da redação
Moradores do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), situado no campus Butantã da USP, ocupam desde as 2h de hoje (18/03) a sala da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas) – órgão responsável pela moradia estudantil. Os estudantes reivindicam melhores condições habitacionais, mais apartamentos e o fim da vigilância de suas vidas pessoais pela guarda da USP.
A responsável pelo Coseas teve uma conversa informal com os manifestantes, mas o resultado da negociação não foi divulgado, informou a assessoria de imprensa da universidade.
DISCUSSÃO
Os alunos divulgaram uma carta afirmando que mais de cem novos alunos da USP solicitaram moradia emergencial para o início do ano letivo, mas estão sem “teto e sem condições materiais para estudar”. Os estudantes também alegam que a reitoria prometeu entregar novo bloco do Crusp em 2009 mas ele ainda está em obra.
A USP explicou que o número de solicitantes de moradia é sempre superior às 2.298 vagas oferecidas na capital e no interior do estado e, por isso, está construindo novos prédios em todos os campi. O novo prédio do Crusp terá 200 vagas e será inaugurado em meados de 2010, informou a assessoria da universidade.
A assessoria também afirmou que a maioria dos alunos que ficou sem o auxílio moradia (que pode ser uma vaga no Crusp ou uma bolsa de R$300) não se enquadra nos critérios socioeconômicos estabelecidos pela universidade. “Tem que atender a critérios, como ter renda familiar de até três salários mínimos”, completou.
Por enquanto, a USP ainda não comentou reivindicações que classifica como “subjetivas”, como o fim da vigilância das vidas pessoais dos moradores do Crusp. “Os porteiros e guardas anotam a hora em que entramos e saímos, quando chegamos com visita ou com compras. Nos tratam como criminosos sempre”, relatou uma moradora do Crusp.
Confira a carta de reivindicações divulgada pelos moradores do Crusp que ocupam a sala da Coseas:
"Diante da falta de vagas na moradia que deixou neste ano de 2010 mais de cem inscritos para alojamento emergencial sem um teto e sem condições materiais p/estudar;
Diante do atraso da reitoria na conclusão da obra do novo bloco da moradia que, segundo acordo, deveria estar pronto no início de 2009;
Diante das expulsões arbitrárias (despejo) de estudantes moradores do CRUSP sem aviso prévio, sem direito de defesa e durante a madrugada, chegando ao ponto de barrar o acesso dos despejados a qualquer um dos blocos da moradia;
Diante do fim do Programa Bolsa Trabalho, que deixou muitos estudantes de baixa renda sem condições de concluir seus cursos sem apoio financeiro;
Diante das irregularidades constatadas no processo de “seleção sócio-econômica” , realizadas pela Coordenadoria de Assistência Social da USP p/ concessão de bolsas;
Diante da tentativa de privatização do espaço da moradia cedido pela USP ao banco Santander sem consentimento dos estudantes e moradores do CRUSP;
Diante das péssimas condições a que são submetidos os trabalhadores dos restaurantes universitários administrados pela Coordenadoria de Assistência Social da USP e, principalmente dos restaurantes terceirizados por meio deste orgão e da reitoria desta universidade;
Considerando que a Coseas tem demonstrado por meio de suas políticas e provado, por meio de documentos (guardados a sete chaves), estar a serviço da vigilância e violência contra os moradores, por meio da elaboração de relatórios invasivos sobre a vida particular (práticas tipicas da ditadura militar);
Considerando, ainda, que a função de promover políticas de permanência estudantil não tem sido cumprida pela COSEAS, ao contrário, este órgão, a serviço da reitoria da USP, tem trabalhado sempre no sentido de dificultar o acesso do estudante aos programas de permanência;
Considerando que permanência estudantil e um direito!;
Nós, estudantes, moradores do CRUSP e candidatos sem vaga na moradia, resolvemos ocupar o espaço do térreo do bloco G, que originalmente era nosso mas estava sendo utilizado pela Coordenadoria de Assistência Social. Retomamos o espaço, queremos:
MAIS VAGAS NA MORADIA!
TRANSPARÊNCIA NOS PROCESSOS SELETIVOS PARA OS PROGRAMAS DE PERMANÊNCIA!
CONTRATAÇÃO DE MAIS FUNCIONÁRIOS E MELHORIA NAS CONDIÇÕES DESUMANAS DE
TRABALHO E ATENDIMENTO NOS RESTAURANTES!
FIM DAS EXPULSÕES ARBITRÁRIAS DE ESTUDANTES DA MORADIA!
FIM DO SERVIÇO DE VIGILÂNCIA E DA PRÁTICA DE VIOLÊNCIA IRREGULAR DA COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL!
AUTONOMIA DOS ESTUDANTES NO ESPAÇO DA MORADIA E NOS PROCESSOS SELETIVOS PARA OS PROGRAMAS DE PERMANÊNCIA!
CONCLUSÃO DAS OBRAS DO NOVO BLOCO DA MORADIA!"
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