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Unifesp: 1º lugar em Medicina achava não ter estudado o bastante

Na primeira tentativa, o estudante se frustrou por não conseguir um desempenho tão bom quanto o que obteve nos simulados

Por Ana Prado e Carolina Vellei
Atualizado em 7 fev 2018, 12h26 - Publicado em 1 fev 2018, 19h45

Lucas Tokio Kawahara, de 18 anos, foi o primeiro colocado no curso de Medicina da Unifesp e passou também na Fuvest e  Unesp. Mas, ao contrário do que se possa imaginar, ele não estava confiante de que passaria. Pelo contrário: acreditava não ter estudado o suficiente e diz ter ficado surpreso ao ver a lista de classificados. 

“Fiquei muito ansioso no dia em que saiu a lista de aprovados, porque não havia verificado gabaritos. Podia ter acontecido qualquer coisa. Estava torcendo para passar numa posição em que fosse apenas classificado, não esperava o primeiro lugar. Fiquei olhando para ver se aquilo estava certo mesmo, se era o meu nome… Ainda não caiu a ficha”, comenta ele, que achou ter estudado pouco durante as férias de julho e encontrou dificuldades para retomar a rotina no 2º semestre. 

Esta é a segunda vez que Lucas presta o vestibular para Medicina. Na primeira, em 2016, o nervosismo o atrapalhou. Havia feito o Enem e os vestibulares da Fuvest, Unicamp e Unifesp. Passou para a segunda fase da Unicamp e da Unifesp, mas não ficou entre os classificados. “Eu esperava pelo menos passar para a segunda fase da Fuvest, o que não aconteceu. Isso foi o mais difícil de lidar, porque quando fazia as provas anteriores eu tirava em torno de 79 e 80 [de 90]. No dia da prova tirei 62, o que me frustrou bastante”, conta.

Na época surgiu a oportunidade de estudar Medicina em outra cidade (ele passou na UFRGS pelo Sisu, feito que se repetiu este ano), mas preferiu ficar em São Paulo e tentar mais uma vez. “Acho que eu poderia dar muitos gastos para minha família estando longe, então achei melhor ficar por aqui mesmo”. 

A influência do pai foi importante para que o vestibulando já soubesse desde cedo que queria Medicina: “Sabia que queria esse curso desde o Ensino Fundamental. Além da inspiração do meu pai, que é cirurgião, eu gosto muito da ideia de poder ajudar as pessoas”. Lucas optou por se matricular na USP, na mesma faculdade onde seu pai se formou. 

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O Guia bateu um papo com o estudante para saber mais sobre como foi a sua preparação e as dificuldades que enfrentou.

(Divulgação/Divulgação)

Por que você acha que não passou logo de primeira no vestibular?

Eu ia bem na escola, mas até o terceiro ano do colégio não tinha muita noção de como o curso de Medicina era concorrido. Achei meio ruim não passar logo que me formei, mas na verdade eu já não estava esperando muito passar direto. Eu sabia que seria bem difícil, por conta dos simulados. Mas eu esperava pelo menos passar para a segunda fase da Fuvest, e isso foi o mais difícil de lidar, porque quando fazia as provas anteriores eu tirava em torno de 79 e 80. Na prova mesmo tirei 62, então me frustrei bastante.

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Acho que isso se deve a um pouco de nervosismo. Lembro que na véspera da prova fui dormir lá pelas 2, 3 horas da madrugada. No dia eu só levei lapiseira, achei que pudesse, mas era proibido. Tinha apenas caneta e não estava acostumado a fazer tudo a tinta, então isso pode ter me atrapalhado um pouco. Também estava acostumado a fazer provas olhando para o relógio e lá não podia usar. Mas deu para aprender bastante com essas falhas. 

Como foi sua rotina de estudos no ano seguinte, quando decidiu fazer cursinho?

Eu tinha aulas de manhã, das 7h às 12h40, voltava para casa, almoçava, cochilava e voltava ao cursinho umas 14h10 para ficar quase até as 21h. E ainda estudava um pouco em casa depois de jantar. Eu criei um plano de estudos e via que matérias iria estudar por dia. Às vezes acabava tudo antes do esperado e saia um pouco mais cedo, mas havia dias em que precisava deixar algumas matérias para depois.

Fora o cursinho, fazia algo mais?

Fazia curso de redação, porque era aquilo em que eu me saía pior e achei que valia a pena investir um pouco mais. O meu texto melhorou bastante. No Enem 2017 tirei 920, enquanto no ano anterior havia sido 840. Mas senti melhora mesmo no texto para a Unifesp e Fuvest, estilos em que foquei mais no curso. Ano passado eu tirei uns 36 pontos na redação [de 50] e este ano foi quase 48. De lazer, às vezes eu nadava, tocava piano, jogava videogame, mas o tempo era bem mais restrito do que nos outros anos. Algumas vezes saía com os amigos ou ia ao cinema, principalmente nas férias de julho. Praticamente todo fim de semana tinha simulado, então era difícil conciliar com outras atividades.

Você nos contou que teve dificuldade para retomar a rotina no segundo semestre. Como foi isso?

No fim do primeiro semestre eu estava bem exausto, estava passando muito tempo doente, com febre e nas últimas semanas acabei até atrasando as matérias. No começo das férias eu não consegui estudar por conta do cansaço físico. Estava pensando em desistir, voltar no outro ano, fazer uma espécie de metade de ano sabático. Nessa época, na verdade, eu estava ansioso, mas também aliviado que o primeiro semestre tinha acabado. Durante essa época de férias eu meio que me desliguei dos vestibulares, passei a sair com os amigos, jogar videogame e fazer o que fazia antes do cursinho. E, por isso, no fim das férias, voltei com um sentimento de culpa. Todo mundo falando que tirou as matérias atrasadas e eu com as mesmas matérias atrasadas do primeiro semestre.

Mas acho que foi bom relaxar. Voltei com mais gás para o segundo semestre, montei um plano de estudo novo. No primeiro semestre o meu plano de estudos não era tão seguido à risca, porque eu estava mais em casa e me distraía muito. Tinha a questão do celular, da televisão e o meu tempo de estudo era menor também. No segundo semestre decidi estudar no cursinho e aquele ambiente direciona muito ao estudo. Eu me motivava ao ver que todo mundo também estava estudando. Estendi um pouco mais o tempo de estudo e no segundo semestre comecei o curso de redação. Era bem mais exaustivo, mas emocionalmente me ajudou bastante, porque consegui recuperar a matéria acumulada e vi que estava tudo em dia.  

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Lucas na Faculdade de Medicina da USP, onde escolheu estudar. (Lucas/Arquivo pessoal)

Como foi trabalhar o seu emocional durante o ano? Você costumava ficar nervoso nas provas?

Tentei reproduzir o que seria feito no dia da prova já nos dias dos simulados. No simulado do Enem só podia caneta preta transparente, então só levava isso. Nos outros levava lápis também. Este ano teve um relógio na Fuvest, e isso me deixou mais confortável e me ajudou a filtrar as estratégias para melhorar o controle de tempo.

Batia alguma falta de motivação durante os estudos?

No segundo semestre acho que não me senti desmotivado. Em alguns dias não conseguia fazer o que tinha planejando, mas não via isso como algo tão ruim, porque sabia que no fim daria para dar um jeitinho. Isso já me prepara para a faculdade de fato. Estou feliz porque já tenho amigos estudando lá na Unifesp. Eu conversei bastante com eles durante o ano, eles me falavam como era e isso ia alimentando o meu interesse e a minha vontade de estudar para continuar. Agora estou bem ansioso para a matrícula.

Que dicas você pode dar para quem também quer passar em um curso concorrido?

O importante é se esforçar para cumprir as metas de cada dia e também não desistir. Eu pensei em desistir, mas no fim continuei e deu certo. É preciso saber descansar também. Além disso, minha família me apoiou bastante durante o ano no cursinho, sempre que eu me sentia em dúvida se era pra continuar ou não, falava com eles e me diziam que o importante era continuar se esforçando todo dia.

 

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Unifesp: 1º lugar em Medicina achava não ter estudado o bastante
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