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Destrinchando: Comércio mundial e o Brasil

A integração do comércio mundial

Com o apoio dos blocos econômicos, as exportações são importantes fontes de receitas para os países

Por Marcelo Soares e Mario Kanno/MultiSP

Em 2014, os países somados exportaram quase 19 trilhões de dólares. Boa parte desse comércio é impulsionada pelos blocos econômicos, ou clubes de países que compartilham regras para facilitar transações multilaterais. Essas regras podem incluir desde a ausência de taxas alfandegárias e exigência de passaporte dentro do bloco, como ocorre no Mercosul, até a união das políticas econômicas dos países-membros, como ocorre na União Europeia (UE).

Mas participar de blocos econômicos pode criar desvantagens para negociar com outros países. A facilitação das importações, por exemplo, pode prejudicar setores vitais da indústria ou da agricultura local ao abrir o mercado à concorrência externa. Como se viu nos últimos anos no caso da UE, a unificação das políticas econômicas também faz com que turbulências em alguns países do bloco afetem todos. Conheça a seguir as características de alguns dos principais blocos econômicos do mundo.

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Mercosul: hermanos, apesar das crises

O Mercado Comum do Sul completa 25 anos, promovendo maior integração entre os paísesmembros, mas o comércio pode evoluir mais

Há 25 anos, o leite e o vinho argentinos ficaram comuns nos supermercados brasileiros. Sem carimbo no passaporte para visitar o Brasil, as placas pretas dos carros argentinos invadiam as praias catarinenses. Parte desses carros vinha do Brasil, sob um acordo que estimulou a instalação de montadoras nos dois países. Eram os efeitos mais visíveis da criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), inaugurado em 26 de março de 1991.

O Mercosul é filho da necessidade com a política de boa vizinhança. Em 1985, recém-saídos de ditaduras militares e com o nome sujo no FMI, Brasil e Argentina assinaram um acordo para aumentar o comércio bilateral. Isso evoluiu para a criação de uma zona de livre-comércio englobando Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O bloco cortou restrições à circulação de mercadorias, serviços e pessoas, além de unificar as condições comerciais com outros países.

Vaivéns da política e da economia sempre afetam o bloco. Em 2001, a crise pegou a Argentina em cheio. Depois, a proximidade entre os governos Lula e Kirchner impulsionou o Mercosul. Aí, a crise global de 2008-2010 diminuiu as transações. Em 2012, com o Paraguai suspenso, a Venezuela entrou no bloco para comprar mais barato de países para onde vende petróleo. Em 2015, a Bolívia iniciou processo para se juntar ao grupo.

Até hoje, porém, o comércio dentro do Mercosul não chega a 14% do que importam e exportam seus países. Dois terços desse volume ainda se concentram entre Brasil e Argentina.

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O Brasil e a dependência das commodities

Os produtos primários representam 68% das exportações brasileiras, sobretudo devido ao apetite chinês por minério de ferro e soja

A alquimia do comércio exterior transforma minério de ferro em automóveis, café em medicamentos e derivados do plástico em smartphones. Na última década, o Brasil aumentou sua dependência das commodities em sua pauta de exportação e passou a comprar cada vez mais itens tecnológicos. Atualmente, os produtos de baixo valor agregado e com preços instáveis, determinados pelos mercados internacionais, representam 68% do cardápio de vendas do Brasil.

Boa parte das vendas de produtos minerais, como o minério de ferro, vai para a China. Em 1997, os chineses compravam menos do que o Paraguai. Hoje, o país mais populoso do mundo virou o maior parceiro comercial do Brasil, levando 18% de tudo o que o Brasil exporta, especialmente commodities. Por sua vez, nós compramos dos chineses produtos de média e alta tecnologia – muitos deles fabricados com o minério de ferro que vendemos à China.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o Brasil vendeu para mais de 200 parceiros em 2015, da Argentina ao Zimbábue. Ao final daquele ano, porém, as exportações do país haviam regredido a um nível inferior ao de 2008, antes da crise mundial. A retração das vendas externas também tem influência da desaceleração da economia chinesa, a partir de 2013. O peso ganho no comércio brasileiro pelo parceiro oriental faminto por commodities, aliado à desvalorização do real e a outras instabilidades internas, agravou a situação da economia nacional.

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A integração do comércio mundial Com o apoio dos blocos econômicos, as exportações são importantes fontes de receitas para os países Por Marcelo Soares e Mario Kanno/MultiSP Em 2014, os países somados exportaram quase 19 trilhões de dólares. Boa parte desse comércio é impulsionada pelos blocos econômicos, ou clubes de países que compartilham regras para […]

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