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Entenda o alerta inédito do Inep sobre “repertórios de bolso” na redação do Enem

Banca avaliadora ficou mais rígida com as citações, também chamadas de ‘coringa’

Por Carolina Unzelte
13 out 2025, 10h00
repertorios bolso inep enem redacao
 (Canva/Reprodução)
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O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), lançou há poucos dias a Cartilha da Redação, que inclui orientações e referências para a tarefa na prova. Nela, a instituição chamou a atenção, pela primeira vez, para os repertórios de bolso”, também conhecidos como “repertório coringa“.

Segundo o próprio Inep, trata-se de “referências prontas, memorizadas e frequentemente utilizadas pelos(as) participantes, de forma genérica e pouco aprofundada, sem uma conexão genuína com o tema proposto”.

Em 2024, apenas 12 estudantes conquistaram nota mil na redação, uma queda brusca em relação aos 60 em 2023. Apesar da ausência de mudanças nas competências avaliadas, professores notaram que a banca corretora ficou mais atenta a esses modelos “prontos”, que incluem tanto esses repertórios quanto estruturas para a dissertação inteira. Isso teria desembocado em penalização na hora da pontuação.

Mas qual o argumento do Inep para penalizar estes repertórios de bolso? Em que competência o candidato perde nota? Pode zerar a redação inteira? A gente explica.

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Thomas More e os repertórios improdutivos

Segundo a nova cartilha, essas fórmulas são problemáticas porque a “competência II da redação do Enem exige que o(a) participante utilize repertórios socioculturais legitimamente relacionados ao tema, ou seja, devem: ser pertinentes ao assunto tratado; ser bem contextualizados e articulados com os argumentos; mostrar que o(a) participante sabe relacionar o conhecimento ao problema discutido”.

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“Se o(a) avaliador(a) perceber que o repertório foi inserido de forma decorada, automática ou forçada, ele(a) pode avaliá-lo como não produtivo, o que poderá prejudicar a nota da competência II”, alerta a cartilha.

O documento ainda traz exemplos dos repertórios de bolso construídos a partir do tema do ano passado, “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil“. Dê só uma olhada neste trecho:

“‘Utopia’, a famosa obra do escritor britânico Thomas More, retrata uma cidade perfeita, livre de mazelas sociais. No entanto, a realidade brasileira é adversa à idealizada na obra, pois os desafios para valorização da herança africana do Brasil são uma problemática existente. Assim, é possível identificar duas causas principais para essa conjuntura: a inércia governamental e as desigualdades sociais.”

A referência, de acordo com o Inep, é “conhecida e recorrente” e foi usada “de forma genérica e pouco aprofundada”.

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“Essa superficialidade impede que o repertório seja considerado legitimamente produtivo, conforme os critérios da Competência II da redação do Enem”, afirma.

A cartilha ainda dá exemplos de casos em que personalidades são citadas na tentativa de construir um “argumento de autoridade”, mas o estudante não reflete criticamente sobre os conceitos que tenta apresentar. “Assim, ainda que se trate de um autor respeitado e de um conceito relevante, a forma como é mobilizado no texto revela uso decorativo e previsível, típico de repertório de bolso”, afirma o documento.

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Mas o que é um bom uso de repertório?

Calma, que a cartilha também ensina como não cair nessas armadilhas! Segundo o Inep, “é preciso escolher referências específicas que realmente tenham relação com o tema”, além de articular o repertório “com as ideias utilizadas para defender seu ponto de vista”. Para um uso produtivo do repertório, é necessário mostrar que o compreende de verdade e que ele é relacionado ao tema.

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Por exemplo, nesse trecho construído pelo Inep:

“A literatura também exerce um importante papel na valorização da herança africana ao visibilizar narrativas silenciadas pela história oficial. Um exemplo disso é o romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, publicado em 1859 e redescoberto recentemente. Nessa obra, a escritora denuncia a brutalidade da escravização e foca na representação não estereotipada de personagens negros, algo inédito na literatura brasileira da época. Nesse contexto, Reis é essencial a esse debate porque ela conseguiu romper com essa tradição literária eurocêntrica e representou, em sua narrativa, histórias como a da ex-escravizada Mãe Suzana e a sua perspectiva do violento processo de escravização no país. Essa escritora ajuda a refletir sobre o apagamento de mulheres negras no cânone literário e no currículo escolar, um dos obstáculos à valorização da cultura africana no país. Por isso, resgatar e divulgar produções como a de Maria Firmina dos Reis contribui não só para ampliar a representatividade de mulheres negras no campo literário mas também para reparar mais uma das injustiças históricas contra pessoas negras no Brasil”.

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A cartilha também lembra que “os repertórios podem originar-se de diferentes fontes válidas, que vão desde o conhecimento institucionalizado ao conhecimento de mundo, ou seja, aquele que acumulamos ao longo da nossa vida, que tem a ver com as nossas relações interpessoais, o meio sociocultural do qual fazemos parte”. Exemplo disso são filmes, músicas, podcasts, notícias, documentários… Isto é, pode ser até mais fácil construir repertório próprio vivendo, do que se esforçando para decorar!

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