Dentre as inúmeras cidades-fantasma que existem ao redor do mundo, uma em especial chama a atenção. É a pequena vila francesa de Oradour-sur-Glane, completamente destruída em um dos mais terríveis massacres de civis ocorridos na Segunda Guerra Mundial, e o maior da França. Suas ruínas permanecem intactas, exatamente como ficaram após o ataque dos soldados nazistas em 10 de junho de 1944.
A rua principal da antiga Oradour-sur-Glane (foto: Wikimedia Commons)
Nos restos de edifícios do vilarejo, pode-se ver objetos pessoais dos habitantes, como panelas, máquinas de costura e carros queimados pelas ruas. Além disso, em cada prédio consta uma placa relembrando o que funcionava ali, ou a quem pertencia a casa. A cidade permaneceu assim sob as ordens do presidente da França, Charles de Gaulle, após o fim da guerra, como símbolo de memória das atrocidades cometidas.
Até hoje, no entanto, não se sabe os motivos exatos que levaram os soldados alemães a cometer o massacre. Entenda abaixo:
A história
O dia 6 de junho de 1944 ficou marcado pela chegada das tropas dos Aliados (entre americanos, ingleses e canadenses) nas praias da Normandia, na França. Esse dia é conhecido como Dia D e marca o início das fortes ofensivas que levaram à derrota dos nazistas, um ano depois.
>> Dia D: A invasão da Normandia (Aventuras na História)
Pouco tempo depois, no dia 10 de junho, as tropas alemãs na França recebiam ordens de juntar-se aos combatentes na Normandia, para tentar deter o avanço dos Aliados. Nesse dia, um comandante de uma das tropas que estava a caminho recebeu a informação de que um de seus soldados tinha sido feito prisioneiro por um grupo de resistência na pequena vila de Oradour-sur-Glane, que à época tinha cerca de mil habitantes.
Entrada de Oradour-sur-Glane. Encostada à árvore, uma placa pede silêncio aos visitantes (foto: Wikimedia Commons)
À tarde, a tropa alemã cercou a cidade e convocou toda a população para a praça principal, onde separaram homens de um lado e mulheres e crianças de outro. Os homens foram levados a celeiros nos arredores, e as mulheres e crianças foram trancadas dentro da igreja da vila. Pouco depois, 190 homens nos celeiros foram fuzilados, sobrevivendo apenas cinco. A igreja, com mais de 450 mulheres e crianças, foi incendiada. Dentre elas, apenas uma mulher sobreviveu: Marguerite Rouffanche, que conseguiu pular, sem ser percebida, uma das janelas da igreja.
Depois do massacre, a tropa alemã ateou fogo à cidade e fugiu. O ataque resultou em 642 mortos. Até hoje, as ruínas do vilarejo são símbolo da resistência francesa durante a ocupação nazista. O mais curioso de sua história é que, ao contrário das outras cidades e vilas europeias destruídas por nazistas na Segunda Guerra, Oradour-sur-Glane é a única que não foi reconstruída. Uma outra vila, com o mesmo nome, foi construída ao lado, mas a original se mantém intocada.
Veja mais imagens da vila: (fotos: Wikimedia Commons)
Carro antigo em frente a uma residência destruída
Em uma das casas, é possível ver os restos de uma máquina de costura e outros objetos quebrados
Restos de uma boulangerie, espécie de padaria, chamada Thomas-Ragon
Carros queimados em uma antiga garagem
Em uma das casas, um fogão, e no canto esquerdo, panelas encostadas
O prédio dos correios à época
À direita, o prédio onde funcionava a escola infantil
A igreja onde foram trancadas as 452 mulheres e crianças