Astronomia: Pesquisadores descobrem novo sistema solar
Sete exoplanetas parecidos com a Terra foram encontrados. Três deles podem ter água e, eventualmente, alguma forma de vida
Uma equipe de cientistas americanos e europeus anunciou em fevereiro de 2017 a descoberta de um sistema solar com sete planetas. Segundo os astrônomos, três dos exoplanetas (nome dado aos planetas que estão fora de nosso sistema solar) têm possibilidade de conter água em estado líquido, condição considerada essencial para desenvolver alguma forma de vida.
Localizado na Constelação de Aquário, a apenas 40 anos-luz de distância, o novo sistema orbita em torno da estrela-anã superfria Trappist-1, que tem tamanho e brilho menores do que o Sol. Os novos exoplanetas descobertos foram batizados de Trappist-1b, c, d, e, f, g e h, e para encontrá-los os astrônomos passaram a monitorar a estrela através de telescópios no solo e em órbita. Na Terra, foram utilizados o Grande Telescópio do Observatório Europeu do Sul, no Chile, e outros telescópios instalados na África do Sul, Marrocos, Estados Unidos e ilha de La Palma, nas Canárias. No espaço, por sua vez, foi utilizado o telescópio Spitzer, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).
Os cientistas observaram as oscilações no brilho da estrela Trappist-1. A cada vez que um dos planetas passa diante dela, na área de foco dos telescópios, gera uma sombra, o que permitiu aos astrônomos desvendar tamanho, massa e temperatura de cada um deles. Os primeiros indícios mostraram que esses exoplanetas parecem ser rochosos e têm períodos de translação bem menores que os do nosso Sistema Solar. Enquanto Trappist-1b, o mais próximo da estrela-anã, completa a volta em menos de dois dias terrestres, nosso equivalente Mercúrio leva aproximadamente 88 dias.
ZONA HABITÁVEL
De acordo com o estudo, os sete planetas estão muito próximos à sua estrela. Mas o fato de a Trappist-1 ter dimensões reduzidas faz com que a quantidade de energia enviada a seus planetas seja parecida com as recebidas em nosso sistema solar. Três dos planetas identificados (e, f e g) recebem energia equivalente aos nossos Vênus, Terra e Marte, estão na chamada zona habitável. Essa zona é a região do espaço na órbita de uma estrela na qual o nível de radiação emitida permite a um planeta, com atmosfera e pressão adequadas, manter água em estado líquido. Trappist-1e, f e g estão nessa região e têm características que podem abrigar até mesmo oceanos.
BUSCA PELA VIDA
A busca permanente por água fora da Terra para saber se há vida em outros planetas evidencia o desejo humano de responder à pergunta nunca respondida: estamos sozinhos no Universo? Para confirmar se pode haver vida nesses planetas, será necessário investigar sua atmosfera e tipos de gases existentes.
Além do novo sistema solar, outros descobrimentos importantes provocaram empolgação na comunidade científica. Em 2014, astrônomos que trabalhavam com o telescópio espacial Kepler, lançado em 2009 pela Nasa com a missão de buscar planetas potencialmente habitáveis, encontraram o exoplaneta Kepler-186f a quase 500 anos-luz de distância. Considerado um primo do nosso mundo, ele orbita a estrela Kepler-186 e foi o primeiro encontrado, com tamanho semelhante ao da Terra e em uma zona habitável.
Já no fim de 2015, foi confirmada a existência de água em Marte, associada a muito sal. A evidência surgiu no exame de fotos feitas pelo satélite norte-americano Mars Reconnaissance Orbiter que mostram ranhuras em alguns locais na superfície do planeta formadas por pequenas correntes dessa água salobra durante o verão e ausentes no inverno. A Nasa prepara o envio de uma missão tripulada a Marte inicialmente prevista para a década de 2030.
A agência norte-americana também divulgou em junho de 2017 o catálogo final de descobertas feitas pelo telescópio espacial Kepler, com o que observou em 150 mil estrelas durante mais de quatro anos. Ao todo, o satélite identificou 4.034 possíveis exoplanetas. Desse total, 2.335 são exoplanetas confirmados, dos quais 30 de pequeno porte, como a Terra, orbitando em zona habitável. O telescópio Kepler foi reprogramado para iniciar uma nova missão de observação.
PROGRAMAS ESPACIAIS
Outro aspecto importante das pesquisas e dos programas espaciais é que eles dão aos países autonomia na construção e no lançamento de foguetes, mísseis e satélites. O domínimo dessa tecnologia é fundamental em áreas como telecomunicações, segurança militar, monitoramento ambiental e do clima. O Brasil mantém um programa de construção e lançamento de foguetes e satélites em parceria com a China, chamado Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, em inglês).
RESUMO – ASTRONOMIA
NOVO SISTEMA SOLAR: Sete exoplanetas (planetas que orbitam outra estrela que não o Sol) foram encontrados a apenas 40 anos-luz de distância da Terra, e três deles podem ter água em estado líquido. A descoberta, divulgada em fevereiro de 2017, foi feita por astrônomos internacionais. Os exoplanetas orbitam a estrela-anã superfria Trappist-1, situada na Constelação de Aquário.
ZONA HABITÁVEL: É a faixa na qual a energia liberada por uma estrela permite a um planeta, com atmosfera e pressão adequadas, manter água em estado líquido, fator considerado fundamental para existir vida. Vênus, Terra e Marte fazem parte dessa região em nosso sistema. No novo sistema anunciado, os planetas Trappist-1e, f e g estão na zona habitável.
PROCURA PERMANENTE: Cientistas buscam água fora da Terra para saber se estamos sozinhos no Universo e se há, ou houve, vida em outros planetas.
PESQUISAS ESPACIAIS: São consideradas estratégicas pelos governos, para o desenvolvimento de tecnologias essenciais, como a construção de satélites de comunicação, monitoramento e defesa militar. A Nasa tem planos de envio de missão tripulada a Marte na década de 2030.