A população brasileira está envelhecendo. Mas a proporção entre as pessoas em idade de trabalhar e as que delas dependem ainda é favorável

MÃO DE OBRA RENOVADA. Para contribuir para o crescimento econômico, os jovens precisam de políticas públicas que lhes deem educação e garantam a saúde, além de uma boa oferta de vagas de trabalho.

O Brasil está vivendo o que os especialistas chamam de bônus demográfico – um período em que o número de jovens e adultos em idade de trabalhar (a chamada população em idade ativa, PIA) cresce em relação ao número de crianças e idosos que dependem dos que trabalham. O grande contingente de potenciais trabalhadores abre ao país uma boa oportunidade de crescimento. Mas o bônus é transitório. A proporção entre os dependentes e a PIA – a chamada razão de dependência – começará a aumentar a partir dos anos 2020 – ou seja, daqui a apenas cinco anos. Para aproveitar o que os demógrafos chamam de janela de oportunidade, é preciso dar a crianças e jovens condições de participar da vida econômica do país. E isso depende de políticas públicas de educação, saúde e geração de emprego.

A corrida contra o tempo se deve ao envelhecimento da população – ou seja, o aumento da proporção de idosos sobre a população total do país. Isso acontece porque, de um lado, nascem cada vez menos crianças e, de outro lado, os idosos vivem cada vez mais. As mulheres têm, em média, cada vez menos filhos. Em 1960, as brasileiras tinham, em média, mais de seis filhos ao longo da vida reprodutiva. Hoje, esse número é de menos de dois filhos. Isso reduz o número de dependentes crianças. Mas, no extremo oposto da pirâmide etária, cresce o número de dependentes com idade acima de 60 anos. Os idosos vivem cada vez mais, graças à melhora nas condições sanitárias e nutricionais (que ajudam a prevenir doenças), aos avanços da medicina e da ciência farmacêutica, entre outros fatores. Um brasileiro nascido em 2014 tem expectativa de viver quase 75 anos. Nos anos 1960, essa expectativa não passava dos 48. Em 2013, os idosos representavam pouco mais de 7% da população brasileira. Em 2060, eles representarão mais de 25%. Com isso, mais pessoas dependerão de menos trabalhadores – a razão de dependência aumentará muito.

Países nessa situação devem se preparar para desafios. Por exemplo: como garantir as pensões de aposentados com menos trabalhadores contribuindo para a previdência social? No Brasil, a razão de dependência cai entre 1970 e 2020 segundo uma função de primeiro grau, cujo gráfico é uma reta (veja o gráfico na pag. 63). Este é um dos temas deste capítulo.