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Alvo de denúncias, Milton Ribeiro deixa o Ministério da Educação

O ex-ministro, quarto a comandar a pasta da educação no governo Bolsonaro, estava no cargo desde julho de 2021. Exoneração foi oficializada no DOU

Por Luccas Diaz
Atualizado em 28 mar 2022, 18h28 - Publicado em 28 mar 2022, 17h14
Milton Ribeiro, ministro da Educação no governo Bolsonaro
 (Pinterest/Divulgação)
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Milton Ribeiro anunciou na tarde desta segunda-feira (28) sua exoneração do Ministério da Educação (MEC). A informação foi oficializada em uma edição extraordinária do “Diário Oficial da União”. Em carta entregue ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e depois divulgada nas redes sociais, o ex-ministro afirma que sua saída da pasta é com a finalidade de que “não paire nenhuma incerteza” sobre a sua conduta e a do Governo Federal no MEC. A exoneração vem após Ribeiro ser alvo de um inquérito da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de estar envolvido em um esquema de favorecimento de pastores evangélicos dentro do ministério.

Na carta, o ex-ministro, que também é pastor presbiteriano e professor, afirma que sua vida sofreu “uma grande transformação” desde as denúncias feita após as reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo.

Em um áudio obtido pela Folha, Ribeiro afirma estar tratando de “um pedido especial do presidente da República”. A solicitação seria o direcionamento de verbas do ministério para prefeituras específicas, previamente negociadas por dois pastores: Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil Cristo Para Todos (Conimadb), e Arilton Moura, ligado à Assembleia de Deus. Ambos sem nenhuma relação oficial com o governo federal.

“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, disse o ministro na conversa gravada. De acordo com a reportagem d’O Estado de S. Paulo, Ribeiro e os pastores integravam um “gabinete paralelo” dentro de MEC, controlando as verbas e a agenda do ministério.

Após as denúncias, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o ex-ministro na última quinta-feira (24) e disse que botaria sua “cara no fogo” por ele. Disse ainda que “o que estão fazendo é uma covardia”.

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Ainda na carta de exoneração entregue ao presidente, Ribeiro diz que isso não é uma despedida, e sim um “até breve”, e que voltará para ajudar seu país e o Presidente Bolsonaro após provar sua inocência.

Milton Ribeiro estava no cargo desde julho de 2021 e foi alvo de polêmicas após defender que o acesso à universidade deveria ser “para poucos”. Após sua saída, o secretário-executivo, Victor Godoy Veiga, é quem fica no comando da pasta.

Leia na íntegra a carta de Milton Ribeiro.

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Desde o dia 21 de março minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas na mídia foram levantadas suspeitas acerca da conduta de pessoas que possuíam proximidade com o Ministro da Educação.

Tenho plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que uma pessoa, próxima a mim, poderia estar cometendo atos irregulares devem ser investigadas com profundidade.

Eu mesmo, quando tive conhecimento de denúncia acerca desta pessoa, em agosto de 2021, encaminhei expediente a CGU para que a Controladoria pudesse apurar a situação narrada em duas denúncias recebidas em meu gabinete. Mais recentemente, em _, solicitei a CGU que audite as liberações de recursos de obras do FNDE, para que não haja duvida sobre a lisura dos processos conduzidos bem como da ausência de poder decisório do ministro neste tipo de atividade.

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Tenho três pilares que me guiam: Minha honra, minha família e meu país. Além disso tenho todo respeito e gratidão ao Presidente Bolsonaro, que me deu a oportunidade de ser Ministro da Educação do Brasil.

Assim sendo, e levando-se em consideração os aspectos já citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal, que vem transformando este país por meio do compromisso firme da luta contra a corrupção.

Não quero deixar uma objeção sequer quanto ao meu comportamento, que sempre se baseou em pilares inquebrantáveis de honra, família e pátria. Meu afastamento do cargo de Ministro, a partir da minha exoneração, visa também deixar claro que quero, mais que ninguém, uma investigação completa e longe de qualquer dúvida acerca de tentativas deste Ministro de Estado de interferir nas investigações.

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Tomo esta iniciativa com o coração partido, de um inocente que quer mostrar a todo o custo a verdade das coisas, porém que sabe que a verdade requer tempo. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica. Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais.

Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada.

Brasil acima de tudo!!! Deus acima de todos!!!

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O ex-ministro, quarto a comandar a pasta da educação no governo Bolsonaro, estava no cargo desde julho de 2021. Exoneração foi oficializada no DOU

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