Matrizes: Sai a TV analógica, entra a digital
A partir de 2018, para assistir à televisão o brasileiro terá de adquirir um aparelho novo, ou adaptar o antigo. Em troca, receberá imagem e sons de melhor qualidade
O governo federal promete que até o final de 2018 serão cancelados os sinais analógicos das transmissões de TV. A partir de então, todo o território nacional receberá apenas sinais digitais. A mudança exige investimento tanto das emissoras quanto dos telespectadores. As primeiras precisam adquirir equipamentos para a emissão; os segundos, aparelhos de TV que captam os sinais digitais, ou conversores de sinal. A vantagem para a população é o acesso a imagem e som de melhor qualidade. A troca de um sistema por outro vai permitir, ainda, liberar a faixa de frequência de 700 MHz, hoje ocupada pelos sinais analógicos da TV, para outros usos – a telefonia 4G –, melhorando a qualidade do sistema de comunicação do país, como um todo.
A diferença entre analógico e digital está na forma como os sinais eletromagnéticos são emitidos e recebidos. O analógico é transmitido de modo contínuo. Esses sinais poderiam ser representados como ondas, como as sonoras, ou as de um gráfico das funções seno ou cosseno. Se a amplitude varia, digamos, entre 0 e 10, as ondas passam por todos os valores intermediários (0,001, … 0,24, … 9,877…). Como o número de valores entre qualquer número inteiro é infinito, os sinais analógicos variam muito ao longo do tempo. E, por isso, estão sujeitos a oscilações e interferências – o que, num aparelho de TV, aparece como chuviscos, faixas e chiados.
Já os sinais digitais são transmitidos de maneira descontínua, como um bip-bip, no qual cada bip assume um valor discreto. Por exemplo, entre 0 e 10, um sinal digital só pode ter valor 0, 1, 2, 3, … ou 10. Se fossem representados em um gráfico, esses sinais apareceriam como barras. Com essa limitação nos valores possíveis, os sinais digitais são menos vulneráveis a interferências – daí a maior nitidez de imagem e qualidade do som.
Na tela de uma TV, os sinais digitais podem ser representados como uma matriz de cores, semelhante às matrizes matemáticas. Nessa matriz, cada ponto tem um valor, que depende de sua posição – ou seja, em que linha e em que coluna ele se encontra. As cores e as tonalidades das imagens são criadas assim, ponto a ponto.