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O que dizem as imagens

O que dizem as imagensEESP FGV 2015

O que dizem as imagens

HOMENS-PLACA: TRABALHO DIGNO OU DESVALORIZAÇÃO DO SER HUMANO?

A proposta da prova de redação da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas abriu com esta imagem impactante, com trecho da reportagem que a incluiu, do jornal O Estado de S. Paulo. Trouxe ainda outros três textos de apoio, contra e a favor desse tipo de trabalho. A frase “Seu novo lar” foi incluída pelos formuladores da prova, de forma a apagar o nome da empresa imobiliária, mas manter o espírito publicitário da venda de apartamentos.

Não seria difícil ao candidato encontrar, na imagem, elementos para defender a tese de que esse tipo de atividade é uma condição indigna de trabalho e é desvalorização do ser humano. Sem ter onde sentar-se, o homem-placa, também chamado de homem-seta, descansa sobre a lixeira, como se esperasse ser recolhido pelo caminhão de lixo. A frase “Seu novo lar” convida o leitor a pensar na desigualdade social no país, a distância entre o público-alvo comprador e o humilde personagem que representa a empresa vendedora. Ele não tem sequer onde sentar, teria uma casa sua para morar? Caberia na argumentação tanto a abordagem das condições indignas desse trabalho como o questionamento das empresas que recorrem a esse tipo de publicidade e exploração do trabalho humano.

O texto da reportagem complementava a imagem, destacando o quanto trabalhar na rua em pé é insalubre: é proibido sair do local, sentar-se, não há banheiro e, às vezes, nem sequer onde beber água.

O candidato paulistano, especificamente, poderia pontuar sua dissertação com a informação de que a proliferação de homens-placa e mulheres-placa se acentuou após a proibição de outdoors e placas em calçadas, na cidade, pela prefeitura, há alguns anos, indicando a responsabilidade do poder público tanto em encontrar alternativas às incorporadoras imobiliárias quanto em proibir abusos por parte delas.

UNESP 2016

O que dizem as imagens

1. Menina vietnamita atingida por napalm foge de aldeia bombardeada.  (Nick Ut. Vietnã, 1972)

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2. Menina sudanesa em região assolada pela fome é observada por abutre.  (Kevin Carter. Sudão, 1993)

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3. Menino sírio é encontrado morto em praia após naufrágio de barco com  refugiados. (Nilufer Demir. Turquia, 2015)

PUBLICAÇÃO DE IMAGENS TRÁGICAS: BANALIZAÇÃO DO SOFRIMENTO OU FORMA DE SENSIBILIZAÇÃO?

A prova de redação do vestibular 2016 da Universidade Estadual Paulista (Unesp), uma das maiores universidades do país, colocou um tema exatamente centrado em linguagem não verbal, atual e histórico, para análise sob perspectiva moral. O enunciado já colocava ao candidato duas possibilidades de abordagem. Essas pareciam opostas, mas o candidato poderia conciliá-las.

A escolha dessas três imagens pelos organizadores da prova diz muito a respeito do tema proposto, justamente por estarem entre as mais conhecidas da história do jornalismo e por trazerem vários significados. O candidato que se demorou na observação atenta dessas imagens e suas legendas, e recordou os fatos referidos por elas, descobriu muito do que utilizar em sua argumentação.

• Elas se referem a fatos históricos: a Guerra do Vietnã (20 anos, entre 1955-1975), a tragédia da guerra civil agravando a pobreza e a seca severa no Sudão (a foto foi feita durante missão humanitária das Nações Unidas), e a morte de refugiados da guerra civil na Síria, iniciada em 2011. Elas denunciam o horror histórico das guerras e a necessidade de busca de soluções políticas.

• Elas registram tragédias em diferentes regiões do mundo (sudeste asiático, leste da África e Oriente Médio), exemplificam sua abrangência mundial e sua publicação corresponde, de certa forma, a essa abrangência global.

• Elas estão separadas por períodos de tempo quase iguais, de duas décadas, confirmando a permanência dos dramas humanos, e a necessidade de sua divulgação como forma de serem denunciadas. Essas cenas se repetem, por isso continuam a ser publicadas nas mídias.

• Elas mostram problemas que poderiam ser resolvidos politicamente, como a pobreza e a fome no terceiro mundo, o drama de refugiados e vítimas da violência das guerras, afetando diretamente as crianças.

• Apesar de chocantes, essas fotos estão se revelando importantes registros históricos, que contribuem para conscientizar diferentes gerações para que se tente evitá-los, sensibilizam no sentido da solidariedade humana imediata e futura.

Mais delicada, a abordagem de que a distribuição “massiva” dessas imagens banaliza os dramas humanos em vez de sensibilizar quanto a eles não encontra respaldo nas imagens escolhidas, mas encontrou para ela redações-campeãs, como o leitor verá no Caderno de Redações.

 

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EESP FGV 2015 HOMENS-PLACA: TRABALHO DIGNO OU DESVALORIZAÇÃO DO SER HUMANO? A proposta da prova de redação da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas abriu com esta imagem impactante, com trecho da reportagem que a incluiu, do jornal O Estado de S. Paulo. Trouxe ainda outros três textos de apoio, contra e a favor […]

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