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“Romanceiro da Inconfidência”: análise da obra de Cecília Meireles

Obra-prima da poeta, livro narra os episódios da Inconfidência Mineira e consagra a técnica da autora

Por Redação do Guia do Estudante
28 nov 2022, 19h09

Há quem diga que, desde pequena, Cecília Meireles já estava marcada pelo “signo da ausência”. Quando nasceu, em 1901, no Rio de Janeiro, seu pai e três irmãos haviam morrido. A sua mãe deixou-a órfã aos 3 anos. Desse momento até a sua estreia como poeta, aos 18 anos, consolidou-se um estilo que sofreria poucas mudanças ao longo da vasta obra que deixou: a predominância de uma linguagem marcadamente simbolista, envolta sempre por uma “certa ausência do mundo”, característica que a escritora julgava seu principal defeito. Mas, para a crítica, era uma das grandes qualidades de sua produção, que ainda renderia uma obra um pouco destoante dessa poética: Romanceiro da Inconfidência (1953).

Nessa sua obra-prima, “uma narrativa rimada”, como a própria Cecília definiu, contam-se os episódios da Inconfidência Mineira (1789), que terminou com a morte de Tiradentes. E que, como afirmou a poeta em conferência, não haviam sido devidamente abordados pelos escritores contemporâneos. Romanceiro, como sugere o nome, é um conjunto de romances, entendido nesse caso como um gênero de origem medieval, com poemas épico-líricos transmitidos oralmente. Em geral, esses romances relatavam os feitos de povos e heróis. “O Romanceiro Cigano” do espanhol Federico García Lorca, influenciou Cecília na concepção.

Antes de chegar ao episódio histórico propriamente, o poema passa pelos ciclos do ouro e do diamante, que afirma serem erigidos sobre a cobiça e a barbárie. Traz capítulos inteiros sobre alguns dos protagonistas – como os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Composto por 85 romances, além de cenários e falas, Romanceiro é fruto de um trabalho exaustivo de pesquisa e concepção. Tratava-se, seguramente, da maior empreitada de sua carreira.

Logo na abertura do livro, em Fala Inicial, já se estabelecem os parâmetros com os quais o poema será construído: “Não posso mover meus passos/ por esse atroz labirinto/ de esquecimento e cegueira/ em que amores e ódios vão […] Não choraremos o que houve,/ nem os que chorar queremos:/ contra rocas de ignorância/ rebenta a nossa aflição“.

O sentimento da dúvida – que aparece ao longo de todos os poemas – denuncia a arbitrariedade dos fatos e da história. Não há como distinguir entre verdade e mentira, lealdade e traição. A linguagem de inspiração simbolista utiliza-se do tom de mistério e de imaterialidade para envolver os inconfidentes em seu contexto e prenunciar-lhes o fim. Às vezes, investe em uma voz de perplexidade. A eficiência dos versos do Romanceiro se deve ao uso preciso que Cecília faz de sonoridades e rimas, da tensão e distensão dos versos, que assumem formas distintas de acordo com o assunto de que tratam.

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Cecília morreu no Rio de Janeiro, em 1964. Dedicou-se ao magistério no ensino primário e foi professora de literatura brasileira nas Universidades do Distrito Federal e do Texas, nos Estados Unidos. É também autora, entre outros, de Viagem (1939), Vaga Música (1942), Doze Noturnos de Holanda e O Aeronauta (1952) e Mar Absoluto (1945).

O GUIA DO ESTUDANTE tem um podcast focado nas obras obrigatórias dos vestibulares, o Marca Texto. Na primeira temporada conversamos com com professores do curso pré-vestibular Anglo sobre os livros cobrados na Fuvest, inclusive Romanceiro da Inconfidência. No episódio do link, você encontra o resumo, interpretação, contexto histórico e análise de personagens da obra. Dá o play e bom estudo!

Título: Romanceiro da Inconfidência
Autor: Cecília Meireles

Esse texto faz parte do especial “100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira”, publicado em 2009 pela revista Bravo!

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Obra-prima da poeta, livro narra os episódios da Inconfidência Mineira e consagra a técnica da autora

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