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“Fogo morto” – resumo da obra de José Lins do Rego

Entenda o enredo da obra

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 12 abr 2018, 15h30 - Publicado em 28 set 2012, 21h18

Obra-prima de José Lins do Rego, esse romance regionalista mostra o declínio dos engenhos de cana-de-açúcar nordestinos e traça amplo perfil das figuras decadentes que giravam em torno dessa atividade econômica.

– Leia a análise de Fogo Morto

Resumo
Primeira parte: “O mestre José Amaro”
Seleiro renomado da região, Mestre José Amaro vive nas terras pertencentes ao Seu Lula. A dedicação do homem ao ofício consome a saúde, conferindo-lhe um aspecto doentio. Mora inicialmente com a filha Marta, uma solteirona que acaba enlouquecendo, e com a mulher, Sinhá.

José Amaro reside na beira da estrada, localização que favorece o contato com vários personagens que passam pelo caminho. Entre as principais figuras com as quais desenvolve suas conversas estão o Capitão Vitorino Carneiro da Cunha, de quem se apieda pelo modo como é tratado pelo povo da região; o cego Torquato e Alípio, mensageiros do Capitão Antônio Silvino, cangaceiro temido da região. O mestre admira e respeita o cangaceiro, por considerá-lo o vingador dos pobres e explorados.

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Em certo momento, Marta tem um forte ataque de convulsão nervosa e José Amaro a espanca no intuito de curá-la. Em virtude de seu semblante doentio e da insônia, que o leva a vagar pelas madrugadas nas ermas estradas da região, José Amaro é amaldiçoado pelo povo, que o acusa de ser um lobisomem. Homem orgulhoso, que sempre se gabava de trabalhar apenas para quem lhe aprouvesse, o mestre se indispõe com o dono da terra em que vivia, de onde acaba sendo expulso.

A tragédia do personagem se completa com a internação da filha, que enlouquece, e com a fuga da mulher, que teme sua figura doentia e vai aos poucos acreditando nas histórias do povo, até enxergar no marido a figura maldita do lobisomem.

Seu fim trágico só será revelado na terceira parte do livro: entregue à própria sorte, José Amaro é preso e humilhado pela tropa do Tenente Maurício, acusado de colaborar com o Capitão Antônio Silvino. Perdido irremediavelmente o orgulho, único bem que possuía, o mestre se suicida.

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Segunda parte: “O Engenho do Seu Lula”
Para contar a história do personagem Luís César de Holanda Chacon (Seu Lula), o narrador promove um recuo temporal rumo à época da construção do Engenho de Santa Fé. O fundador do engenho fora o capitão Tomás Cabral de Melo, que chegou à região, um sítio próximo ao engenho Santa Rosa, e criou um dos maiores engenhos do local, conquistando o respeito e a admiração de todos.

Homem sério e trabalhador, o capitão trouxera para a região gado de primeira ordem, escravos e a família. Construído seu imenso patrimônio, faltava a ele uma única realização: casar a filha – que tocava piano e havia estudado no Recife – com um homem digno de sua educação. Rejeitando todos os pretendentes da região, por não terem os requisitos necessários, o capitão começa a se preocupar com a idade da filha e com sua condição de solteira.

É quando chega de Pernambuco o filho de Antônio Chacon, homem de coragem e muito admirado pelo capitão. O nome do rapaz é Luís César de Holanda Chacon. Fino e estudado, é considerado pelo capitão Tomás um ótimo partido para a filha e para suas ambições.

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Depois de casado, o capitão percebe que o genro não se interessa pelo trabalho do engenho e passa a considerá-lo um leseira (pessoa tola ou preguiçosa) para os negócios. Após a morte do capitão, essas suspeitas se confirmam. Seu Lula, como passou a ser chamado, mostra-se um senhor de engenho autoritário, que impõe severos castigos aos escravos e lidera sua família e o engenho sem o talento nem o trabalho do capitão Tomás. Dessa forma, o engenho entra em decadência e, após a abolição da escravatura, os escravos debandam e o engenho deixa de produzir açúcar (torna-se “fogo morto”).

Comandando tudo de forma autoritária, Seu Lula proíbe sua filha Neném de namorar um moço de origem humilde e a moça acaba virando motivo de chacota na cidade. Após um ataque epilético, Seu Lula passa a se entregar à religião sob influência do negro Floripes. Por fim, acaba gastando todo o dinheiro que havia recebido de seu sogro como herança. Esta parte do livro se encerra com a famosa frase “Acabara-se o Santa Fé”.

Terceira parte: “O Capitão Vitorino”
Capitão Vitorino é uma personagem que perambula pelas estradas, como um cavaleiro errante, ostentando um poder e uma dignidade que está longe de possuir, sendo uma paródia de Dom Quixote de La Mancha. O capitão vive, assim como Mestre José Amaro e Seu Lula, em uma realidade muito diferente da que tenta aparentar.

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Certo dia, o capitão Antônio Silvino invade o engenho Santa Fé após saquear a cidade do Pilar. Ao tentar defender o engenho, Capitão Vitorino é agredido. Porém, ele é salvo com a intervenção de José Paulino. Com a chegada da polícia, todos são presos. Após ser liberado, Vitorino pensa em seguir carreira política na região.

Personagens
Mestre José Amaro: é branco e sente-se orgulhoso por isso. É explorado por seu patrão, mas sabe que não tem outra alternativa. Trabalhador livre, tem coragem e apoio do cangaço.
Seu Lula (Lúis César de Holanda Chacon):
preguiçoso e autoritário, acaba perdendo toda a herança que recebeu e arruinando o Engenho Santa Fé. Após perder tudo, refugia-se na religião.
Capitão Vitorino Carneiro da Cunha (Papa-Rabo): é o defensor dos mais pobres e dos oprimidos. Embora plebeu, por ter parentesco com o Coronel José Paulino, diz-se capitão.
Coronel José Paulino: poderoso senhor de engenho.
Sinhá e Marta: respectivamente mulher e filha do Mestre José Amaro.
Amélia: esposa do coronel Lula.
Adriana: esposa do Capitão Vitorino.
Capitão Antônio Silvino: chefe dos jagunços que atemorizam os senhores de engenho e políticos da região, lembra a figura do lendário Lampião.
Tenente Maurício: chefe das tropas do governo, é antagonista do Capitão Antônio Silvino.

Sobre José Lins do Rego
José Lins do Rego nasceu no engenho Corredor, em Pilar (Paraíba), no dia 3 de junho de 1901. Foi criado no engenho de seu avô materno, uma vez que seu pai era muito ausente e ele era órfão de mãe. Formou-se em 1923 na Faculdade de Direito do Recife, Pernambuco. Durante sua época de estudante começou a escrever contos e artigos com temática política, vindo a manter amizade com diversos escritores e intelectuais importantes da época. Dentre eles, destaca-se o sociólogo e escritor Gilberto Freyre, uma de suas maiores influências.

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Casa-se em 1924 com Philomena Massa, com quem terá três filhas. No ano seguinte, torna-se promotor público em Minas Gerais, mas transfere-se em 1926 para Maceió (Alagoas). Em Maceió, José Lins do Rego irá conviver com o meio literário formado por Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima e outros, vindo a formar sua consciência regionalista. Sua obra de estreia, “Menino de Engenh”o, foi publicada em 1932 e recebeu o prêmio da Fundação Graça Aranha.

Em 1935, muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa o restante de sua vida. Em 15 de setembro de 1955 é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Dois anos depois, em 12 de setembro de 1957, falece no Rio de Janeiro.

Suas principais obras são: “Menino de Engenho” (1932), “Doidinho” (1933), “Bangüê” (1934), “Usina” (1936), “Riacho Doce” (1939) e “Fogo Morto” (1943).

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Estudo
“Fogo morto” – resumo da obra de José Lins do Rego
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