A palavra norueguesa que não tem tradução, assim como “saudade” no português
Entenda como uma cultura é moldada pelo seu idioma!

Você já deve ter ouvido falar que a palavra “saudade”, da nossa Língua Portuguesa, não tem tradução direta para nenhum outro idioma do mundo. Isso porque outras línguas não contam com um único termo para expressar o “sentimento nostálgico e melancólico associado à recordação de pessoa ou coisa ausente”, na definição do Dicionário Michaelis. Mas nós estamos longe de ter o monopólio das palavras sem tradução. Na Dinamarca, por exemplo, eles têm o “hygge” (se pronuncia “rú-ga, com um A fechado), algo que a gente pode (tentar) traduzir como “aconchego”, mas que não é exatamente isso.
Apesar de ser uma palavra norueguesa, é no país atravessando o Mar do Norte que ela está mais presente do cotidiano. E a cultura explica: a busca constante pelo bem-estar. Abaixo, conheça a origem de hygge, o que ela significa e outras palavras espalhadas pelo mundo que também não tem tradução!
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Qual a origem de hygge?
Devido a união da Noruega com a Dinamarca, entre 872 a 1814, bokmål (buhk-mol) é uma das línguas oficiais do primeiro. O idioma é baseado no dinamarquês falado pelas altas classes na Noruega naquela época.
Bokmål e dinamarquês são basicamente o mesmo idioma, com algumas diferenças na gramática, vocabulário e pronúncia das palavras. Isso acontece porque ambas fazem parte da família de línguas escandinavas. Aprender uma não é garantia que você entenderá a outra, mas falantes de norueguês, dinamarquês e sueco conseguem se entender com alguma facilidade.
O norueguês não tem uma pronúncia oficial e todos os sotaques são considerados corretos, apesar do “oficial” na hora do aprendizado ser o da capital: Oslo. E aqui entra a parte curiosa. Hygge não é uma palavra usada com tanta frequência no norueguês. Já na Dinamarca, ela faz parte do vocabulário diário de todos, antes mesmo de viralizar e fazer sucesso nas redes sociais.
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Hygge: mais que uma palavra, uma filosofia de vida
Hygge significa “ter tempo de qualidade”. Apesar de na mídia o conceito estar muito conectado ao inverno, pela tradução mais literal como “aconchego”, quem vive o dia a dia da Dinamarca afirma que ela é válida para o ano todo. Hygge pode ser maratonar sua série favorita, passar uma tarde com os amigos, nadar no rio em um dia de calor ou, simplesmente, voltar para casa.
A palavra também virou uma espécie de filosofia depois da publicação do livro “Hygge: O segredo dinamarquês para viver bem”, do autor Meik Wiking. Na Dinamarca, não se defende o trabalho desenfreado e, por lá, as pessoas desfrutam de tempo livre.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca, os dinamarqueses estão entre os trabalhadores mais eficientes da Europa, mas não vivem apenas para trabalhar.
Manter o tempo do trabalho e da vida pessoal equilibrado é importante para eles, e os empregadores respeitam isso. No país, se trabalha oficialmente por 37 horas semanais, por volta de 7 horas e 24 minutos por dia na escala 5×2. Horas extras não são aconselhadas. Além disso, todos os negócios costumam fechar para as férias de julho e os funcionários têm direito legal a cinco semanas de férias remuneradas por ano.
Em comparação, no Brasil a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) estabelece que a jornada de trabalho não pode exceder 8 horas diárias e 44 horas semanais. Em muitos setores, pratica-se a escala 6×1.
E a caçada ao bem-estar é incentivada pelo governo: de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a região do Sul da Dinamarca desenvolveu uma métrica da “Vida Boa” para monitorar o bem-estar na região e seus municípios. Os 40 indicadores são organizados em 2 categorias: condições da comunidade e percepção das pessoas em relação à sua própria vida.
Uma vez ao ano, os cidadãos são convidados a avaliar o seu próprio nível de bem-estar, tanto no geral como em diferentes dimensões do bem-estar (tais como saúde, relacionamentos, etc.).
Uma extensa pesquisa nacional sobre saúde, “Como você está?” (“Hvordan har du det?”), também é realizada regionalmente a cada quatro anos pelo departamento de saúde da região do Sul da Dinamarca.
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Outras palavras sem tradução
Outros idiomas no mundo, como o espanhol e o coreano, também contam com palavras intraduzíveis. Como deu para perceber, isso acontece não apenas pelas diferenças entre um idioma e outro, mas também porque a língua diz muito sobre a cultura de um país.
Confira alguns outros termos:
- Madarim – 热闹 (rè nao): se refere a um local animado, atmosférico ou animado e edificante.
- Espanhol – sobremesa: tradição espanhola de permanecer à mesa após uma refeição, geralmente por um longo período, para conversar, relaxar e aproveitar a companhia de outras pessoas.
- Tagalog – kilig: aquela sensação de “borboletas no estômago” ao começar a gostar de alguém.
- Árabe – طرب (tarab): um estado de encantamento, êxtase ou emoção intensa induzida pela música, e também pode se referir à música em si.
- Coreano – 눈치 (nun-tchi): o poder de reconhecer rapidamente o coração e as intenções de outras pessoas, adiando a situação naquele momento.
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