

()

Jürgen Habermas (1929-) é um dos mais renomados filósofos e sociólogos da contemporaneidade. Nascido em  Düsseldorf, na Alemanha, Habermas vivenciou a barbárie do regime nazista, fato que marcou sua trajetória e o influenciou na escolha da democracia como um dos temas centrais de sua obra.

Habermas trabalhou como assistente do filósofo Theodor Adorno, entre 1956 e 1959, na Universidade de Frankfurt, onde lecionou até a aposentadoria, em 1993. A convivência com Adorno o aproximou da Escola de Frankfurt, da qual foi membro da segunda geração.

Na obra Dialética do Esclarecimento, um dos principais estudos da Escola de Frankfurt, Adorno e Max Horkheimer têm uma visão crítica do Iluminismo: se antes a razão era entendida como meio de libertação, ela acabou convertendo- se em instrumento de dominação. O mundo teria passado a ser administrado em nome da técnica – é a razão instrumental dirigida aos fns. Fanática e violenta, a razão ocidental é baseada em princípios como o progresso, a eficiência e o sucesso. Ela não objetiva a felicidade, mas sim a precisão – para ela, só é racional aquilo que é útil.

A AÇÃO COMUNICATIVA

Habermas fcou conhecido por criticar e tentar superar o pessimismo dos frankfurtianos. Segundo ele, Adorno e Horkheimer confundiram um tipo de racionalização específica do capitalismo com a própria razão. A razão, para ele, não pode ser reduzida à sua perversidade utilitária, uma vez que ela possui também uma função comunicativa.

Para Habermas a linguagem é uma verdadeira forma de ação: o simples fato de falar implica, além de uma exigência de compreensão mútua, um ideal de exatidão e sinceridade. A interação pela linguagem exige que os indivíduos partrilhem um mundo objetivo, um mundo social e um mundo subjetivo.

Se existe uma racionalidade instrumental mediada pela economia e pelo poder, existe também um agir comunicativo, que busca o entendimento entre sujeitos tendo em vista uma ação comum e um consenso. No diálogo – quando ninguém é “trapaceiro, nem um psicótico, nem um bêbado” – só contam os valores como reconhecimento, respeito e sinceridade:

“A ação comunicativa ocorre sempre que as ações dos agentes envolvidos são coordenadas, não através de cálculos egocêntricos de sucesso, mas através de atos de alcançar o entendimento. Na ação comunicativa, os participantes não estão orientados primeiramente para o seu próprio sucesso individual, eles buscam seus objetivos individuais respeitando a condição de que podem harmonizar seus planos de ação sobre as bases de uma definição comum de situação”.

Habermas funda uma “ética da discussão”: em vez de um sujeito buscar influenciar os outros e criar leis universais, é preciso buscar uma discussão na qual as questões morais sejam objeto de debates. Uma norma ética, para ele, só é valida quando objeto de uma livre discussão. Só o agir comunicativo, que tende ao entendimento entre os atores, pode fundar uma sociedade. A esfera pública, que vem ganhando espaço desde o século XVIII (instituições democraticamente eleitas, tribunais independentes), é fundamental para a realização dessa ética da discussão. É absolutamente necessária uma sociedade onde não buscamos convencer uns aos outros, mas  estabelecer um diálogo.

AS REDES SOCIAIS

A obra de Habermas ganha ainda mais relevância nesta era em que as redes sociais criaram um novo paradigma para as comunicações. O Facebook, o Twitter e outras mídias fomentam o debate e a discussão horizontal e podem, à primeira vista, ser espaços onde a discussão e o diálogo habermasiano se realizam. Será que isso é verdade?

Frequentemente, as redes sociais criam mecanismos para que vejamos apenas aquilo que nos agrada e, com isso, fiquemos nela por mais tempo. Desse modo, a ideia de uma rede social livre seria uma grande ilusão – vive-se num espaço circunscrito e controlado, onde só se lê, ouve e vê aquilo que lhe agrada, no exato oposto da proposta de ação comunicativa. Assim, numa perspectiva habermasiana, lutar por espaços de discussão livres é lutar pela própria democracia.

Pensadores: Jurgen Habermas
Pensadores: Jurgen Habermas
Filósofo e sociólogo alemão é conhecido por sua “ética da discussão”, na qual o diálogo em si é mais importante do que o convencimento do interlocutor Jürgen Habermas (1929-) é um dos mais renomados filósofos e sociólogos da contemporaneidade. Nascido em  Düsseldorf, na Alemanha, Habermas vivenciou a barbárie do regime nazista, fato que marcou sua trajetória e o influenciou na escolha da democracia como um […]

Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

DIGITAL
DIGITAL

Acesso ilimitado a todo conteúdo exclusivo do site

A partir de R$ 9,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.