O livro brasileiro que chamou a atenção de Olivia Rodrigo
"A Hora da Estrela" toca, nas entrelinhas, em temas como desigualdade social, Ditadura Militar, saúde mental e nazismo

Último livro publicado por Clarice Lispector antes de sua morte, “A Hora da Estrela” chegou em Olivia Rodrigo por meio de uma amiga. A cantora passou seus momentos no Brasil se apaixonando pela genialidade da autora e descobrindo com a personagem principal, Macabéa, outros Brasis para além de São Paulo.
Em entrevista para a Vogue US a cantora afirma que está “marcando e anotando no livro inteiro”, já que “ele tem palavras muito bonitas”. Abaixo, conheça esse livro que, debaixo de uma narrativa sobre amor e traição, fala sobre desigualdade social, nazismo e Ditadura Militar!
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A história de “A Hora da Estrela”
A nordestina Macabéa, protagonista de “A Hora da Estrela”, é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder sua tia e única parente viva, ela se muda para o Rio de Janeiro, onde aluga um quarto, arruma um emprego como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio.
Macabéa, então, se apaixona por Olímpico de Jesus, um metalúrgico também nordestino, mas ele logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, a personagem principal consulta uma cartomante, que prevê um futuro luminoso e cheio de luxo: Macabéa irá conhecer Hans, um estrangeiro alemão, que dará a ela tudo que jamais sonhou.
Esta falta de sonhos da personagem mostra como a obra toca em temas com depressão e falta de amor pela vida. Ela sempre foi uma mulher vazia, conformada com sua situação de vida e sem perspectivas de mudança, pois não tinha energia vital nem para usar a imaginação. Em dado momento, o narrador afirma que “Macabéa só sabia chover”, já que era triste e melancólica como um dia chuvoso.
No posfácio da edição mais recente, publicada pela editora Rocco, Paulo Gurgle Valente, filho de Clarice, mostra relações entre a narrativa do livro e a vida privada de sua mãe, trazendo ainda mais profundidade para a obra.
Assim como o narrador do livro, ela morou em Recife na infância. Já mais velha, viveu em Maceió, cidade natal da personagem principal do livro.
Além disso, Mabacéa também remete aos guerreiros judeus rebeldes, os macabeus, que lutaram contra a cultura grega invasora, quando Antiochus IV, rei da Síria, tentou forçar a implementação do helenismo na Judeia, aproximadamente dois séculos antes de Cristo.
No final do livro, diante do único desejo que a personagem principal teve na vida, encontrar Hans, seu grande amor estrangeiro, ela é atropelada por ele em uma Mercedes, carro usado pelo chanceler do Terceiro Reich.
A própria Clarice tinha ascendência judaica e, durante a Segunda Guerra Mundial, atuou como enfermeira voluntária no 45th General Hospital (Centro de Pesquisa Médica), ajudando brasileiros feridos.
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