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Ecologia: Conceitos principais

Ecologia: Conceitos principais

Tudo azul Um bando de araraúnas se banqueteia com castanhas. A população brasileira dessa espécie de ave tem como habitat a Floresta Amazônica e o cerrado

 

Antes de mais nada, uma distinção importante: ecologia não é o mesmo que ambientalismo. Ambienta-lismo são movimentos sociais que têm como objetivo defender o meio ambiente, mais ou menos baseados nos conhecimentos da ecologia. E ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e sua interação com o meio ambiente.

Para compreender as relações entre seres vi-vos, é preciso conhecer os conceitos básicos da ecologia, que têm a ver com a hierarquia em que a vida se organiza no planeta, desde a unidade básica, a célula, até a totalidade de áreas habitadas por qualquer tipo de ser vivo. O campo de ação da ecologia está no nível das populações, comunidades, ecos-sistemas e biomas.

POPULAÇÃO E COMUNIDADE

O primeiro dos conceitos de ecologia é população: o conjunto de indivíduos de uma espécie, do planeta, de determinada região ou área. Como não é possível contar um a um os indivíduos de qualquer espécie, o estudo de populações é feito por estatística. Com base na quantidade de determinado animal ou planta que vive em certa área, os ecologistas estimam quantos mais devem existir numa região maior, que oferece condições ambientais propícias ao desenvolvimento da espécie. Populações são dinâmicas: podem aumentar ou diminuir por migrações, perda ou ampliação do habitat, ou mudanças ambientais, causadas ou não pelo ser humano.

Ecologia: Conceitos principaisComunidade ou biocenose é o conjunto das populações que vivem numa mesma região. Também pode se referir a um segmento específico de seres vivos, pode-se falar na “comunidade dos peixes” de um lago ou “comunidade de microrganismos” no intestino humano. Dentro de uma comunidade, ocorrem relações entre espécies, que podem ser harmônicas ou desarmônicas.

 

ECOSSISTEMA E HABITAT

Ecossistema é o conjunto formado pela comunidade e por partes não biológicas (biótopo) de uma região – o cenário, digamos, como rios, lagos, pedras, terra, vulcões e o clima. A comunidade de um ecossistema aumenta, diminui e evolui em reação a pressões sobre o ambiente. Por exemplo, os animais do ecossistema campos alagados, do Pantanal, apresentam adaptações ao ambiente distintas daqueles que habitam os ecossistemas de terras mais altas, que jamais inundam. Qualquer alteração numa das populações que constituem a comunidade pode levar ao desequilíbrio no ecossistema.

Hábitat é a região onde vive a população de uma espécie. Certas espécies podem ter seu habitat restrito a um ecossistema, como o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), que reside apenas no ecossistema zonas costeiras da Mata Atlântica. Outras têm habitat em vários ecossistemas e até biomas. As onças-pintadas (Panthera onca) distribuem-se pelos biomas Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Pantanal.

BIOMA E BIOSFERA

Bioma é uma região que apresenta certa homogeneidade nas condições climáticas. Os biomas costumam ser  definidos com base na vegetação. É que as condições climáticas, principalmente a disponibilidade de água, definem a fora de uma região. Assim, regiões do globo na mesma latitude e condições climáticas semelhantes costumam apresentar biomas também semelhantes. É o que acontece com a Mata Atlântica, no Brasil, e as florestas tropicais do Sudeste Asiático. Todas pertencem à categoria floresta tropical ou subtropical úmida, caracterizada por árvores altas e próximas, solo coberto de detritos e chuvas constantes.

Mas, ainda que a fora seja semelhante, a fauna desses biomas no Brasil e no Sudeste Asiático podem – e costumam – abrigar animais de espécies muito diferentes. Portanto, biomas de uma mesma categoria podem apresentar ecossistemas diversos (lembre-se de que a defnição de ecossistema inclui as comunidades de animais que vivem na região, não apenas a vegetação). Um mesmo bioma pode, também, conter vários ecossistemas. A Mata Atlântica, por exemplo, além da foresta tropical, apresenta áreas de manguezais, na zona costeira, e de mata de araucária, no sul de São Paulo e no norte do Paraná. O conjunto de todos os biomas do mundo constitui a biosfera.

A biosfera é dividida em três biociclos, regiões de forma de vida muito distinta. O epinociclo refere-se a todos os biomas terrestres; o talassociclo, aos biomas das águas marinhas; e o limnociclo, aos de água doce.

Ecologia: Conceitos principais

NICHO ECOLÓGICO

Dentro de um ecossistema, existem oportunidades diferentes para organismos com variados modos de vida. Numa floresta, alguns se alimentam de folhas mortas, outros de frutos do alto das árvores. Há, ainda, predadores de formigas, pequenos mamíferos e grandes mamíferos. O modo como cada população usa os recursos do ecossistema e o papel que ela desempenha no ecossistema constituem o nicho ecológico. Quando há mais de uma espécie ocupando o mesmo nicho ecológico, diz-se que elas estão em competição.

As relações entre os seres vivos e o ambiente definem o equilíbrio do ecossistema. O tamanho de cada uma das populações que fazem parte da comunidade é proporcional à oferta de alimento, água e energia. Esse é um equilíbrio muito delicado. Basta uma ligeira alteração na temperatura ou na umidade para que algumas plantas foresçam mais tarde, ameaçando a sobrevivência de insetos que dependam delas. Se a população de tamanduás for dizimada, pode ocorrer uma explosão populacional de formigas, que pode levar a uma grande redução de algumas plantas – o que afetaria a população de insetos polinizadores e, em consequência, ao desaparecimento de outras plantas que precisam ser polinizadas.

Ecologia: Conceitos principais

CADEIA E TEIA ALIMENTAR

Toda forma de vida precisa de energia, e a maior fonte de energia para o planeta é o Sol. É de nossa estrela que ela vem e é transmitida, em série, na forma de alimento, a todos os seres vivos. Nos ecossistemas terrestres, a energia solar é aproveitada, primeiro, pelas plantas, que realizam fotossíntese. Nos ambientes marinhos, pelos fitoplânctons e pelas algas pluricelulares das regiões costeiras. Nos sistemas de água doce são as plantas aquáticas as primeiras a consumir a energia solar. A energia dessas plantas, fitoplânctons e algas é consumida pelos animais herbívoros, que, por sua vez, serão comidos pelos predadores.

Esse caminho percorrido pela energia é a cadeia alimentar, e cada degrau da cadeia é chamado de nível trófco. Cada ecossistema tem a própria cadeia alimentar, dependendo do tipo de organismos que nele habitam. Mas todas as cadeias começam com as plantas e terminam em superpredadores – aqueles seres que não são comidos por nenhum outro animal, como onças-pintadas, harpias, corujas, jacarés, tigres, leões e, é claro, o ser humano.

Dependendo do nível trófico em que um organismo se encontra, ele é classificado como:

• Produtor: seres autótrofos, ou seja, organismos que realizam fotossíntese, como plantas, algas e fitoplânctons.
• Consumidor primário: animal que se alimenta dos produtores, ou seja, herbívoro.
• Consumidor secundário: carnívoro que se alimenta do consumidor primário, ou seja, do herbívoro.

A cadeia alimentar é uma visão simplificada de uma sequência possível num ambiente, mas ela não descreve tudo. Animais consomem e são consumidos por várias espécies, e nem toda relação de consumo é por predadores, há também o papel dos consumidores de matéria morta. São os decompositores – bactérias e fungos, que têm importante papel ao reciclar a matéria orgânica, devolvendo ao solo ou à água os nutrientes minerais que serão absorvidos e reutilizados por plantas e algas. Para darem conta de toda essa complexidade, os ecologistas costumam trabalhar com o conceito de teias alimentares.

FLUXO DE ENERGIA

A cadeia alimentar indica o sentido em que a energia é transmitida entre os seres vivos. Mas nem toda energia captada do Sol chega ao fim da cadeia. Quanto mais alto o nível trófico, menor é a quantidade total de energia recebida. As plantas não captam toda a energia do Sol que chega à Terra. Os herbívoros não absorvem toda energia contida nas plantas. Os carnívoros, por sua vez, também não consomem toda a energia contida num herbívoro – eles não mastigam os ossos, por exemplo. Além disso, cada nível trófico gasta alguma energia com o próprio metabolismo. Assim, ocorre sempre uma perda significativa de energia. Por isso, as cadeias alimentares de qualquer ecossistema raramente chegam a mais do que quatro ou cinco níveis tróficos. Raramente sobra energia para um sexto predador.

A energia que é perdida na passagem de um nível trófico para outro jamais retorna à cadeia alimentar. Por isso, pirâmide de energia tem sempre a base maior que as demais faixas. Existem outras maneiras de representar a relação entre os níveis tróficos de um ecossistema. A pirâmide de biomassa, que representa a quantidade de biomassa de cada nível trófico, e a pirâmide de números, que indica a proporção entre o número de indivíduos de cada nível. Essas duas últimas pirâmides podem assumir diferentes formatos (veja o quadro Pirâmides ecológicas).

SUCESSÃO ECOLÓGICA

É a ordem em que uma região é ocupada por comunidades. No primeiro estágio, ecese ou ecesis, aparecem seres minúsculos, que detêm água e produzem matéria orgânica, como gramas baixas e líquens. Estes pioneiros transformam a areia ou argila em solo (terra fertilizada por húmus, matéria orgânica em decomposição, fundamental para vegetais mais complexos). O solo cria as condições para a segunda fase do processo, chamada seres, de instalação de gramíneas mais altas e arbustos. Nas comunidades das fases de ecese e seres, os organismos fotossintetizantes predominam sobre os que apenas respiram. Assim, a atmosfera recebe oxigênio. Por fm, a sucessão atinge o clímax. Neste estágio final, a comunidade é estável e a região apresenta grande diversidade biológica e teias alimentares complexas entre animais e vegetais. Nesta fase, a fotossíntese é equivalente à respiração – ou seja, o oxigênio da fotossíntese é totalmente consumido pelos organismos que respiram. O processo todo pode ocorrer em poucos anos ou em milênios.

A sucessão é primária quando a povoação se dá numa região onde ainda não existiam seres vivos. Ou secundária, quando a colonização se dá num local onde já havia solo, como uma foresta que se recupera de uma queimada.

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(Clique na imagem para ampliar).

 

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