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Veja 4 curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna de 1922

A Semana de Arte Moderna trouxe inovações na música, na literatura, na escultura e na pintura

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 27 Maio 2019, 17h58 - Publicado em 11 fev 2015, 21h41

O maior marco do movimento modernista brasileiro completa 93 anos! A Semana de Arte Moderna teve início no dia 11 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo, e seus efeitos e repercussões marcaram definitivamente a arte, a arquitetura e a cultura brasileira dos anos seguintes.

A intenção dos seus organizadores era renovar e recriar uma arte genuinamente brasileira, mas, ao mesmo tempo, de acordo com as novas tendências que já estavam a todo vapor na Europa. A Semana de Arte Moderna trouxe inovações na música, na literatura, na escultura e na pintura, com nomes como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret. Por promover mudanças um tanto radicais para a época, acabou sendo alvo de críticas e polêmicas.

Veja 4 curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna de 1922

Capa do catálogo da exposição, desenhado por Di Cavalcanti. (Imagem: Acervo/Theatro Municipal de São Paulo)

Veja quatro fatos curiosos sobre a Semana:

1. Monteiro Lobato foi ferrenho opositor dos modernistas

As raízes do Modernismo brasileiro, e da própria Semana, vêm de um acontecimento de cinco anos antes. Em 1917, Anita Malfatti, recém-chegada da Europa, montou uma exposição com suas obras em São Paulo, considerada a primeira exposição modernista do Brasil. No dia 20 de dezembro, o escritor Monteiro Lobato publica um artigo no jornal O Estado de S. Paulo que sacudiu a sociedade e a crítica.

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Com o título de “Paranoia ou mistificação?”, o artigo-bomba critica ferozmente a exposição de Malfatti, apesar de reconhecer seu talento. Ao longo do texto, ele diz que as formas distorcidas e abstratas representadas nas obras modernistas seriam fruto de “cérebros transtornados por psicoses” e defende a arte tradicional da época, dizendo que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis”. O resultado: uma extensa briga entre defensores dos movimentos modernistas e apoiadores da arte clássica.

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Mário de Andrade (sentado, à frente), Anita Malfatti (sentada, à direita) e Zina Aita (ao lado de Anita). (Imagem: Wikimedia Commons)

2. A Semana foi financiada pela oligarquia paulista

Com o artigo de Monteiro Lobato, os autores e artistas modernistas começaram a planejar os próximos passos para a difusão do movimento no cenário brasileiro. Mário de Andrade e Oswald de Andrade, que também eram jornalistas, usavam de seu espaço nos jornais para expor o Modernismo e defendê-lo das críticas. Surgiu, então, a ideia de fazer a Semana de Arte Moderna, no suntuoso Theatro Municipal de São Paulo e no mesmo ano em que a declaração de Independência completaria 100 anos. A data escolhida foi simbólica e representaria a “segunda” independência do Brasil – mas, desta vez, no sentido artístico.

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Nesse momento, o apoio da elite paulista foi fundamental. À época, em pleno auge do período das oligarquias na República Velha, a oligarquia paulista tinha interesse em tornar São Paulo uma referência em criação cultural, posto que era ocupado pelo Rio de Janeiro. Além disso, o início da efervescência paulista passou a se contrapor ao conservadorismo carioca, que era bem mais tradicional no ramo das artes e, por isso mesmo, tinha um estilo mais consolidado e conservador. Assim, a Semana de Arte Moderna foi amplamente financiada pela elite cafeeira, que tomou a frente do evento que teria projeção nacional.

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“O homem amarelo” e “A estudante russa”, obras de Anita Malfatti que foram expostas na Semana. (Imagens: divulgação)

3. Era para ser uma semana, mas só durou três dias

Talvez porque a intenção fosse, de fato, experimentar e provocar mudanças, a Semana de Arte Moderna, na verdade, durou apenas três dias, alternados. O evento esteve anunciado e programado para ocorrer entre os dias 11 e 18 de fevereiro, mas o Theatro foi aberto para as exposições nos dias 13, 15 e 17.

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Em cada dia, as apresentações foram divididas por tema: no dia 13, pintura e escultura; no dia 15, a literatura; e no dia 17, a música. Ironicamente, alguns dos nomes mais importantes do Modernismo não estiveram presentes na Semana. É o caso de Tarsila do Amaral, provavelmente a pintora mais conhecida do movimento, que estava em Paris, e Manuel Bandeira, que ficou doente e faltou à declamação do seu próprio poema, Os sapos, no segundo dia.

4. O público não gostou

Toda aquela modernidade não agradou o público. As pinturas e esculturas, de formas estranhas, fizeram os visitantes se perguntarem se os quadros estavam pendurados da maneira certa. Os poemas modernistas eram declamados entre vaias e gritos da plateia. Conta-se, inclusive, que no último dia o músico Heitor Villa-Lobos entrou para sua apresentação calçando sapato em um pé e chinelos no outro, o que foi considerado um desrespeito pelo público presente. Não deu outra: ele foi vaiado furiosamente. Depois, o maestro explicou que fora calçado assim porque estava com um calo no pé.

A reação dos visitantes ecoou entre os especialistas, que tratou o movimento como desimportante e retomou as críticas vorazes de Monteiro Lobato. De fato, à época, a Semana de Arte Moderna não teve tanta importância. Mas, nos anos seguintes, o evento passou a ser considerado o marco que inaugurou o Modernismo no país e provocou os efeitos sentidos em todos os aspectos da cultura brasileira.

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A Semana de Arte Moderna trouxe inovações na música, na literatura, na escultura e na pintura

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