por Fábio Brandt
O Brasil já tem base para ser uma das grandes economias do mundo, mas ainda deve criar meios para se tornar uma sociedade decente, afirmou Fernando Henrique Cardoso. Ele proferiu na manhã de hoje (24/03), uma palestra sobre a relação do Ensino Superior com o futuro do país, em São Paulo.
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Segundo o ex-presidente, as decisões estratégicas para o futuro do país dependem da produção de conhecimento nas universidades, que já melhoraram muito a qualidade de suas pesquisas e técnicas de estudo. Mas a capacidade da universidade de dialogar com a sociedade e criar valores, isso não [progrediu], avaliou o ex-presidente da República.
Fui presidente por oito anos e nunca nenhum pesquisador me entrevistou. Mas escreveram muita bobagem sobre mim, tamanha é a separação entre a universidade e a vida, exemplificou Fernando Henrique.
MUDANÇA
Para alterar a atual situação será necessária uma revolução no ensino, indicou Fernando Henrique. Ele defendeu que devem ser revistos os padrões de ensino, desde o conteúdo ensinado até a forma de relacionamento entre professores e alunos.
O conteúdo do ensino tem que mudar. Essa é a revolução, disse FHC. Ele exemplificou dizendo que as novas tecnologias, como a internet, fazem com que as crianças aprendam mais rápido do que os professores conseguem ensinar, causando desinteresse pelas aulas.
Além disso, muitos conteúdos da escola básica e superior podem ter perdido sua pertinência. Eu estudei latim. Mas para quê?, brincou Fernando Henrique, acrescentando: hoje não tem mais latim, mas tem vários outros latins [no currículo].
PRÓXIMO GOVERNO
Para FHC, o ano eleitoral é adequado para discutir as mudanças necessárias para a educação. Deve-se aproveitar o momento para debater possibilidades de mudança baseada em hipóteses como incorporar metodologia mais informal de ensino, disse o ex-presidente, mencionando que se registra maior interesse e menor evasão de escolas como as de música, futebol e informática.
Também é preciso definir a forma como será financiada a revolução na educação, que implica a contratação de gente nova para trabalhar na área e proporcionar melhor formação para os professores, entre outras medidas.
Admitindo que sob sua presidência o país teve a porcentagem do PIB composta por impostos elevada de 26% a 36% (porque o crescimento da democracia exigiu), Fernando Henrique disse que não é mais possível aumentar os impostos, deve-se estudar outras formas de arcar com o aumento de gastos necessário à educação. Tem muito recurso mal usado, sentenciou.
FÓRUM
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