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30 anos do fim da Guerra do Golfo: tudo que você precisa saber

Entenda as causas e consequências do conflito que pode aparecer nos vestibulares esse ano

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 26 fev 2021, 16h39 - Publicado em 26 fev 2021, 13h38

Há 30 anos chegava ao fim a Guerra do Golfo. Após o Iraque invadir o Kuwait, uma região estratégica por suas reservas de petróleo, o conflito tomou proporções internacionais. 

Por fazer aniversário em uma data redonda nesse ano, as chances do evento ser cobrado nos vestibulares é maior. Pensando nisso, GUIA conversou com Cristina Carmo, professora do Curso Poliedro, Luis Felipe Valle, professor do Colégio e Curso Oficina do Estudante e Thomas Wisiak, coordenador do Curso Etapa para destrinchar o que aconteceu e te deixar ainda mais preparado para as provas.

A região

A Guerra do Golfo é parte de uma série de conflitos na região do Golfo Pérsico. Segundo Wisiak, a região se caracteriza por abrigar a maior reserva de petróleo do planeta e despertar a cobiça das nações mais industrializadas há décadas. O Golfo Pérsico serve de passagem para navios petroleiros que abastecem diversos países. 

“Para além das características e riquezas naturais, outro destaque é o histórico das fronteiras políticas da região, que trazem a herança de uma dominação estrangeira desde o século 19 e disputas envolvendo árabes, persas e curdos, muçulmanos xiitas e muçulmanos sunitas”, diz Wisiak. 

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Uma dica do coordenador é conhecer um pouco do perfil de cada país da região, especialmente Irã, Iraque, Kuwait e Arábia Saudita. 

Causas

A causa mais imediata da guerra foi a invasão do Iraque ao Kuwait em 1990, ação que colocou em xeque as fronteiras na região. A Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução determinando a imediata retirada iraquiana.

Diante da recusa do ditador Saddam Hussein em voltar atrás na sua decisão, formou-se uma aliança militar ocidental e árabe, liderada pelos EUA. 

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Contexto

A Guerra do Golfo, assim como tantos outros conflitos, precisa ser analisada no contexto histórico e político em que ocorreu.

Valle explica que, entre 1990 e 1991, a Guerra Fria expôs o desgaste das alianças: Estados Unidos e  Iraque versus os países alinhados à URSS, como o Irã. Entre 1980 e 1988, Irã e Iraque estavam em guerra. Apesar da vitória contra o Irã, o Iraque encontrava-se economicamente debilitado e muito fragilizado pelos estragos de oito anos de guerra com o país vizinho, acreditando que receberia a ajuda dos EUA para sua reconstrução.

“Diante da suposta insatisfação com o descumprimento de promessas feitas pelo aliado norte-americano, o Iraque, sob comando de Saddam Hussein, invade o Kuwait, país que, apesar de pequeno, é muito rico em petróleo. As forças da Coalizão Internacional, com aval do Conselho de Segurança da ONU, passaram imediatamente a reconhecer o Iraque como inimigo”, diz o professor da Oficina do Estudante.

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Esse período de enorme instabilidade em uma das maiores regiões produtoras de petróleo do planeta produziu uma intensa elevação no preço do combustível. Esse fato ficou conhecido como o 4º choque do petróleo.

Saddam Hussein
Saddam Hussein (1937 – 2006) (Pinterest/Reprodução)

Consequências 

A campanha militar liderada pelos EUA durou pouco mais de um mês e em 28 de fevereiro de 1991 o Iraque declarou à ONU que aceitava todas as condições impostas para o fim do conflito. O Kuwait foi desocupado pelas forças iraquianas. No entanto, as tropa iraquianas provocaram um grande problema ambiental ao derramar petróleo nas águas do Golfo Pérsico, além de incendiar centenas de poços de petróleo kuwaitianos. 

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A vitória da Coalizão, liderada pelos EUA, custou cerca de 300 mortes do lado ocidental e 50 mil mortes do lado iraquiano, além de milhões de dólares gastos em armas desenvolvidas durante a Guerra Fria. Apesar da derrota, Hussein continuou liderando o Iraque. Em 2003, ele foi capturado em consequência do atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, realizado pelo grupo afegão Al-Qaeda, liderado por Osama Bin Laden.

Em março de 2003, o presidente dos EUA, George W. Bush, e  o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, justificaram uma Invasão ao Iraque como parte de uma missão da coalizão era “desarmar o regime iraquiano, encerrar o apoio de Saddam Hussein a organizações terroristas e libertar o povo iraquiano”. Valle explica que EUA e Reino Unido acusavam o Iraque de possuir armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas. Em dezembro do mesmo ano Hussein foi capturado por tropas americanas. Em 2006, o ex-ditador foi condenado à forca por crimes contra a humanidade.

A execução do líder sunita e o fortalecimento dos xiitas no Oriente Médio foi uma das principais motivações que levou ao surgimento de grupos extremistas reivindicando a volta do sunitas ao poder, como o Estado Islâmico.

Segundo Carmo, professora do Poliedro, um dos principais aspectos da Guerra do Golfo é que ele criou uma nova geopolítica na região, onde o Iraque vira um inimigo importante dos EUA. “Nasceu um sentimento de opressão por parte da população do Oriente Médio”, diz.

“Hoje, três décadas depois da Guerra do Golfo, ainda vemos conflitos no Oriente Médio custarem vultosas quantidades de dinheiro em armas, além de dezenas de milhares de vidas e o uso de tecnologias para a guerra em vez de garantir a paz e a liberdade entre os povos e combater problemas estruturais como a fome, a escassez de água e o acesso à saúde e educação em países que, apesar de ricos em petróleo, são assolados pela pobreza e pela repressão política interna e externamente há décadas”, afirma Valle.

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Na hora da prova

Segundo Carmo, vestibulares tradicionais cobram questões cronológicas. Desta forma, é possível que apareça questões como quais foram as causas da Guerra do Golfo, qual a questão da geopolítica do petróleo e utilizem mapas para localizar a região, por exemplo. Outros vestibulares podem fazer análises e críticas maiores traçando paralelos entre o início de todo o conflito e os seus desdobramentos.

O tema pode ser abordado em questões de História e Geografia, passando por aspectos naturais da região, com destaque para as reservas de petróleo e seus maiores produtores, a formação das fronteiras nacionais, além de aspectos da história política local, como o contexto de descolonização no pós Segunda Guerra, a influência do conflito entre Israel e Palestina, os efeitos da Revolução Iraniana de 1979, a guerra entre Irã e Iraque na década de 1980, o nacionalismo árabe e a questão do nacionalismo curdo.  

Valle, professor da Oficina do Estudante, afirma que, no geral, é importante entender a contextualização da situação geopolítica de países envolvidos em guerras e os interesses de cada nação em diferentes épocas. “Aliados podem se tornar inimigos e as justificativas para conflitos destrutivos podem ser contraditas décadas depois, mas o estrago feito pelas guerras é irreversível. Além disso, mesmo os conflitos em lugares geograficamente afastados, podem trazer consequências econômicas e culturais em escala global, já que vivemos cada vez mais numa sociedade interconectada e globalizada”, conclui.

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