Ainda que René Magritte tenha sido o principal nome do surrealismo na Bélgica, ele foi expulso do movimento em 1947 pelo escritor francês André Breton, seu fundador. Terminada a Segunda Guerra Mundial, o pintor adotara em sua obra uma temática otimista, chamada por ele de “surrealismo a pleno sol”, o que Breton achava pouco condizente com seu manifesto.
Magritte não buscava uma experiência transcendente por meio da exploração do inconsciente, uma das bases do surrealismo, mas sim da quebra das convenções da realidade. Assim, para expressar os misteriosos níveis de experiência além da aparência, mudava a ordem convencional dos objetos, criava novas figuras e redefinia as relações entre palavras e imagens.
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A questão do visível e do oculto foi muito trabalhada pelo pintor. Um de seus quadros mais conhecidos, O Filho do Homem (1964), trabalha essa temática de modo a incomodar o observador. Na obra, um homem está vestindo sobretudo e chapéu-coco; atrás dele se podem ver um muro e, ao fundo, o mar e o céu. O rosto está praticamente coberto por uma grande maçã verde que paira no ar.
Como os demais surrealistas, Magritte dizia que não se devia buscar nenhuma significação metafórica em suas obras. O mistério de suas imagens estaria exatamente na ausência de sentido: “Minhas pinturas são imagens visíveis que não dissimulam nada: elas evocam mistério, e, de fato, quando alguém vê algum de meus quadros, pode fazer esta simples pergunta: “O que isso quer significar?”. Isso não significa nada, porque o mistério tampouco o significa, ele é irreconhecível”.
O Filho do Homem, René Magritte
Técnica – Óleo sobre tela
Tamanho – 116 x 89 cm
Local – Coleção particular
Esse texto faz parte do especial “100 Obras Essenciais da Pintura Mundial”, publicado em 2008 pela revista Bravo!
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