Quando os super-heróis viraram os vilões da história
Estamos falando do final da década de 1940, quando as histórias em quadrinhos foram acusadas de serem subversivas e impróprias para crianças
Se hoje histórias de super-heróis lotam salas de cinema e batem recordes de bilheteria – a de Vingadores Ultimato, por exemplo, já rendeu US$ 2,7 bilhões – saiba que nem sempre foi assim. Houve uma época em que eles eram mal vistos por algumas pessoas. Estamos falando do final da década de 1940, quando as histórias em quadrinhos foram acusadas de serem subversivas e impróprias para crianças. E um homem foi o culpado por todo um movimento de censura nas HQs: o psiquiatra Frederick Wertham.

Embora os quadrinhos existam desde o final do século XIX, publicados inicialmente em jornais, a popularização só veio a partir da década de 1930, quando foram criadas revistas exclusivamente com as histórias desenhadas. Com a expansão do gênero, em 1947, Frederick Wertham escreveu um artigo na edição de maio do Saturday Review of Literature acusando-os de serem “violentos e carregados de perversões sexuais”. O argumento para isso era um pouquinho polêmico (e discutível): segundo ele, 90% dos menores delinquentes em Nova York liam gibis; logo, eles seriam responsáveis pela criminalidade.

A partir daí, a sociedade americana se agitou de tal forma que houve até a queima de revistinhas em algumas cidades. Em um texto publicado pela Aventuras na História, conta-se que os alvos prediletos do psiquiatra eram Super-Homem, Mulher Maravilha e Batman. O psiquiatra Wertham, aliás, foi o primeiro a falar que o homem-morcego era gay. E motivou a criação do mordomo Alfred – para colocar ordem na casa de Bruce Wayne.
Seu livro mais famoso, “A Sedução dos Inocentes” (1954), conseguiu atrair a atenção do Congresso americano, que pressionou as editoras de quadrinhos a criarem um código de ética, conhecido por Comics Code Act. O objetivo era que os conteúdos fossem censurados na própria fonte.