Acender uma lâmpada está mais caro O uso de termelétricas encarece a conta de luz
DA LAMA AO ESCURO Não bastasse a falta d’água em reservatórios da região Sudeste, Sistema Cantareira, a estiagem também reduz a geração de energia nas hidrelétricas. MARIO RODRIGUES
Acender uma lâmpada está mais caro
A grande estiagem que atinge a Região Sudeste força o uso de termelétricas para gerar energia – o que encarece as contas de luz
O consumidor está pagando bem mais pela energia elétrica. Desde março de 2015, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem autorizado uma série de reajustes nas contas. Os aumentos atingem todas as categorias de consumidores – de grandes compradores, como as indústrias, que utilizam energia de alta tensão, até residências, que recebem a eletricidade por redes de baixa tensão. Numa primeira etapa, para as residências, a conta aumentou mais de 30%, em média, em todo o país. Depois, vieram novos acertos diferenciados, conforme a região, a distribuidora e o tipo de consumo. Em junho, para o estado de São Paulo, o acréscimo foi de cerca de 12% para as indústrias e de 17% para as residências. Os reajustes encarecem o custo de vida da população: com a produção mais cara, os preços dos produtos também sobem no mercado. Assim, os consumidores finais, as famílias, pagam mais não apenas na conta, mas também no preço de qualquer mercadoria.
As autoridades explicam que os reajustes se devem, principalmente, ao encarecimento da geração de energia. A seca que assola a região Sudeste deixa os reservatórios das principais hidrelétricas em nível muito baixo. Para evitar o racionamento, o governo tem recorrido às termelétricas, cuja operação é bem mais cara. Mas entra na conta, também, o ajuste fiscal promovido pelo governo Dilma Roussef. Para reequilibrar as contas públicas, o governo federal começou a transferir ao consumidor todos os custos com programas e ações do setor elétrico.
No Brasil, mais de 40% da geração de energia elétrica vem das hidrelétricas, que transformam a energia hidráulica (de movimento das águas) em eletricidade (veja infográfico na página 100). Trata-se de uma energia renovável (as águas de um rio não se esgotam quando atravessam as turbinas de uma usina) e limpa (a operação de uma usina não gera gases do efeito estufa). Já as termelétricas constituem uma fonte suja e não renovável. Funcionam pela queima de combustíveis fósseis, como gás natural, carvão mineral ou diesel, mais caros e poluentes.
Por trás de uma simples lâmpada que o cidadão acende em casa existe uma série de conceitos de eletricidade, como tensão, corrente elétrica e resistência.