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Antiguidade: Primeiras civilizações (Pré-História, Mesopotâmia e Egito)

Surge a vida em comunidade

Em cerca de 5 milhões de anos, o homem moderno dominou a natureza e inventou a civilização

Antiguidade: Primeiras civilizações (Pré-História, Mesopotâmia e Egito)
VIDA APÓS A MORTE – Ilustração de 1.300 a.C. mostra ritual funerário no Egito antigo: processo de mumifcação permitiu avanços na área da medicina

 

O período conhecido como Pré- História teve início cerca de 5,5 milhões de anos atrás, com o surgimento dos primeiros hominídeos (família de primatas ancestrais do homem) e se estendeu até aproximadamente o ano de 4000 a.C., quando a escrita foi inventada e começaram a aparecer as primeiras civilizações. Esses milhões de anos foram marcados pela evolução das espécies humanas, que culminou com o surgimento do homem moderno, chamado de Homo sapiens, entre 200 mil e 100 mil anos atrás.

Nesse início da Pré-História, que compreende o chamado Período Paleolítico (também conhecido como Idade da Pedra Lascada), os humanos viviam em grupos nômades, isto é, não estavam fixos à terra. Eram essencialmente caçadores e coletores. Entre suas características culturais, podemos destacar a fabricação de objetos de pedra, a utilização do fogo e o desenvolvimento da linguagem oral, além de datarem dessa época as primeiras pinturas rupestres.

Revolução Agrícola e Urbana

A situação dos grupos humanos foi radicalmente alterada por volta do ano de 10000 a.C., com o fim da última glaciação. As mudanças climáticas e físicas do planeta proporcionaram o surgimento de vales férteis e de imensos rios em regiões anteriormente áridas. Com isso, os homens se fixaram à terra, iniciando as primeiras práticas agrícolas e a domesticação de animais por volta de 8000 a.C.

Essas mudanças, conhecidas como Revolução Agrícola ou Neolítica, marcam o início do Período Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida. Essa época é caracterizada pela transformação dos grupos humanos de coletores em produtores e pela sedentarização desses grupos, o que permitiu a ocorrência da Revolução Urbana. A sedentarização, o crescimento do número de integrantes das famílias e a progressiva aproximação entre elas conduziram essas comunidades à criação de um espaço de vida comum, composto de construções que abrigavam e protegiam seus membros.

Foram criadas, ainda, regras para regular o convívio. Construiu-se uma sociedade com base no conceito de cooperação – a terra, os rebanhos e os instrumentos eram de todos, e o indivíduo só poderia se considerar dono deles se pertencesse à comunidade. A economia também evoluiu: as tribos passaram a produzir mais do que precisavam para consumo próprio e a trocar esses excedentes com outras comunidades.

Entre 5000 a.C. e 4000 a.C., alguns grupos começaram a utilizar o cobre na fabricação de utensílios e armas, no período que ficou conhecido como Idade dos Metais. Posteriormente também foram descobertos o bronze (2500 a.C.) e o ferro (1.200 a.C.). A superioridade militar desses grupos de metalúrgicos obrigou outras comunidades a tornarem suas sociedades mais complexas, sendo atribuída aos governos uma nova função: a de proteção de seus membros.

Mesopotâmia e Egito

O surgimento desses núcleos urbanos deu origem às primeiras cidades-Estado, que serviram de base para as primeiras civilizações do Oriente Médio: a Mesopotâmia e o Egito. Politicamente, tanto Egito como Mesopotâmia eram organizadas na forma de teocracias, na qual o soberano detinha os poderes político e religioso e a classe dos sacerdotes possuía privilégios especiais.

De uma forma geral, podemos situar as atividades econômicas de Egito e Mesopotâmia no chamado Modo de Produção Asiático. Por essa definição, todas as terras pertenciam ao Estado e eram utilizadas pela comunidade, que consumia sua própria produção e estava obrigada a entregar o excedente para os governantes. A obrigação de todos os homens livres de prestarem serviços ao Estado é conhecida, nessa forma de organização, como servidão coletiva.

Além disso, por estarem situadas ao longo de grandes rios – o Egito banhado pelo Rio Nilo e a Mesopotâmia desenvolvida entre os rios Tigre e Eufrates –, as comunidades dependiam do controle sobre os seus ciclos de cheias e vazões. Desenvolveram, assim, as civilizações de regadio, com o domínio de técnicas de irrigação que envolviam a construção de diques e canais.

Ao contrário do Egito, que, desde aproximadamente 3200 a.C., se constituiu como um Estado centralizado, a Mesopotâmia foi dominada por sucessivos povos que impunham suas determinações aos dominados, mas sem perder as características gerais da organização da região. Os principais povos a deixarem suas marcas na Mesopotâmia foram os sumérios, os amoritas (I Império Babilônico), os assírios e os caldeus (II Império Babilônico).

A sociedade das duas civilizações era rigidamente estratificada, dividida entre dominantes (governantes, sacerdotes, militares e comerciantes) e dominados (camponeses, pequenos artesãos e escravos). As semelhanças culturais são, fundamentalmente, no campo religioso, uma vez que ambas as civilizações praticavam o politeísmo – crença religiosa em mais de um deus.

Antiguidade: Primeiras civilizações (Pré-História, Mesopotâmia e Egito)

Contribuições

As duas civilizações deixaram um expressivo legado cultural:

  • EGITO Elementos da religião do Egito antigo podem ser encontrados nas mais diversas religiões do mundo atual, como a ideia da vida após a morte, a reencarnação e o julgamento final. Suas pesquisas voltadas para a mumificação dos corpos permitiram o desenvolvimento de conhecimentos na medicina. Também desenvolveram estudos em astronomia e matemática, além de sofisticadas técnicas agrícolas e de construção de templos e pirâmides.
  • MESOPOTÂMIA Os sumérios inventaram a escrita cuneiforme, feita com talhes em placas de argila. Entre as principais contribuições dos babilônios está o Código de Hamurabi, um dos mais antigos códigos jurídicos escritos, que contém a famosa Lei de Talião (“olho por olho, dente por dente”). Os assírios destacaram-se pela criação da Biblioteca de Nínive, com registros preciosos sobre o seu modo de vida e dos povos que dominaram.

HEBREUS, FENÍCIOS E PERSAS FORMARAM OUTRAS IMPORTANTES CIVILIZAÇÕES NA ANTIGUIDADE

Além dos egípcios e mesopotâmicos, três outros povos tiveram destaque na Antiguidade Oriental: os hebreus, os fenícios e o persas.

Os hebreus fixaram-se na região da Palestina por volta de 2000 a.C., mas, devido a uma seca prolongada, migraram para o Egito, por volta do século XVII a.C., onde foram escravizados. A fuga do Egito de volta à Palestina (Êxodo) foi comandada por Moisés, que, durante o retorno, segundo a tradição religiosa, teria recebido de Deus os Dez Mandamentos. De volta à Palestina, foram constantemente invadidos, tendo sido escravizados na Mesopotâmia (Cativeiro da Babilônia). Após retornarem, libertados pelos persas, foram dominados pelos macedônicos e pelos romanos, que os expulsaram da região por volta de 70 d.C., dando início à dispersão hebraica (Diáspora). Os hebreus criaram a primeira religião monoteísta da história (judaísmo), base de duas religiões posteriores, o cristianismo e o islamismo.

A Fenícia (atual Líbano) constitui uma civilização diferenciada na Antiguidade Oriental, já que tinha o comércio e as trocas como bases de sua economia e se organizava politicamente em cidades-Estados, enquanto os outros povos, em geral, dedicavam-se à agricultura e possuíam governos centralizados. Entre as principais contribuições dos fenícios está o desenvolvimento de uma escrita alfabética, base para grande parte dos alfabetos modernos.

Na Pérsia (atual Irã) surgiu um dos maiores impérios da Antiguidade. Ciro I foi responsável pelo início da expansão no século VI a.C. Cambises conquistou o Egito, e Dario I levou o império à sua extensão máxima. Os persas conquistaram, além do Egito, a Mesopotâmia, a Palestina, a Fenícia, a Ásia Menor (Turquia) e a Índia. Sob o comando de Xerxes, Dario II e Dario III, o império declinou, até ser conquistado por Alexandre, o Grande, no século IV a.C. A religião persa, o zoroastrismo, defendia que os homens que praticassem boas ações deveriam ser recompensados futuramente. Acreditavam no dualismo, a eterna disputa entre o bem e o mal, e no livre arbítrio, pelo qual o homem escolhe o caminho a seguir, tendo consciência das consequências de seus atos.

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