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Malala envia carta ao Senado pedindo compromisso com a educação brasileira

No documento, a ativista paquistanesa mostra preocupação com o índice de evasão escolar no Brasil, agravado pela pandemia

Por Juliana Morales
22 fev 2022, 19h09
Malala Yousafzai
 (Torbjørn Kjosvold /Flickr/Reprodução)
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A ativista paquistanesa Malala Yousafzai enviou ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, uma carta cobrando políticas públicas que garantam a permanência de crianças e adolescentes na escola. O documento foi lido durante uma sessão de debates no Plenário do Senado com o tema “Busca Ativa: Toda Criança na Escola”. A leitura foi feita pela coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda.

Na carta, Malala mostra preocupação com o índice de evasão escolar no Brasil, agravado pela pandemia e que atinge especialmente as meninas. Ela destacou que, desde 2020, milhares de crianças deixaram de frequentar a escola devido às consequências sociais e econômicas da crise sanitária.

A ativista cobra “uma agenda legislativa que priorize o financiamento contínuo da educação pública no Brasil”. Ela também faz um apelo para que deputados e senadores “assumam compromissos ambiciosos pela educação das meninas, garantindo a implementação de mecanismos como o Fundeb e regulamentando o Sistema Nacional de Educação”. No documento, Malala ainda pede por uma “busca ativa de estudantes que estão fora da escola e por estratégias intersetoriais para evitar o abandono escolar de milhares de estudantes”.

A importância do tema

Segundo a coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, o posicionamento de Malala traz à superfície e reforça a necessidade de priorizar, tanto no debate público como no Congresso Nacional, uma agenda de garantia de direitos relacionados à educação.

A especialista ressalta que a educação das meninas no Brasil tem sido ameaçada por uma série de fatores estruturais, como a violência, o trabalho infantil doméstico e a gravidez na adolescência. As mais afetadas são, sobretudo, meninas negras, quilombolas, indígenas e de famílias de baixa renda.”São fatores e situações que poderiam ser evitados por meio de uma política melhor de proteção social vinculada a agendas de educação equitativa”, afirmou Andressa ao GUIA DO ESTUDANTE.

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Outro agravante apontado por Andressa é o posicionamento conservador do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e do Ministério da Educação no atual governo. “Observamos nessas duas pastas a defesa de alguns retrocessos,  fundamentalismos religiosos e uma agenda avessa às diversidades de gênero, como podemos perceber no debate da Escola Sem Partido, Militarização das Escolas e o homeschooling”, afirma.

Andressa defende que, para ampliar a garantia de direito a essas meninas, é preciso que elas sejam, primeiramente, ouvidas. “A construção de políticas públicas efetivas pressupõe a gestão democrática em primeiro lugar. Em paralelo, é preciso nada mais que cumprir com a legislação brasileira de educação”, diz a especialista. “Temos uma legislação referência em educação no mundo. Se fossem realizados investimentos de forma adequada e a lei fosse levada para a prática, já teríamos um cenário muito diferentes, sem crianças e adolescentes fora da escola”, completa.

+ Educação domiciliar: críticas e defesas do homeschooling

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Malala Yousafzai

Malala ficou conhecida mundialmente após ser baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola em outubro de 2012, quando tinha 15 anos. Seu crime foi se manifestar contra a proibição dos estudos para as mulheres em seu país.

A jovem nasceu e cresceu em Mingora, a maior cidade do Vale Swat, região bastante conservadora do Paquistão. Em 2008, o líder talibã, que dominava o local, exigiu que as escolas interrompessem as aulas dadas para as meninas por um mês.

Na época, a menina criou o blog “Diário de uma Estudante Paquistanesa”, sob um pseudônimo, para escrever sobre seu amor pelos estudos e as dificuldades vividas no Paquistão. Em poucos meses, a identidade de Malala foi revelada e ela passou a conceder entrevistas para TVs e jornais.

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O ataque à ativista veio logo depois que os talibãs haviam perdido o controle do Vale Swat e a justificativa foi que ela era uma ameaça contra o Islã. A menina precisou passar por uma cirurgia e foi transferida para o Reino Unido, onde recebeu tratamento e se recuperou.

Em 2014, por conta do seu engajamento para garantir o direito à educação das mulheres, Malala se tornou a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, aos 17 anos. Atualmente, ela vive com sua família na Inglaterra, mas tem ainda o desejo de voltar ao seu país para entrar na política.

+ Três materiais para você saber mais sobre a vida da ativista e entender toda a luta e os ideais da jovem

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Com informações da Agência Senado.

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