Atmosfera: Energias renováveis
Alternativas limpas
Investimentos em fontes de energia renováveis são essenciais para reduzir as emissões de gases do efeito estufa
Os cientistas do Painel Intergovernamental sobre a Mudança no Clima (IPCC) são enfáticos em apontar o que é preciso ser feito para evitar os efeitos dramáticos das mudanças climáticas: suspender o uso sem restrições de combustíveis fósseis. Desde a Revolução Industrial, há mais de 200 anos, nossas atividades econômicas são baseadas na queima de fontes não renováveis e altamente poluentes como petróleo, gás e carvão. A energia que consumimos para gerar eletricidade e aquecimento, para nos locomovermos em viagens de carro, avião ou navios e para mover a atividade manufatureira contribui com cerca de metade das emissões dos gases de efeito estufa.
Na prática, para alterar essa matriz de energia e reduzir a dependência econômica de combustíveis fósseis, seria preciso ampliar o uso de energias renováveis. Trata-se de um procedimento que já está em andamento ao redor do mundo, ainda que num ritmo abaixo do desejável. A China, o maior emissor de gases do efeito estufa do planeta, é o país que mais vem investindo em energia renovável há alguns anos. Os Estados Unidos e a Europa também avançam em projetos para baratear o custo dessas fontes de energia. O Brasil, que é o nono maior investidor em energias renováveis do mundo, tem cerca de 40% de sua matriz energética proveniente de recursos renováveis (veja o gráfico acima) e caminha para ter 93% de sua energia elétrica com origem em fontes que não se esgotarão até 2050, de acordo com um estudo da ONG Greenpeace.
Vale ressaltar que algumas das fontes de energia alternativas ainda têm um custo ambiental alto. As usinas hidrelétricas, por exemplo, costumam afetar a biodiversidade, como no caso da Usina de Belo Monte, no Pará, que vem causando polêmica por reduzir a vazão do Rio Xingu, o que comprometeria o ecossistema da região Amazônica. Já a energia nuclear pode causar sérios danos ambientais com o lixo radioativo. Confira alguns exemplos de fontes de energia renováveis e limpas.
O QUE ISSO TEM A VER COM HISTÓRIA
A Revolução Industrial é o processo de transformação da economia agrária, baseada no trabalho manual, em outra, dominada pela indústria mecanizada, que se caracteriza pelo uso de novas fontes de energia e de máquinas, pela especialização do trabalho e pela aplicação da ciência na indústria. Ela teve início por volta de 1760, na Inglaterra.
MATRIZ DE ENERGIA
Combinação das fontes de energia disponíveis numa economia ou país e dos usos de energia. A economia moderna consome energia em duas principais formas: a energia combustível, que alimenta principalmente equipamentos mecânicos, como motores, e a energia elétrica, que alimenta essencialmente equipamentos eletrônicos.
Energia eólica
A energia é produzida quando a força do vento gira as hélices das turbinas eólicas, que convertem a energia mecânica em elétrica. O Brasil tem grande potencial nessa área por possuir condições naturais favoráveis. Os estados da Bahia, do Ceará, do Rio Grande do Norte e do Rio Grande do Sul respondem por 60% de toda a energia eólica gerada no país. Só no Nordeste, a fonte eólica atende atualmente a 30% das necessidades energéticas da região.
Energia solar
A principal forma de captar a energia proveniente do Sol é por meio de painéis fotovoltaicos, que possuem células solares capazes de transformar a radiação solar em eletricidade. Quanto maior a intensidade de luz, maior o fluxo de energia elétrica. O Brasil também é privilegiado em radiação solar, especialmente na região Nordeste. O elevado preço dessa tecnologia, porém, ainda inviabiliza investimentos mais pesados nesse tipo de energia no país.
Biomassa
A matéria orgânica também vem sendo utilizada para gerar energia. Seu aproveitamento pode ser feito pela combustão direta, por processos termoquímicos ou biológicos. No Brasil, óleos vegetais e bagaço de cana, entre outros materiais, dão origem à energia elétrica. A biomassa também pode se transformar em biocombustíveis – o álcool etílico já é amplamente usado nos veículos brasileiros.
Energia geotérmica
O calor interno do globo, principalmente em áreas geologicamente ativas, pode produzir energia em usinas termelétricas a partir dos gêiseres (fontes de vapor no interior da Terra), presentes em países como EUA, México e Japão.
CICLO DO CARBONO
Apesar de ser o responsável direto pelo efeito estufa e, consequentemente, pelo aquecimento global, o carbono é um elemento químico essencial para a vida humana. Ele faz parte de um ciclo natural: transita entre a atmosfera, a biosfera e a hidrosfera, garantindo o equilíbrio do meio ambiente. Para se desenvolverem, as plantas transformam o dióxido de carbono presente na atmosfera em carboidratos, que formam folhas e troncos. Nesse processo, conhecido como fotossíntese, os vegetais liberam oxigênio. Os oceanos também absorvem o carbono da atmosfera – em contato com a água do mar, o dióxido de carbono se transforma em ácido carbônico, dissolvendo-se nas profundezas dos oceanos.
Mas, além de absorver carbono, esse ciclo natural libera o elemento na atmosfera, num processo que pode se dar de diversas formas: pela erupção de vulcões, pela decomposição de organismos, pela respiração, ou mesmo pela flatulência de animais. Infelizmente, nosso padrão de desenvolvimento, baseado na queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, vem rompendo esse equilíbrio natural. Em suma, estamos emitindo mais carbono do que a natureza é capaz de absorver, desestabilizando o ciclo.
O QUE ISSO TEM A VER COM BIOLOGIA
A fotossíntese é um processo metabólico, pelo qual os vegetais transformam gás carbônico (CO2) e água em açúcares e oxigênio. A energia necessária para que a fotossíntese ocorra vem do Sol e é captada pelo pigmento clorofila. A fotossíntese pode ser resumida na seguinte equação:
6 CO2 + 12 H2O + luz = C6H12O6 + 6 O2 + 6H2O
O C6H12O6 é a glicose, um carboidrato (açúcar).