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IDH: Qualidade de vida estacionada

IDH: Qualidade de vida estacionada
SEM QUALIDADE – Criança brinca na periferia do Recife (PE): queda na renda e aumento da pobreza impactou o IDH do Brasil ()

Apesar dos avanços em saúde e educação, a renda do Brasil cai e impede o país de avançar no ranking do IDH: o país permaneceu estagnado na 79ª posição 

O último relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) em 2016, com base nos dados de 2015, revelou dados preocupantes sobre a qualidade de vida no Brasil. O documento mostra que o desempenho brasileiro permaneceu estagnado com relação ao balanço anterior, referente a 2014.

O indicador brasileiro do IDH manteve os mesmos 0,754 do levantamento passado, o que deixou o país estacionado na 79a posição do ranking geral, que abrange 188 países. É a primeira vez em cinco anos que o Brasil não avança no relatório do IDH. De 2010 a 2014, o indicador do Brasil subiu todos os anos de forma contínua, passando de 0,724 até chegar a 0,754.

O IDH mede o desenvolvimento humano por meio de três componentes: educação, longevidade e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais perto do 1, maior é o bem-estar e a qualidade de vida do país (veja como o IDH é calculado no boxe acima). Com 0,754, o Brasil se encontra na categoria de nações com Alto Desenvolvimento Humano – é o segundo maior nível do ranking, composto também de níveis como muito alto, médio e baixo. Na faixa em que se encontra o Brasil estão países como Uruguai, México, Bolívia, Venezuela, Irã e China.

COMO É CALCULADO O IDH

A apuração do Índice de desenvolvimento Humano (IDH) considera três indicadores: educação, saúde e renda. Conheça o modo como são medidos esses parâmetros:

• Saúde: É medida pela expectativa de vida: quanto mais saudável uma população, maior sua longevidade.

• Renda: É medida pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita (a soma do PIB do país mais a renda recebida do exterior dividida pela população total).

• Educação: É medida pela média de anos de estudo da população acima de 25 anos e pela expectativa de  escolaridade para crianças no início da vida escolar. O IDH é calculado pela média geométrica de todas essas medidas.

O IDH é apresentado como uma régua, de 0 a 1. Quanto mais perto de 1, maior a qualidade de vida. O Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud) divulga anualmente o IDH, num ranking de países divididos em quatro faixas, conforme o grau de desenvolvimento humano: muito alto (igual ou acima de 0,800), alto (de 0,700 a 0,799), médio (de 0,555 a 0,699) e baixo desenvolvimento (abaixo de 0,555).

OS REFLEXOS DA CRISE

O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) foi produzido com dados de 2015, ano em que o Brasil mergulhou em uma profunda recessão, levando o Produto Interno Bruto (PIB) a cair 3,8%. A questão é saber até que ponto o cenário econômico brasileiro foi capaz  de afetar a qualidade de vida da população e impactar negativamente o IDH.

Apesar de não avançar no indicador geral, os dados de saúde e educação brasileiros apresentaram resultados positivos. A expectativa de vida ao nascer passou de 74,5 anos, em 2014, para 74,7 anos, em 2015. Já a média de anos de estudo subiu de 7,7 para 7,8 anos. No caso da expectativa de anos de estudo, a nota também permaneceu estagnada em 15,2 anos.

De acordo com o relatório, os indicadores de saúde e educação não foram afetados pela crise econômica porque são componentes cujas mudanças ocorrem em médio e longo prazos – investimentos (ou a falta deles) nesses setores só se refletem no IDH com o passar de alguns anos. Apenas uma recessão profunda ou longa afetaria os indicadores. Os dados de escolaridade, por exemplo, podem ser afetados se os jovens deixarem de estudar para trabalhar mais cedo. Uma crise econômica prolongada também pode ter impacto nos serviços de saúde, o que afetaria diretamente a expectativa de vida.

Mas, se os indicadores que medem os avanços sociais evoluíram, o que impediu o IDH brasileiro de avançar em 2015? A má notícia para o Brasil no IDH veio do índice que mede a renda. O país registrou uma queda na Renda Nacional Bruta (RNB) per capita. O valor caiu de 14.858 dólares, em 2014, para 14.145 dólares, em 2015. Foi o segundo ano consecutivo de queda na renda, uma vez que o indicador já havia caído em 2014, ano de início da recessão. Portanto, já é possível afirmar que a crise econômica foi o suficiente para afetar o IDH e paralisar a nota do Brasil.

A estagnação do IDH brasileiro pode sinalizar um retrocesso em relação aos importantes avanços sociais obtidos nas últimas décadas. O país vem crescendo de maneira consistente: em média, 0,85 por ano entre 1990 e 2015. Da  década de 1990 para hoje, o Brasil ganhou 9,4 anos de expectativa de vida e quatro anos na expectativa de anos de estudo. A renda dos brasileiros também saltou de 10.746 dólares para 14.145 dólares no período.

O relatório do IDH, inclusive, menciona o Brasil como exemplo de ações positivas. As referências mais importantes foram com relação aos projetos de prevenção da epidemia de zika, aos programas sociais do Bolsa Família e do Fome Zero – que reduziu em mais de 9 milhões o número de pessoas que passavam fome – e a Lei de Cotas Raciais, que aumentou em 20% a entrada de negros em universidades nos últimos anos. Por tudo isso, segundo o Pnud, o resultado mais recente do IDH representa um sinal de alerta para o Brasil.

IDH: Qualidade de vida estacionada
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O FATOR DESIGUALDADE

Se o desempenho brasileiro no ranking do IDH deixou a desejar, a situação piora ainda mais quando analisamos o IDH-D (IDH Ajustado à Desigualdade), também medido pelo Pnud. Esse indicador foi criado para mostrar mais  claramente a desigualdade na distribuição do desenvolvimento. Ou seja, é um medidor da diferença entre ricos e pobres, uma vez que o ranking do IDH apenas mede a “quantidade” do desenvolvimento, deixando de lado a efetiva repartição desse aspecto entre a sociedade de cada país.

Neste indicador, a queda do Brasil foi bem expressiva no último ano: 19 posições. Agora, o país está entre as dez nações mais desiguais do mundo. Somente o Irã e a Botsuana tiveram quedas mais agudas, caindo 40 e 23 colocações, respectivamente. Caso o fator desigualdade entrasse no cálculo de IDH, a nota do Brasil passaria de 0,754 para 0,561, uma perda de 25,6%. E o país ainda cairia da categoria de Alto Desenvolvimento Humano para Médio.

O Brasil caiu 19 posições no IDH-D e agora figura entre os dez países mais desiguais do mundo

AMÉRICA LATINA E BRICS

Um exercício interessante para entender o IDH brasileiro é comparar o seu índice com outras nações com quem compartilha similaridades geográficas e econômicas. Separando apenas os países latino-americanos, o Brasil fica na 13ª colocação, com um indicador maior do que o índice geral da América Latina, que é de 0,751. Mas o desempenho do Brasil o coloca atrás de nações como Chile e Argentina (que estão na categoria de Muito Alto Desenvolvimento), além de Uruguai, Panamá, Cuba e até da Venezuela, que enfrenta uma severa crise política e econômica. Quem lidera o ranking latino é o Chile, na 38a colocação mundial.

Já na comparação do Brasil com os Brics, grupo que compõe as principais economias emergentes do mundo e que agregam nações com características econômicas semelhantes, o IDH brasileiro possui a segunda melhor colocação. O Brasil está à frente de China, Índia e África do Sul e atrás apenas da Rússia, que caiu uma posição (do 48o para o 49o lugar). Na comparação com a Rússia, o Brasil sai perdendo nos indicadores de educação e renda. Entretanto, os  brasileiros têm mais de quatro anos a mais de expectativa de vida (74,7 anos ante 70,3 dos russos).

Entre os cinco países que compõem o Brics, três permaneceram estagnados (Brasil, África do Sul e Índia), um caiu (Rússia) e apenas um subiu (China). Essa situação indica uma tendência na desaceleração da economia dos países emergentes, após o vertiginoso crescimento verificado na década passada.

O IDH NO MUNDO

Entre os 188 países avaliados pelo relatório, a Noruega continua a encabeçar o topo do ranking, com o IDH em 0,949. Essa nota é bastante elevada devido aos excelentes indicadores do país, que apresenta uma expectativa de vida de 81,7 anos, renda de 67.614 dólares e, em média, 12,7 de anos de estudo. Logo atrás da Noruega aparece a Austrália, seguida pela Suíça, Alemanha e Dinamarca.

De modo geral, o IDH vem evoluindo em diversas partes do mundo. Em 2015, 159 nações melhoraram o IDH, 13 pioraram e 16 mantiveram o mesmo indicador, como o Brasil. Entre 1990 e 2015, o desenvolvimento de todas as regiões do planeta melhoraram substancialmente suas condições de vida. Um ponto importante destacado pelo RDH é que, embora a população mundial tenha saltado de 5,3 bilhões de pessoas, em 1990, para 7,3 bilhões,  em 2015, o número de indivíduos em situação de extrema pobreza caiu em mais de 1 bilhão. Mas é preciso atenção ao problema da fome, que ainda afeta uma em cada dez pessoas no planeta.

Entre os pontos negativos do relatório, o caso da Síria ganha destaque. No último ano, o país despencou da 145ª para a 149ª colocação no ranking. O resultado levou o país a ser o único a cair de categoria – passou de Médio Desenvolvimento para Baixo Desenvolvimento. Essa queda é impulsionada pela guerra civil que já matou  mais de 450 mil pessoas e levou milhões a abandonar o território sírio.

Além da Síria, o Iêmen foi outro país que caiu consideravelmente. A nação foi a que mais despencou no levantamento. Foram nove posições perdidas, com o IDH caindo de 0,499 para 0,482. O resultado negativo também se deve à guerra civil que o país enfrenta.

A África Subsaariana domina as cinco últimas posições do ranking do IDH: Burundi, Burkina Faso, Chade, Níger e República Centro-Africana (do maior para o menor). Na lanterna, a República Centro-Africana, apresenta o menor índice da tabela (0,352). A nação atravessa atualmente uma grave crise humanitária devido a conflitos de intolerância e extremismo religioso. O local é de maioria cristã, mas comporta uma minoria islâmica. Grupos radicais de ambas as religiões entram em combate constantemente, matando milhares de pessoas.

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RESUMO – IDH

IDH: Para medir o padrão da qualidade de vida das diferentes populações do globo, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) criou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A apuração desse índice considera três indicadores: educação, saúde e renda.

RANKINGS: No ranking mundial, cada país recebe uma pontuação de IDH, que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, melhor a qualidade de vida do país. O ranking separa os países em quatro categorias: muito alto  desenvolvimento, alto desenvolvimento, médio desenvolvimento e baixo desenvolvimento humano.

BRASIL: Em 2015, o IDH brasileiro permaneceu estagnado em 0,754 – com isso, o país manteve a mesma colocação do ano anterior (79o lugar), na categoria de Alto Desenvolvimento. O desempenho do Brasil melhorou nos indicadores de expectativa de vida (de 74,5 para 74,7 anos) e anos de estudo (de 7,7 para 7,8 anos). A expectativa de anos de estudo também permaneceu parada, em 15,2 anos. O que impactou negativamente o IDH foi a queda da renda (de 14.858 para 14.145 dólares).

IDH E DESIGUALDADE: Segundo o Pnud, o IDH é apenas uma média que não ilustra claramente a desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano. Por isso, foi elaborado outro índice: o IDH-D (IDH Ajustado à  Desigualdade). A distribuição desigual do desenvolvimento humano é medida em cada uma das três dimensões do IDH e então descontada do valor original do indicador. No caso brasileiro, descontada a desigualdade, o IDH teria uma perda de 25,6% e ficaria em 0,561. Neste ranking, o Brasil caiu 19 posições.

CENÁRIO MUNDIAL: A Noruega permanece no topo do ranking mundial, com o IDH em 0,949. A África Subsaariana continua apresentando os países com os piores desempenhos. Quem aparece na última colocação é a República Centro-Africana, com o IDH em 0,352. No último ano, as nações que mais perderam posições foram Síria e Iêmen, afetadas por guerras.

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Apesar dos avanços em saúde e educação, a renda do Brasil cai e impede o país de avançar no ranking do IDH: o país permaneceu estagnado na 79ª posição  O último relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) em 2016, com base nos dados de 2015, revelou dados preocupantes sobre a qualidade […]

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