O século 16 teve como uma de suas manifestações mais profundas o processo de reformas religiosas, responsável por quebrar o monopólio exercido pela Igreja Católica na Europa e pelo advento de uma série de novas religiões que, embora cristãs, fugiam aos dogmas e ao poder imposto por Roma, as chamadas religiões protestantes.
Mais do que apenas um movimento religioso, as reformas protestantes inseriram-se no contexto mais amplo que marcou a Europa a partir da Baixa Idade Média, expressando a superação da estrutura feudal tanto em termos da fé como também em seus aspectos sociais e políticos.
Reforma de Calvino
A primeira tentativa de reforma religiosa se deu na Suíça com o religioso francês João Calvino, que reconhecia os princípios da predestinação – segundo a qual apenas alguns homens estão destinados à salvação – e da justificação pela fé. No entanto, pregava que as atividades comerciais e financeiras eram vistas com bons olhos por Deus e, portanto, em vez de condená-las, as encorajava. Ao justificar a moral da ascendente burguesia, o calvinismo difundiu-se ainda mais que o luteranismo.
Reforma Inglesa
Na Inglaterra, a reforma foi desencadeada pelo rei Henrique VIII. Foi ele que fundou a Igreja Anglicana da qual era líder supremo. Após ser excomungado pelo Papa, confiscou as terras católicas e extinguiu mosteiros. As propostas da nova religião em muito se assemelhavam às do catolicismo, o que resultou em sérios conflitos com os puritanos no século XVII.
Contrarreforma
A reação católica à expansão das doutrinas protestantes ficou conhecida como Contrarreforma. O Papa Paulo III convocou, em 1545, o Concílio de Trento, que condenou o protestantismo e reafirmou os princípios católicos. A Inquisição foi reativada e se instituiu o Index Librorum Prohibitorum – uma lista de livros proibidos aos católicos. Mas algumas reformas internas foram empreendidas: decidiu-se regular as obrigações do clero e o excesso de luxo na vida dos religiosos. A Contrarreforma não conseguiu acabar com o protestantismo, apenas freou sua expansão. Um de seus maiores êxitos doi a disseminação da fé católica pelas colônias euroeias – inclusive o Brasil – trabalho realizado pela Companhia de Jesus, a ordem dos jesuítas, criada em 1534. É graças a ela que a América Latina comporta o maior número de católicos no mundo.
Em todo esse contexto, não se pode deixar de lado a influência do Renascimento Cultural, no sentido de que foi ele que primeiro rompeu com a dominação cultural exercida pela Igreja Católica na Idade Média. O Renascimento possibilitou a aceitação de visões de mundo diferentes daquelas impostas pela Igreja Católica, ao quebrar o quase monopólio intelectual que a Igreja exercia na Idade Média.
Num certo aspecto, as Reformas Protestantes são filhas do Renascimento, e representaram, como este, uma adequação de valores e de concepções espirituais às transformações pelas quais a Europa passava – nos campos econômico, social e cultural.