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“A Obscena Senhora D”: resumo da obra de Hilda Hilst

Clássico mistura corporeidade com abstração, prosaico com erudito, especulação filosófica com loucura

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 5 out 2022, 17h40 - Publicado em 3 out 2022, 17h47

Para a protagonista deste romance de Hilda Hilst (1930-2004), a vida “foi uma aventura obscena, de tão lúcida”. O livro “A Obscena Senhora D“, segundo o crítico literário Alcir Pécora, “representa um momento de perfeito equilíbrio de desempenho, no qual se cruzam todos os grandes temas e registros da prosa de ficção que Hilda Hilst vinha praticando desde o início dos anos 70”.

Estão no livro, por exemplo, a mistura de corporeidade e abstração, do prosaico com o erudito, da especulação filosófica com a loucura, a união do mais degradado ao mais sublime.

Está presente, sobretudo, a recusa em se ater às normas, sejam as da sociedade burguesa, que ataca todos os que dela destoam, sejam do fazer literário: ritmos, estilos e gêneros se entrelaçam, estilhaçando os formatos narrativos habituais, para compor um painel como que alucinatório e hipnótico de uma consciência extremamente lúcida, mas em decomposição.

No fundo, Hilda Hilst é como uma Clarice Lispector (outra mestra da introspecção existencial) ainda mais radical – sem a mínima possibilidade de redenção.

Aliás, o argumento desse seu romance lembra um pouco a linha dramática de “A Paixão Segundo G. H.“, de Clarice. Em vez de estar confinada em seu apartamento, porém, Hillé, a obscena senhora, resolve se isolar no vão da escada de sua casa. Ali, revive sua relação com o amante recém-morto e examina o ódio da vizinhança, que não tolera sua atitude anticonformista.

Até que surge uma porca chagada em seu esconderijo (em Clarice, é a barata), e a compreensão, por meio do acolhimento visceral do Porco-Menino, o Construtor do Mundo, ocorre. Como disse o escritor Caio Fernando Abreu, outro admirador da escritora, “ninguém sairá ileso” da leitura desse romance.

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Hilda Hilst é um dos nomes mais controversos da literatura brasileira contemporânea. Nascida em Jaú, interior de São Paulo, iniciou-se, bem-comportada, na poesia, mas logo aderiu à dramaturgia e à ficção e a formas mais totalizantes de narrativa, capazes de englobar todos os gêneros. Ganhou vários prêmios. Apesar da consagração crítica, não teve boa acolhida junto ao público.

Refugiou-se durante 40 anos, até a morte, em sua chácara de Campinas, a chamada Casa do Sol. Ressentia-se, contudo, da relativa obscuridade. Numa tentativa de chamar a atenção para sua literatura, lançou uma trilogia dita obscena, composta de “O Caderno Rosa de Lori Lamby” (1992), “Contos de Escárnio & Textos Grotescos” (1990) e “Cartas de um Sedutor” (1991).

Puro jogo de cena. Hilda queria atingir o leitor em todos os níveis: intelectual, sensorial e, por que não, sexual.

Uma marca comum a todos os seus textos, independentemente do estado de fragmentação, estranheza e irreverência, está na comunicabilidade peculiar. Sua prosa assemelha-se a um discurso de um louco ou de um iluminado, no sentido de quem atingiu um grau sofisticado de percepção, o qual precisa ser comunicado de um modo igualmente complexo.

“A Obscena Senhora D” foi lançado em 1982. Em 1997, saiu na França, pela editora Gallimard, com tradução de Maryvonne Lapouge, que também verteu para o francês “Grande Sertão: Veredas“, de Guimarães Rosa.

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Título: A Obscena Senhora D

Autora: Hilda Hilst

Este texto faz parte do especial “100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira”, publicado em 2009 pela revista Bravo!

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Clássico mistura corporeidade com abstração, prosaico com erudito, especulação filosófica com loucura

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