Cartografia: Mapas em mutação: As frágeis fronteiras do Oriente Médio
CONFLITO MAPEADO
O general William Myville Jr., diretor de operações do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, mostra mapa com os bombardeios norte-americanos às bases do grupo Estado Islâmico, em setembro de 2014.
Mapas em mutação
O avanço do grupo extremista Estado Islâmico, a guerra na Síria e o fortalecimento da população curda podem reconfigurar as fronteiras do Oriente Médio.
O avanço implacável do grupo extremista Estado Islâmico (EI) intensificou os conflitos na já turbulenta região do Oriente Médio. Dotada de uma forte capacidade militar e operacional, a organização aproveitou-se dos conflitos sectários no Iraque e da guerra civil na Síria para conquistar vastos territórios nesses dois países. Em 2014, o EI desafiou a ordem mundial e anunciou a criação de um califado nas áreas ocupadas, ainda que esse suposto império islâmico não tenha legitimidade nem mesmo dentro do mundo árabe-muçulmano.
A tentativa de reconfigurar as frágeis fronteiras do Oriente Médio não é inédita na região. Com o desmembramento do Império Otomano, em 1920, o mapa do Oriente Médio foi redesenhado pelas mãos do Reino Unido e da França, por meio do Acordo Sykes-Picot. Para manter seus interesses estratégicos na região, as duas potências imperialistas vencedoras da I Guerra Mundial (1914-1918) estabeleceram suas áreas de dominação direta. Essas novas fronteiras artificiais redefiniram a ordem política do Oriente Médio. Civilizações milenares, que tinham fortes laços culturais em comum, foram separadas. Da mesma forma, populações com profundas divisões étnicas e religiosas foram agrupadas. Tudo para atender aos interesses estratégicos na região, as duas potências imperialistas vencedoras da I Guerra Mundial (1914-1918) estabeleceram suas áreas de dominação direta. Essas novas fronteiras artificiais redefiniram a ordem política do Oriente Médio. Civilizações milenares, que tinham fortes laços culturais em comum, foram separadas. Da mesma forma, populações com profundas divisões étnicas e religiosas foram agrupadas. Tudo para atender aos interesses econômicos das grandes potências ocidentais.
A atual instabilidade no Oriente Médio representa a mais intensa ameaça a suas frágeis fronteiras dos últimos anos. Além da ocupação de grande parte de seu território pelo EI, a Síria corre o risco de se desmembrar em virtude da brutal guerra civil, na qual diversas forças controlam uma determinada parte do país. Os curdos, por exemplo, são uma etnia que reivindica um Estado próprio e conquistaram autonomia em grandes áreas no norte do Iraque e da Síria. Somada a esse cenário caótico, ainda há a histórica reivindicação da Palestina pela criação de um Estado próprio nos territórios ocupados por Israel. Essa situação evidencia a instabilidade das fronteiras políticas mundiais e como os mapas estão sempre sujeitos a mutações que refletem a criação de novos países. A última vez que o mapa-múndi sofreu uma alteração foi em 2011, com a criação do Sudão do Sul.
Neste capítulo, você fica sabendo mais sobre as diferentes formas de apresentar os mapas, sua utilidade e como fazer a leitura adequada das representações cartográficas.