“Espumas flutuantes”: resumo da obra de Castro Alves
Única obra publicada em vida pelo poeta, livro tematiza o amor, o erotismo e o lamento pela chegada da morte
Espumas Flutuantes foi o único livro de Castro Alves publicado em vida. Doente, sabendo que a morte estava próxima, organizou seus poemas que não pertenciam ao tema da escravidão e publicou-os em 1870. O livro reúne 53 textos, entre eles versões de poesias de autores como o francês Victor Hugo e o inglês Lord Byron.
Nesta obra, as características de Os Escravos também estão presentes: as imagens e a menção a elementos grandiloquentes da natureza (como mar, céu, tufão, sol), a presença abundante de recursos retóricos (largo uso de reticências e exclamações e figuras de linguagem como antíteses, hipérbatos, anáforas e apóstrofes). Enquanto no outro predomina a poesia de cunho social, aqui o principal tema é o amor. Ao retratá-lo, Castro Alves segue caminhos diferentes dos poetas das gerações anteriores: em vez do amor espiritualizado de Gonçalves Dias ou do onírico de Álvares de Azevedo, retrata suas musas com sensualidade quase erótica, em cenas em que demonstra maturidade no trato do feminino.
As biografias do poeta mostram que a inspiração para muitos desses versos vem do romance com a atriz portuguesa Eugênia Câmara. Suas experiências e inspirações amorosas refletem-se, por exemplo, em Boa-Noite (“Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos/ Treme tua alma, como a lira ao vento,/ Das teclas de teu seio que harmonias,/ Que escalas de suspiros, bebo atento!”), Adormecida (“Uma noite, eu me lembro… Ela dormia/ Numa rede encostada molemente…/ Quase aberto o roupão… solto o cabelo/ E o pé descalço do tapete rente”) e Hebreia (“Sim, fora belo na relvosa alfombra,/ Junto da fonte, onde Raquel gemera/ Viver contigo qual Jacó vivera/ Guiando escravo teu feliz rebanho…”), três dos melhores poemas.
Para o crítico Antonio Candido, Castro Alves, provavelmente por causa da inexperiência, deixou muitos versos de gosto duvidoso, sobretudo pela busca nem sempre eficaz da rima ideal, o verbalismo sem nexo em que por vezes incide. Mas, quando bem-sucedido, o poeta é capaz de apontar tendências parnasianas – no rigor da forma, nas descrições plásticas e precisas, nas imagens escultóricas e nas referências a elementos do mundo greco-romano.
Mas ele recebeu influências decisivas da geração ultrarromântica: a subjetividade, a paisagem que se incorpora aos dotes da amada ou do amante, os sentimentos impulsivos e explosivos. Admirava profundamente Byron, de quem também aproveitou a veia satírica, a exemplo de Álvares de Azevedo na segunda parte de Lira dos Vinte Anos.
Igualmente byroniano é o gosto pelo tema da morte, que não deixou de integrar Espumas Flutuantes – mas sem o tom dos ultrarromânticos. Castro Alves trata de temas comuns aos seus contemporâneos, mas sem copiá-los. Na verdade, ele “modelou as descobertas fundamentais do romantismo”, segundo Candido. Para o poeta, a morte era a interrupção de uma vida brilhante e de prazeres: “Morrer… quando este mundo é um paraíso,/ E a alma um cisne de douradas plumas:/ Não! O seio da amante é um largo virgem… Quero boiar à tona das espumas” (Mocidade e Morte).
Título: Espumas Flutuantes
Autor: Castro Alves
Esse texto faz parte do especial “100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira”, publicado em 2009 pela revista Bravo!
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