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Cursinhos analisam a prova do primeiro dia do Enem 2021

Mesmo em meio a denúncias de censura por parte do governo federal, exame não surpreende e mantém conteúdos já esperados pelos professores

Por Wender Starlles
Atualizado em 21 nov 2021, 22h37 - Publicado em 21 nov 2021, 18h58
Provas do Enem
 (Pinterest/Divulgação)
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Neste domingo (21), foi aplicada a primeira prova do Enem 2021 para mais de 3,1 milhões de candidatos. Esse é o menor número registrado de inscritos desde 2005. Apesar das recentes polêmicas que envolvem as tentativas de censura de temas sensíveis ao atual governo, os conteúdos cobrados no exame atenderam às expectativas de professores.

Na avaliação de Daniel Perry, diretor do Curso Anglo, a prova exigiu dos estudantes análises de diferentes tipos de gêneros textuais em todas as áreas do conhecimento. “Em linguagens, teve textos longos. Nesse sentido, foi trabalhosa. Já em humanidades, os textos eram mais curtos, muitas vezes apenas introdutórias”, afirma.

De acordo com Fernando Santo, gerente de Inteligência Educacional e Avaliações do Poliedro, o caráter pedagógico da prova prevaleceu ao político, assim como as de anos anteriores. “Se por um lado se destaca a ausência de questões sobre a ditadura, por outro é louvável a presença de itens sobre os povos indígenas brasileiros. Ao menos seis itens abordaram essa temática. Em especial um que relembrou a hashtag ‘somos todos Guarani Kaiová’. Além disso, houve menção a músicos e cantores nacionais”, comenta.

Longe de tratar assuntos polêmicos, de modo geral  a prova foi interpretativa e com questões de nível médio, na análise de Daniel Cecílio, diretor pedagógico Curso Pré-vestibular Oficina do Estudante de Campinas (SP). “Algumas delas exigiam do candidato maior atenção”, disse.

Confira a análise e os comentários da primeira prova do Enem por disciplina:

Acompanhe a cobertura completa do GUIA sobre o Enem 2021: gabarito, redação, comentários dos professores e mais 

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História 

Segundo a professora Roberta Luz, do Colégio e Curso AZ, a prova estava cansativa, mas não difícil. “Não surpreendeu, só teve uma questão que eu acho que foi uma surpresa, que tratava das revoluções inglesas, um tema que não costuma cair”, comenta.

Roberta também pontua que, apesar do corte de temas relacionados a questões do século 20 e história contemporânea, a prova foi parecida com a dos dois últimos anos. “Caiu uma questão falando sobre um contexto durante a ditadura civil militar, mas uma questão não muito politizada, nem crítica à ditadura. E muitas questões sobre memória e patrimônio, como já é o costume do Enem”.

Geografia

Para o professor Rodrigo Magalhães, do Colégio e Curso AZ, as questões cobraram conteúdos já esperados diante da atual situação política do Brasil. Ele lamenta que alguns assuntos importantes tenham sido deixados de fora da prova, como a pandemia. “Também não caiu nada de geopolítica internacional (Oriente Médio, Europa), questões climáticas, que é um conteúdo que geralmente aparece”.

Houve uma quebra de expectativa em relação à quantidade de elementos visuais presentes nas questões, avalia Fábio Bacchiegga, professor da Oficina do Estudante. Ele sentiu a falta de mais imagens. “Aguardávamos uma prova com uma pluralidade maior de recursos, como mapas, gráficos e tabelas. Porém, o Enem foi mais baseado em textos simples, que não traziam complexidade para o aluno. Mas, exigiam muita leitura”.

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Português

Composta sobretudo por questões interpretativas que envolviam textos de gêneros discursivos diferentes, a prova de linguagens manteve os conteúdos mais frequentes, como variação linguística e funções da linguagem, explica Jéssica Dorta, professora da Oficina do Estudante. “Para abordar esses conteúdos, textos sobre democracia racial no futebol e sobre a condição da mulher em meados do século 19 são apresentados. De modo geral, estava com dificuldade média”, afirma.

Espanhol e inglês

Estava com nível semelhante à da edição passada. Em ambas, foi cobrado mais interpretação do que gramática. Mas o destaque fica para a parte de inglês que abordou temas relevantes e atuais, mantendo o caráter da prova, destaca o diretor da Oficina do Estudante.

Na visão de Fernando Santo, ambas as disciplinas tiveram abordagens tradicionais. “Cada uma tinha uma charge e os outros quatro itens eram interpretações de texto, mas nada que apresentasse um grau de dificuldade muito elevado”, explica.

Filosofia e sociologia 

Apenas quatro questões trataram de Sociologia e Filosofia. De acordo com Perry, prova dessas disciplinas foi mais fácil que a edição passada. “Foi uma avaliação muito interpretativa, que girou em torno de quatro filósofos Gilles Deleuze, Friedrich Nietzsche, Platão e René Descartes”, diz o diretor.

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