Um campo magnético muito complexo O escudo invisível que envolve o planeta tem uma estrutura tubular
Cientistas descobrem que as forças magnéticas que envolvem o planeta são transmitidas por uma estrutura na forma de grandes tubos.
Os ilustradores costumam representar o campo magnético da Terra por linhas curvas, que unem os polos norte e sul, da mesma forma como os livros didáticos indicam a força entre os dois polos de um ímã. Agora sabe-se que tais linhas em torno do planeta não são mera representação, mas reais. Usando um telescópio para observar galáxias muito distantes, pesquisadores da Universidade de Sydney, Austrália, descobriram que o campo magnético da Terra tem uma estrutura semelhante a uma rede de tubos curvos. O que acusou definitivamente a existência desses tubos foram os desvios das ondas de luz captadas das galáxias, que deslocam as imagens.
Há anos o campo magnético tem merecido atenção especial da ciência. Em 2013, a Agência Espacial Europeia (ESA) lançou um conjunto de três satélites, para medir com precisão o campo. A missão, batizada de Swarm (bando de pássaros, em inglês) confirmou que o campo está se alterando. Nos últimos dois anos, ele se tornou mais intenso sobre o Oceano Índico, mas enfraqueceu no Atlântico Sul, inclusive sobre o Brasil. Os satélites confirmaram, também, que o polo norte do campo magnético está se deslocando em direção à Sibéria.
O campo é um feixe de ondas eletromagnéticas que escapam do núcleo do planeta e se espalham pelo manto, pela crosta e pela atmosfera, se estendendo até o espaço sideral. Funciona como um escudo, que desvia a radiação emitida pelo Sol, na forma de vento solar. Sem o campo, a vida seria impossível por aqui. A marca mais visível das forças eletromagnéticas do planeta são as auroras polares, criadas pelo choque das partículas eletrificadas do vento solar com a atmosfera.
Mudanças no campo magnético já eram conhecidas. Estudos de minerais magnetizados indicam que o campo tem os polos invertidos a cada 200 mil anos, em média. Entre 1831 e 2007, por exemplo, o polo norte magnético percorreu 2 mil quilômetros rumo ao nordeste. Isso significa que ele coincide cada vez menos com o polo norte geográfico.
A mesma força eletromagnética que nos protege também nos é útil – das hidrelétricas, na geração de energia, à leitura de cartões magnéticos. As leis do magnetismo e sua relação com a energia elétrica são o assunto deste capítulo.