Coordenadora da Fuvest comenta as melhores redações do vestibular 2010
Órgão divulgou 53 redações do processo seletivo da USP consideradas ótimas. Para a professora, leitura é importante, mas treinar a escrita é essencial para fazer um bom texto
por Guilherme Dearo
Para uns, mais chegados em física e cálculos, por exemplo, ela é o grande desafio da prova da Fundação para o Vestibular (Fuvest) – talvez o maior pesadelo. Para outros, que ficam mais à vontade com Humanas e literatura, é um momento tranqüilo, quase prazeroso. Contudo, a preocupação do candidato é comum em ambos os casos: mandar bem na redação. Afinal, escrever uma boa dissertação ajuda a ganhar pontos preciosos no maior vestibular do país.
Se a resposta da pergunta “como fazer uma boa dissertação?” é o que todos procuram, dar uma olhada nas 53 redações do vestibular 2010 divulgadas pela Fuvest na última terça-feira (11) pode ajudar: todas elas foram consideradas “ótimas” pela banca examinadora.
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Como explica Maria Thereza Fraga Rocco, coordenadora de português e redação da Fuvest, as redações consideradas ótimas têm em comum o fato de atenderem ao tema proposto e às exigências básicas do gênero dissertação. “Essas 53 redações foram escolhidas ao acaso dentre todas as consideradas ótimas, há muito mais redações de alto nível, não apenas 53. E não são necessariamente redações nota 10”, explica Maria Thereza.
Segundo a professora, as redações ótimas estão dentro do tema proposto (“O Mundo por Imagens”) e do formato pedido, texto argumentativo. Elas também atendem aos critérios descritos no manual do candidato. “A estrutura também conta muito. É preciso argumentos sólidos, consistentes, uma sequência lógica de pensamentos”, diz.
Ela não acredita que o tema tenha sido difícil, como foi considerado por professores entrevistados pelo GUIA na época do vestibular. “Todos nós formamos imagens cotidianamente, temos imagens das coisas, das pessoas”, diz.
Ainda segundo Maria Thereza, a média das notas das redações vem subindo desde 2008. “O pessoal está se cuidando mais, está se preocupando mais em se preparar para a redação”, diz.
“Não há fórmula pronta”
Mas o aluno que dar uma olhada nas redações escolhidas não conseguirá deduzir uma fórmula precisa de como fazer uma boa dissertação. Para o professor Eduardo Antônio Lopes, professor de redação do Anglo Vestibulares de São Paulo e coautor do material de redação e português da instituição, a coletânea de redações mostra justamente que não há uma receita de como fazer uma boa redação.
“O que ganha ênfase entre essas redações é a variedade de abordagens, repertório cultural, argumentos e até estilos linguísticos. Serve para desmistificar, mostrar que não há uma fórmula para a boa dissertação”, diz Eduardo.
Para o professor, o repertório cultural se destaca entre as redações ótimas e é importante para o aluno estabelecer referências e exemplos no texto. “As redações mostraram argumentos originais, relevantes e até referências com alto nível de erudição. E há textos que não se destacam pelas referências, mas que aproveitam de forma ampla os dados presentes na coletânea, com clareza, lógica e boa progressão”, diz.
Letra feia não tira ponto
Outra grande preocupação dos alunos é com a caligrafia e as rasuras no texto. Muitos pensam que isso desconta pontos ou invalida a prova. Maria Thereza acaba com esse mito: “Letra feia não quer dizer nada para nós. Ela precisa ser legível, isso que importa. Não estamos preocupados com letra bonita. E também não há problema de rasura. Se o candidato risca a palavra ou trecho errado e escreve em seguida o correto, tudo bem”, diz.
O mesmo diz o professor Eduardo Antônio Lopes. “Dar uma olhada nessa relação de redações ajuda a acabar com diversos mitos. Elas são ótimas e mesmo assim têm rasuras, apresentam letra feia, são feitas com letra de fôrma, parágrafos de tamanhos variados”, afirma.
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O que fazer
“É preciso treinar muito a escrita, fazer umas duas redações por semana. É bom, claro, ler jornais, revistas e livros, mas você não pode se fixar na ideia de que só a leitura vai ajudar na escrita. Depende muito de treinar, escrever muito antes da prova”. (Maria Thereza Fraga Rocco)
“A leitura é importante para se preparar para a redação. Mas escrita é essencial, é preciso treino, prática. Você só aprende a tocar violão tocando-o, não apenas lendo teoria. Com redação é a mesma coisa. O repertório cultural também conta muito, então o candidato precisa ler jornais, revistas, livros, ir ao cinema, ao teatro, conversar com amigos e exercitar seu senso crítico, ter uma atitude reflexiva diante das coisas”. (Eduardo Antônio Lopes)
O que não fazer
“A redação não pode deixar de atender à proposta. Se ela fica completamente fora da temática, a redação não cumprirá seu papel. Se utiliza um gênero que não a dissertação, também não é válida”. (Maria Thereza Fraga Rocco)
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