“É sempre possível que o vestibular peça paralelos com a atualidade. Mas o mais comum é pedir paralelos entre as obras obrigatórias”, afirma Fernando Marcílio Lopes Couto, professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino, elencando algumas dessas relações.
A primeira é com Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos – trabalho contemporâneo ao de Jorge Amado. Os dois livros abordam problemas sociais: Vidas Secas aponta mazelas da realidade rural, enquanto Capitães da Areia foca a realidade urbana, diferencia o professor.
Couto destaca ainda que o texto de Amado pode aparecer no vestibular relacionado a problemas atuais de moradia, o que também pode ocorrer com outra novidade da Fuvest 2010, O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo. “Esses dois livros apontam diretamente para a questão urbana”, afirma o professor.
Já o livro de Eça de Queirós A Cidade e as Serras (1901) guarda relação mais sutil com os conflitos da vida em cidades, lembra Couto. Segundo o professor, esse romance mostra a transição na vida de um homem (Jacinto) que vivia rodeado por riqueza em uma grande cidade (Paris), mas, infeliz, larga tudo para viver no campo português, onde encontra a felicidade.
Por fim, o professor relaciona Pedro Bala, de Capitães da Areia, a Leonardinho, protagonista de (1854). Ambos são anti-heróis, porque ocupam o centro das histórias e são caracterizados negativamente. Bala é um menino assaltante, Leonardinho, um malandro, que vive de bicos e não tem família constituída.
ENREDO
Capitães da Areia, novidade da Fuvest 2010, foi publicado por Jorge Amado em 1937 e narra a história de um grupo de garotos de rua que se unem para assaltar pessoas e residências em Salvador.
“Amado tem uma visão piedosa dessas crianças. Destaca que elas cometem os crimes porque são abandonadas. Não que ele apoie o roubo, mas é simpático aos garotos e tenta retratar as causas da situação”, comenta o professor Fernando Couto.
Entre as personagens do livro, ele destaca Pedro Bala, líder do grupo de garotos e protagonista da história. “Ele passa de menino de rua a trabalhador engajado por melhores condições de vida e de trabalho. É o fio condutor da história”, declara Couto.
Outras personagens lembradas por Couto são Dora – amada de Pedro, que morre muito doente e abala o protagonista – e o padre José Pedro – que tenta levar os meninos para o caminho do bem e, apesar de não conseguir, trata-os com mais apreço que ninguém.
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