Em São Paulo, exposição sobre Carolina Maria de Jesus vai até domingo (3)

'Quarto de Despejo', livro mais famoso de Carolina, foi obra obrigatória na Unicamp por cinco anos

Por Karolina Monte
Atualizado em 21 nov 2022, 21h48 - Publicado em 1 abr 2022, 18h38

Fotografia do Fundo Correio da Manhã, sob a guarda do Arquivo Nacional. — Carolina Maria de Jesus, considerada uma das maiores escritoras do país. (Correio da Manhã/Arquivo Nacional/Wikimedia Commons)

A exposição Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os Brasileiros está em seu último final de semana de exibição no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo. Até o dia 3 de abril, é possível conferir o acervo composto pelas obras da escritora. Por cinco anos, o livro da autora, Quarto de Despejo, foi leitura obrigatória no vestibular da Unicamp.

A mostra destaca toda a trajetória da escritora mineira e sua produção literária. Carolina Maria de Jesus ganhou destaque internacional com Quarto de Despejo, publicado em 1960 e traduzido para 13 idiomas. O livro, que é um diário de Carolina, lança luz sobre a história de pessoas negras e marginalizadas no país. Apesar de ter sido a obra que a projetou e consagrou, a exposição do IMS contempla as diversas outras produções literárias da autora, que escreveu romances, diários, contos, poesia, autobiografia e peças de teatro.

A mostra também surpreende ao revelar que, além de escritora, Carolina também foi compositora, cantora e artista circense. Quem visita a exposição pode apreciar dois manuscritos da artista: um compilado de textos intitulado Um Brasil Para os Brasileiros e seu disco, que também se chama Quarto de Despejo.

Quem foi Carolina Maria de Jesus

Nascida em uma comunidade rural de Sacramento (MG), em 1914, Carolina era filha de pais analfabetos. Começou a frequentar a escola aos sete anos, quando aprendeu a escrever e adquiriu o gosto pela leitura. Passou boa parte da vida na zona norte da cidade de São Paulo, na Favela do Canindé, onde trabalhou como catadora de papel.

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Registrou, em cadernos que recolhia durante o dia de trabalho, seu cotidiano e o das pessoas ao seu redor — pessoas negras e que viviam abaixo da linha da pobreza. Anos mais tarde, os diários com suas experiências deram origem ao livro Quarto de Despejo, que foi leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp entre 2017 e 2021.

Carolina é considerada uma das mais importantes escritoras do país.