Quando era criança, Agatha Mary Clarissa Miller já tinha o hábito de se distrair escrevendo contos e poemas. Conforme foi crescendo, a jovem inglesa de família abastada deixou a fantasia um pouco de lado, e ocupou-se do mundo real. Por vezes, real até demais. Recém-casada com o coronel inglês Archibald Christie, de quem adotou o sobrenome, Agatha Cristhie viu de perto o horror das grandes guerras, e com apenas 24 anos trabalhou como voluntária atendendo as vítimas da Primeira Guerra Mundial. Foi neste momento que a escritora exerceu uma profissão pouco conhecida pelos fãs de seus romances policiais: o de farmacêutica.
Em um primeiro momento, na verdade, Agatha trabalhou como enfermeira em um hospital, mas a empreitada foi curta. Logo foi designada para o setor de distribuição de medicamentos, e mergulhou fundo no mundo da farmácia. Naquele contexto, os remédios não eram comercializados da forma como conhecemos hoje, em caixinhas e prontos para uso. Era necessário misturar ingredientes e seguir fórmulas para produzir o medicamento em tempo real, como ocorre nas farmácias de manipulação.
Para executar bem o trabalho, a então voluntária resolveu fazer um curso de Química, que lhe capacitou para trabalhar como farmacêutica. Assim, passava seus dias misturando elementos em laboratórios e criando remédios para curar os feridos.
Foi ainda nesse contexto que, em 1916, ela foi desafiada por sua irmã Madge a escrever um romance policial, e nasceu “O Misterioso Caso de Styles“. A autora não conseguiu publicar o livro logo de primeira – na verdade, foi rejeitada seis vezes. Mas depois disso, a lista de sucessos se estendeu por décadas. Assassinato no Expresso do Oriente (1934), Morte na Mesopotâmia (1936) e Morte no Nilo (1937) são apenas alguns de seus títulos mais célebres.
Mas quem pensa que a empreitada na área de Farmácia foi um desvio no caminho da grande autora está muito enganado. Já ouviu a famosa máxima de que “a diferença entre o veneno e o remédio é a dose”? Foi mais ou menos esse caminho que a mente criativa de Agatha Christie percorreu. Ela decidiu levar seus conhecimentos em química para os crimes mirabolantes de seus romances policiais.
“Eu não gosto de mortes bagunçadas. Estou mais interessada em pessoas que morrem pacificamente em suas próprias camas e ninguém sabe o motivo”, explicou em entrevista, em 1970, referindo-se às mortes de seus livros, quase sempre por substâncias letais.
Leia o primeiro livro de Agatha Cristhie: