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ONG oferece monitoria online do Enem para alunos de baixa renda

O projeto "Galera da Redação" oferece aulas gratuitas e correção de redações oferecidas por universitários que tiraram nota acima de 900 no Enem

Por Ana Lourenço, Odhara Caroline Rodrigues
Atualizado em 10 mar 2017, 17h49 - Publicado em 10 mar 2017, 17h07
ONG oferece monitoria online do Enem para alunos de baixa renda
O estudante e criador do projeto, Matheus Ribeiro (Matheus Ribeiro/Arquivo pessoal)

Tirar nota mil na redação do Enem é um dos sonhos de qualquer vestibulando, já que o número pode acelerar metade do caminho ao encontro da sua vaga no ensino superior. O estudante da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Matheus Ribeiro sabe o poder de uma redação bem escrita: ele tirou a nota máxima no Enem 2016 e também lidera a ONG “Galera da Redação”, que ajuda estudantes que prestam o exame a aperfeiçoarem suas habilidades para a prova.

Todo o trabalho da ONG é voluntário, e os professores de redação são também estudantes universitários que tiraram acima de 900 no Enem. O trabalho se baseia em ensinar o vestibulando por meio de seus próprios erros, apontando as falhas e indicando pontos para melhora. Neste ano, com o fortalecimento da estrutura do projeto, ele se sofisticou: os professores de redação darão aulas uma vez por semana, preparando materiais e metodologia própria, além de continuar com as correções.

A iniciativa também passa a oferecer monitorias das outras disciplinas abordadas pelo exame. Elas serão dadas por estagiários voluntários, que façam graduação relacionada à área de conhecimento pela qual serão responsáveis. Além disso, o “Galera da Redação” também oferece apoio pedagógico e psicológico para os alunos.

Primeiros passos

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Negro, LGBT, vindo de uma família de baixa renda e tendo enfrentado problemas psicológicos, Matheus estudou em escola pública, “ainda que ela fosse de alta qualidade e oferecesse ensino técnico”, explica. Quando chegou a hora do vestibular, ele tirou 960 na redação do Enem – garantindo sete aprovações, inclusive em Relações Internacionais, que está cursando. No Enem deste ano, ele foi apenas para fazer apenas a prova de redação, conquistando a nota máxima.

Foi pensando na sua trajetória de vida que deu para o “Galera da Redação” a cara que o projeto tem agora. Tudo começou quando ele entrou em um grupo do Facebook com o mesmo nome que a ONG adotou. “O pessoal compartilhava informações nele. Eu comecei a auxiliar algumas pessoas com correção, mas não dava conta de tudo. Então pedi para amigos me ajudarem”, ele lembra. “Detesto desorganização, então fui estruturando um projeto”. O “Galera da Redação” não tem plataforma própria; em vez disso, ele faz uso de diferentes ferramentas já disponíveis — e com as quais os jovens tem contato direto — para disseminar conhecimento. Vale de tudo, de vídeo no Skype a áudio no WhatsApp. Os voluntários, de diferentes partes do país, se organizam por meio do Facebook.

Antes uma aluna da ONG, Tainara Soares Mendes agora foi convidada a ser professora do projeto. Ela prestou o Enem pela primeira vez em 2014, quando estava no primeiro ano do ensino médio. “Ao chegar na redação, eu, literalmente, empaquei! Eu não conseguia escrever”, ela conta. De baixa renda e moradora de uma pequena cidade no interior, ela queria focar na redação, mas não tinha condições estruturais e financeiras para tal. Encontrou o “Galera da Redação” por um post que Matheus havia feito em outro grupo de vestibulandos, divulgando a iniciativa. De 720 em 2014, a nota da redação do Enem de Tainara subiu para 1000.

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Outra ex-estudante do projeto, Cibele Máximo, passou da pontuação de 480 no Enem 2015 para 940 no Enem 2016. Ela logo percebeu seu erro: “cometi fuga parcial do tema. Fiquei aliviada, mas depois prometi a mim mesma que iria tirar ao menos 800 na próxima”. Ela diz que reuniu todo seu material de estudo e se dedicou bastante no ano seguinte, mas que sua maior ferramenta foi ter participado do “Galera da Redação”: “Eles selecionaram alguns alunos que tiveram baixo desempenho e nos deram um programa de mentoria online, com correções dos textos, atualidades e dicas”.

Como se inscrever

As inscrições para participar da monitoria deste ano começam nesta sexta-feira (10), e vão até o dia 2 de abril. Neste ano, são 225 vagas, todas dedicadas a estudantes de baixa renda que estudaram em escolas públicas ou tiveram bolsas integrais em escolas particulares. As especificações para concorrer a uma vaga no cursinho estão no edital, que você pode acessar aqui.

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Quantos aos voluntários, todos devem ser parte de alguma minoria. Eles recebem certificados pela participação no projeto. “Nós ajudamos pessoas que precisam e desenvolvemos as capacidades do voluntário”, comenta Matheus. “É uma ajuda mútua, em que todos aprendem uns com os outros”.

Para participar, é preciso atender a dois requisitos:

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– Ser aluno ou ex-aluno de escola pública, ou bolsista integral em escola particular
– Ter no máximo 1 salário mínimo de renda familiar por pessoa (R$ 937)

No ato da inscrição é necessário enviar uma cópia digitalizada dos documentos listados no editalO resultado da seleção será divulgado no dia 23 de abril, com início das aulas previsto para o dia 1° de maio.

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