Balança comercial: Queda de importações sustenta superávit

Brasil exportou mais do que importou em 2016, mas o saldo positivo no comércio tem relação direta com a retração da atividade econômica
A balança comercial brasileira registrou superávit em 2016 – ou seja, teve um saldo positivo. As exportações superaram as importações em 47,69 bilhões de dólares, o maior resultado desde o início da série histórica, iniciada em 1980. Com esse resultado, o comércio exterior brasileiro conseguiu trazer mais dólares para a economia brasileira.
No entanto, o superávit comercial deve ser relativizado diante da atual conjuntura. A crise de 2016 provocou uma retração generalizada na atividade econômica. Ou seja, a produção e a geração de riquezas caíram, em um cenário que se reflete diretamente com o ritmo de compras e vendas externas.
Exemplo disso é que em 2016 tanto as exportações como as importações caíram em relação ao ano anterior. As vendas ao exterior tiveram uma retração de 3,5%, caindo de 191,1 bilhões para 185,2 bilhões de dólares entre 2015 e 2016. O saldo na balança comercial só se consumou porque as importações no período caíram ainda mais: de 171,4 bilhões para 137,5 bilhões de dólares, um tombo de 20,1%.

EXPORTADOR DE COMMODITIES
Tradicionalmente, o Brasil é um grande exportador de produtos básicos, ou commodities. Trata-se de itens com valor agregado reduzido, ou seja, seu preço no mercado internacional é considerado baixo. Hoje, os básicos, com destaque para minério de ferro, soja, petróleo bruto e açúcar, são os produtos de maior peso nas exportações brasileiras – eles responderam por 43,8% do total das nossas vendas externas em 2016.
Esse perfil das exportações brasileiras está relacionado com o crescimento das grandes economias emergentes, como a China, cuja demanda por matérias-primas impulsionou o preço das commodities. Hoje, a desaceleração chinesa, somada à queda das importações pelas economias desenvolvidas, provocou a diminuição do valor dos produtos básicos que exportamos. Essa conjuntura vem derrubando as vendas de produtos básicos pelo Brasil, que registraram uma queda de 9,6% em 2016.
Mas, por muitos anos, foram os manufaturados que dominaram. São aqueles itens que envolvem maior tecnologia na produção e que chegam prontos para o consumidor final. Em 2009, mais da metade das vendas externas era de produtos com alto valor agregado; hoje, representam cerca de 40%. A queda dos manufaturados começou em 2010, como reflexo imediato da crise econômica mundial, que praticamente paralisou a economia dos países que importam produtos brasileiros. Em 2016, a exportação de manufaturados cresceu um pouco, 1,2% em relação a 2015, resultado puxado principalmente pelas vendas de plataformas de extração de petróleo e automóveis.
PARCEIROS COMERCIAIS
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. O gigante asiático é nosso maior comprador de minério de ferro, soja, petróleo e celulose. Em troca, compramos deles produtos manufaturados, como máquinas elétricas e componentes eletrônicos. Em 2016, o saldo comercial entre os dois países ainda foi positivo para o Brasil, em 11,7 bilhões de dólares – um salto acima de 100% em relação a 2015. No entanto, esse bom desempenho do comércio brasileiro é consequência, mais uma vez, da redução de nossas importações de produtos chineses – queda de 23%, em 2016.
Outro importante país para o comércio exterior brasileiro são os Estados Unidos (EUA). O saldo comercial com os norte-americanos foi deficitário (negativo) em 2016, em 646 milhões de dólares. No entanto, a parceria é estratégica, porque os EUA são nossos principais importadores de itens manufaturados de alto valor agregado, como aeronaves.
A Argentina, nosso principal parceiro do Mercosul, o bloco econômico que reúne ainda Uruguai, Paraguai e Venezuela, também é um importante importador de produtos industrializados do Brasil, especialmente de automóveis.
VARIAÇÃO CAMBIAL
A cotação do dólar também pesa nos resultados da balança comercial. Em 2015, o dólar sofreu uma valorização histórica diante do real: saltou do patamar dos 2,70 reais para mais de 4 reais. Desde meados de 2016, contudo, o dólar está um pouco mais estável, oscilando entre 3,20 e 3,50 reais.
O dólar em patamares mais elevados beneficia os exportadores brasileiros, porque eles vendem seus produtos em dólar e passam a ganhar mais na conversão para reais. Por outro lado, inibe as importações, já que os produtos chegam mais caros ao país. Além disso, o dólar com preço elevado encarece alguns insumos que têm matérias-primas importadas. Por isso, do ponto de vista econômico, é importante que o câmbio permaneça em um equilíbrio que torne as exportações competitivas, sem restringir as importações.

RESUMO
BALANÇA COMERCIAL: É o conjunto de exportações e importações feito pelo país. A diferença entre os dois valores é o saldo da balança comercial. Quando o país exporta mais do que importa, tem-se um superávit. Quando o resultado é inverso, há déficit na balança.
TENDÊNCIA ATUAL: O Brasil registrou superávit comercial recorde em 2016, apresentando um saldo positivo de 47,69 bilhões de dólares. No entanto, o resultado deve ser relativizado, por ter sido obtido em um contexto de retração econômica, com queda das exportações e das importações. Como as importações caíram mais que as exportações, o saldo foi positivo.
COMMODITIES: As exportações brasileiras têm se apoiado na venda de commodities. Itens básicos como soja e minério de ferro responderam por 43,8% das nossas exportações em 2016. Parceiros comerciais A China é o principal parceiro comercial do Brasil, com quem mantemos uma relação superavitária. Os chineses são os nossos maiores compradores de minério de ferro, soja, petróleo e celulose. Outro importante país para o comércio exterior brasileiro são os Estados Unidos (EUA). No Mercosul, nosso principal parceiro é a Argentina.