“O elefante de Celebes/ Tem sebo amarelo e grudento na b…/ O elefante de Sumatra/ Sempre f… sua vovó/ O elefante da Índia/ Nunca consegue encontrar o pleno ha-há.” Esses versos algo escatológicois, populares entre os garotos alemães no início do século 20, deram o título a uma das mais famosas obras do pintor Max Ernst (1891-1976), “Celebes“, inspirado na foto de um enorme depósito de milho característico de uma tribo do Sudão.
Também conhecido como “O Elefante Celebes“, o óleo traz em seu centro um monstro-fornalha que é, como toda a composição, ambíguo. Possui, no fim de sua tromba, uma cabeça com minúsculos olhos. Um vislumbre de presas à sua esquerda, porém, denota a presença de outra cabeça ” talvez a verdadeira. Ele parece estar num espaço aberto. Dois peixes, porém, “voam” no alto da tela, indicando uma paisagem submersa. O manequim, bem como as luvas cirúrgicas que veste, é figura recorrente nas obras surrealistas.
Pintado em 1921, “Celebes” foi provavelmente influenciado pela experiência do artista na Primeira Guerra Mundial. Convocado pelo exército alemão, ele escreveria em sua autobiografia: “Em 1º de agosto de 1914 Max Ernst morreu. Ele foi ressuscitado no dia 11 de novembro de 1918, como um jovem que aspirava a encontrar os mitos de seu tempo”. Celebes representaria o mito da destruição: uma forma preta à direita dos peixes assemelha-se a um avião; há um rastro de fumaça na parte direita do céu.
Nascido em 1891, em Brühl, na Alemanha, Ernst abandonou os estudos de filosofia em 1912, depois de ter visitado uma exposição de arte moderna. Decidiu dedicar-se apenas à pintura. Aliou-se inicialmente ao dadaísmo, mas em 1924 foi ao encontro do poeta surrealista francês Paul Éluard (1895-1952) em Saigon, partindo em busca de aventuras pelo Oriente. Quando voltou à Europa, rompeu com o estilo dadá e aderiu ao manifesto surrealista. Preso num campo de concentração em 1939, foi graças à intervenção de Éluard que Ernst foi libertado. Em 1941, perseguido pelo regime nazista, fugiu para os Estados Unidos com Peggy Guggenheim, sua segunda mulher. Ele voltaria à Europa somente em 1953, instalando-se em Paris com sua última mulher, a pintora Dorothea Tanning.
Ernst levou ao limite a crítica da forma como representação e do estilo como critério de interpretação da realidade. Ficou conhecido pela criação da técnica do frottage: friccionava um lápis ou similar num papel sobre uma superfície áspera ou com leve relevo a fim de captar sua textura. Esse método, adotado por outros surrealistas, extrapola o controle do pintor e evita questões de gosto ou habilidade.
Morto em 1976, Ernest observou com sutileza irônica a sociedade de sua época, desnudando-lhe o subconsciente e a subcultura. Críticos afirmam que sua obra é uma montagem de elementos da cultura burguesa e do racionalismo efêmero e vazio de significado.
Celebes / Max Ernst
Técnica – Óleo sobre tela
Tamanho – 125,5 x 108 cm
Local – Tate Gallery, Londres (Inglaterra)
Esse texto faz parte do especial “100 Obras Essenciais da Pintura Mundial”, publicado em 2008 pela revista Bravo!
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