O que é ábaco mental, técnica de matemática que cria calculadora invisível
Método milenar ensina a realizar cálculos usando somente a visualização do ábaco

Com o app da calculadora a um toque de distância no celular, cultivar o hábito de fazer cálculos mentalmente parece cada vez mais difícil. Seja na hora de dividir a conta no almoço ou parcelar aquela compra online, é quase natural pegar o smartphone para dar uma mãozinha. O problema é que nas provas, seja um concurso ou vestibular, não tem para onde escapar! Nestes momentos, uma técnica ancestral pode ajudar quem anda sofrendo com as contas de cabeça: o ábaco mental.
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O ábaco tradicional, você talvez já conheça. Originado na China, há mais de 1.800 anos, trata-se de um instrumento simples, composto por duas colunas, ligadas por dez linhas horizontais e 100 bolinhas (também chamadas de ‘contas’) que deslizam por elas (são 10 itens por linha). Assim como uma calculadora, o ábaco permite realizar desde operações simples, como adição, subtração, multiplicação e divisão, até cálculos mais complexos, como extração de raízes.
Só que há uma grande diferença: não vai pilhas, não é conectado na tomada e nem nada do tipo. Trata-se de um objeto totalmente analógico — e que demanda o uso do cérebro. Quem vê de longe, pode até confundi-lo com um brinquedo!
Hoje, o ábaco continua presente em países asiáticos e é adotado até mesmo por algumas escolas brasileiras.
Veja no vídeo abaixo o funcionamento de um destes objetos na prática:
O ábaco mental
O ábaco mental seria a evolução desse instrumento milenar. Ou melhor, seria a transposição do objeto para dentro da cabeça. O estudante, após dominar o uso do ábaco físico, aprende a “visualizar” o ábaco em sua própria mente. Ao invés de deslizar as contas com os dedos, realiza mentalmente todos os passos do cálculo, como se internalizasse a estrutura e aprendesse a manipular as contas de maneira imaginária.
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Pareceu complexo demais? Antes de já desistir da ideia, saiba que essa não é uma habilidade reservada somente aos gênios ou prodígios. Com treinamento consistente, qualquer pessoa pode se tornar capaz de realizar cálculos apenas com a técnica do ábaco mental. O aprendizado começa geralmente com operações simples no ábaco físico, para que o estudante memorize a disposição das contas e assimile a lógica de movimentação.
Com o tempo, práticas de visualização e repetição permitem que ele “construa” uma espécie de ábaco imaginário, simulando cada operação como se estivesse de fato movendo as contas com os dedos. Um dos métodos ensinados às crianças da China é pedir que os estudantes fechem os olhos, ou fixem o olhar em um ponto, enquanto mentalizam cada movimento de conta correspondente à operação.
É comum que alunos mais jovens ou inexperientes movam os dedos, como se estivessem manuseando o ábaco real, para ajudar na memorização dos movimentos. Conforme a prática avança, ele logo passa a fazer sem a “ajuda” das mãos — como a rodinha da bicicleta, sabe?
Soroban
No Japão, onde o instrumento também é conhecido como soroban, são comuns concursos com estudantes que utilizam o método do ábaco mental. Um professor dita as operações em voz alta enquanto os alunos vão fazendo os cálculos simultaneamente. Ao terminar, o primeiro que responder corretamente segue para a próxima etapa.
Por lá, o soroban teve um papel importante na reconstrução do país após a Segunda Guerra Mundial. A popularidade do instrumento se consolidou nesse período e centenas de escolas de soroban foram abertas no país. Hoje, é comum que estudantes participem de aulas particulares de soroban durante a infância, e existe até mesmo uma hierarquia que define o seu nível de aptidão, tal qual nas artes marciais.
A versão mental da técnica é considerada uma verdadeira “ginástica cerebral”, uma vez que estimula as regiões do cérebro associadas à memória, ao raciocínio lógico e à concentração. Acredita-se que o praticante, de qualquer idade, pode aprender a se organizar melhor mentalmente, reduzir distrações e aprimorar a capacidade de resolver problemas. E aí, vai tentar?
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