Litosfera: Contaminação dos solos
Terra maculada
A degradação dos solos, provocada principalmente pela exploração dos recursos naturais e pelo tratamento inadequado do lixo, é um dos principais problemas ambientais da atualidade.
Durante vários anos, o homem pouco se importou com as consequências que suas atividades poderiam ter para o solo. Do estilo de vida consumista, que gera uma colossal quantidade de resíduos a ser descartada, passando pelo uso indiscriminado de produtos tóxicos na indústria até o manejo inadequado das culturas agrícolas, nossa sociedade vai gradativamente contaminando os solos. Como consequência, muitas áreas estão se tornando impróprias para a produção de alimentos ou para a presença humana.
As principais formas de poluição do solo estão associadas a atividades econômicas como a agricultura, o extrativismo mineral e a produção industrial, ou à falta de investimentos no tratamento adequado ao lixo. Veja cada um desses casos:
Lixo
A deposição inadequada do lixo, principalmente em aterros sem nenhum controle ambiental (os chamados lixões), está entre as principais causas da contaminação dos solos nas cidades. Além de produzir o gás natural metano (CH4), um dos agravadores do efeito estufa, a decomposição da matéria orgânica por microrganismos gera o caldo chorume, altamente poluente para o solo e para os lençóis freáticos.
O destino mais adequado para o lixo urbano são os aterros sanitários. Trata-se de áreas nas quais os resíduos são compactados e cobertos por terra. Terrenos assim têm sistema de drenagem que captam líquidos e gases resultantes da decomposição dos resíduos orgânicos, evitando maiores danos aos solo. Outra opção são os incineradores públicos, principalmente para o lixo hospitalar, odontológico e ambulatorial.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 50% dos municípios destinavam os resíduos sólidos em lixões. Apenas 28% das cidades fazia o descarte em aterros sanitários. Em 2010, o governo federal instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que determinava uma série de regras para o manejo sustentável do lixo. Entre outras medidas, a PNRS estabeleceu que agosto de 2014 seria o prazo final para as prefeituras erradicarem os lixões e passarem a depositar o lixo em aterros sanitários. No entanto, mais de 60% dos municípios não conseguiram cumprir a determinação. Um projeto de lei tramita no Congresso para estender até 2021 o prazo para a erradicação dos lixões.
Resíduos industriais
As fábricas nas áreas urbanas também depositam grandes quantidades de resíduos industriais, como produtos químicos e metal pesado, em áreas próximas de onde estão instaladas. Com o tempo, esses elementos infiltram-se no solo, que fica contaminado e improdutivo, podendo provocar doenças nos habitantes que vivem próximos à indústria.
Agrotóxicos
O uso de agrotóxicos para fertilizar o solo, eliminar ervas daninhas e destruir pragas pode aumentar a produtividade agrícola em grande escala, mas produz um nefasto efeito colateral: a contaminação do solo. Com o tempo, esses resíduos químicos vão se acumulando e ajudam a degradar ainda mais as áreas agrícolas, tornando-as impróprias para o cultivo. Ou seja, apesar dos ganhos produtivos no curto prazo, a aplicação intensiva de agrotóxicos é uma prática insustentável para a agricultura. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um quarto dos solos do planeta está degradado, afetando diretamente a produção mundial de alimentos.
Mercúrio nos garimpos
A exploração de minérios, como ouro e diamantes nos garimpos da Região Norte do Brasil, utiliza mercúrio no processo de separação das pedras preciosas dos demais sedimentos. Por ser um mineral pesado altamente tóxico, o mercúrio depositado no solo e nas águas provoca graves prejuízos à fauna e à saúde humana.
O princípio dos 3 Rs: reduzir, reutilizar e reciclar
A melhor solução para o lixo é reaproveitá-lo para fazer novos bens, reduzindo a sobrecarga dos depósitos. O reaproveitamento do lixo envolve o princípio dos “3 Rs”:
- Reduzir a produção de resíduos, com a adoção de novos hábitos de compra.
- Reutilizar potes, vasilhames, caixas e outros objetos de uso cotidiano e o material neles contido.
- Reciclar o lixo descartado após o consumo, transformando-o em matéria- prima industrial para nova fabricação.
Para que seja reciclado, o lixo deve ser descartado de forma seletiva e entregue em postos distribuídos pelas prefeituras (quando existem) ou por empresas em locais predefinidos, doados a entidades que recebem material desse tipo ou na forma estabelecida pelos programas porta a porta. Apesar das iniciativas nesse sentido, apenas 3% do lixo é reciclado no Brasil, segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).
Veja abaixo um quadro com os principais produtos recicláveis:
Colheita maldita
Entenda como a erosão e a salinização prejudicam os solos e provocam enormes perdas para as culturas agrícolas
A erosão das camadas superficiais do solo pelo escoamento das águas das chuvas, também conhecida como erosão laminar, é uma das maiores preocupações ambientais da agricultura atualmente. Esse processo provoca a perda gradativa de nutrientes do solo. Em algumas culturas, como o feijão e a mandioca, essa perda pode chegar a 40 toneladas por hectare em um ano. Para ter uma dimensão melhor do problema, em uma área com floresta nativa, essa perda é de apenas 0,004 tonelada por hectare no mesmo período.
A melhor forma para evitar a ação da erosão é a adoção de técnicas de conservação do solo. O plantio direto é uma técnica que não revolve as camadas superficiais do solo, mantendo sobre ela a matéria orgânica (plantas, folhas e palhas de colheitas anteriores), o que contribui para conter a erosão. Já as curvas de nível é uma técnica de plantio adequada às variações das altitudes e à inclinação do relevo, evitando o escoamento direto das águas das chuvas que caem na lavoura. A ausência dessas técnicas pode dar origem a ravinas (sulcos formados no solo devido à ação erosiva da água) e voçorocas (aberturas ainda maiores que as ravinas e que, se atingirem o lençol freático, podem ser irreversíveis e impedem o aproveitamento agrícola da área atingida).
Outro grave problema da degradação dos solos envolve a grande concentração de sais nos seus horizontes superficiais, o que dificulta o desenvolvimento das plantas e, consequentemente, a produção de alimentos. A salinização dos solos pode se dar por meio de processos naturais ou provocados e acelerados pelas atividades humanas. A irrigação é a principal prática agrícola responsável por induzir ou acelerar esse processo.
No mundo, as principais áreas atingidas pela salinização encontram-se na África e na Ásia. Um dos casos mais conhecidos é o da região do Mar de Aral, na fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, na Ásia Central. Desde o período da União Soviética, extinta em 1990, vinham sendo implantados nessa região projetos de irrigação, em especial para a produção de algodão.
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