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Nova pró-reitoria da USP cuidará de temas ligados à inclusão e diversidade

Novo órgão deverá reunir outras entidades da universidade que já cuidam de temas semelhantes, como o USP Mulheres e o Escritório de Saúde Mental

Por Luccas Diaz
Atualizado em 5 Maio 2022, 15h05 - Publicado em 5 Maio 2022, 15h00
FACHADA REITORIA USP
Fachada e portaria do prédio da Reitoria. (Cecília Bastos/USP Imagens/Reprodução)
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Na última terça-feira (3), o Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP) aprovou a criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), com 102 votos a favor, duas abstenções e nenhum contra. A nova instância tem como objetivo aumentar a diversidade na universidade e aproxima-lá da realidade brasileira, incluindo em suas propostas a criação e administração de políticas afirmativas e de permanência.

Em 2021, pela primeira vez na história, a USP registrou mais da metade de novos alunos oriundos de escolas públicas: 51,7% dos ingressantes. Destes, 44,1% se autodeclararam pretos, pardos e indígenas (PPI). Esse foi o quarto ano da universidade utilizando o sistema de reserva de cotas, que foi implementado de maneira escalonada e pretende incluir 50% das vagas por curso e turno.

Os avanços obtidos com a política de reserva de cotas segue a tendência de outras grandes universidades públicas, como a Unicamp, onde a porcentagem de estudantes aprovados nos vestibular 2021 vindos de escolas públicas chegou a 49,8% do total.

A pasta será chefiada pela professora Ana Lucia Duarte Lanna, atual diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), e foi apresentada ainda durante a campanha de eleição do atual reitor da universidade, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, no cargo desde janeiro deste ano.

Para a pró-reitora, a criação da entidade traduz a relevância que a USP está dando aos temas de inclusão, diversidade e pertencimento. “É uma estrutura administrativa que coloca os temas de forma inescapável, no mesmo patamar que o ensino, a pesquisa e a extensão. E as ações são voltadas para toda a comunidade da USP – alunos, professores e servidores – o que torna o desafio ainda maior e original”, disse ao Jornal da USP.

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Ana Lucia possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutorado em História Social pela USP. Além disso, já trabalhou em outros cargos de gestão na universidade, como diretora do Centro de Preservação Cultural (CPC) e do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), além da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo.

Ana Lucia Duarte Lanna
Ana Lucia Duarte Lanna, pró-reitora da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP). (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)

O órgão terá como sede o prédio da reitoria da universidade, e será responsável por outras entidades que já cuidam de temas semelhantes, como o Escritório USP Mulheres, o Escritório de Saúde Mental e a Superintendência de Assistência Social.

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“Reunir esses órgãos em uma pró-reitoria foi uma decisão tomada para mostrar com veemência a importância que a universidade está dando à inclusão e ao pertencimento não só dos alunos, mas também dos professores e servidores técnicos administrativos. Tivemos um esforço grande de deixar claro que são ações para todos”, explicou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com os dados divulgados pela assessoria de imprensa, será destinada uma verba própria à nova entidade, que não comprometerá o orçamento da universidade. Está nas propostas do órgão reestruturar programas e projetos já existentes.

Ao lado de Ana Lucia, assume a pró-reitora adjunta, Miriam Debieux Rosa, professora do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (IP).

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A pró-reitoria será dividida em cinco áreas de atuação, cada uma com objetivos já desenhados.

  • Vida no Campus: oferecer assistência aos estudantes em situação de vulnerabilidade, promover ações afirmativas para discentes, docentes, servidores técnicos e administrativos, valorizar a convivência e as atividades de integração na universidade, incentivar ações de memória relacionados ao Crusp, às creches e aos restaurantes universitários;
  • Saúde Mental e Bem-Estar Social: criar espaços para acolhimento do sofrimento, promover a saúde mental e o fortalecimento dos laços sociais e do sentido de pertencimento na universidade, valorizar a convivência e o bem-estar social, propiciar o diálogo e orientação para a comunidade USP, estimular a interação e o desenvolvimento de pesquisas nos hospitais universitários e unidades de saúde e psicologia;
  • Mulheres, Relações Étnico-Raciais e Diversidades: propor e gerenciar políticas relativas à diversidade, à inclusão, antirracismo e antixenofobia na universidade, atuar no enfrentamento das violências baseadas em gênero e orientação sexual, favorecer a presença e experiência de estrangeiros ou migrantes, promover o respeito à igualdade de condições para toda a população universitária, implementar ações de melhoria das condições de acessibilidade nas instalações universitárias;
  • Formação e Vida Profissional: elaborar medidas para promoção da diversidade étnico-racial do corpo docente e de servidores técnico administrativos, promover discussões sobre a legislação das carreiras na USP e suas especialidades. Propor ações para estimular a atratividade de novos talentos observando a promoção da diversidade, promover a análise continuada de indicadores de qualidade e satisfação das carreiras docente e técnico-administrativa e da formação estudantil, propor ações que estimulem o pertencimento, qualificar e integrar as diversas modalidades de apoio estudantil;
  • Direitos Humanos e Políticas de Reparação, Memória e Justiça: reconhecer silenciamentos e violações de direitos ocorridos na história da universidade, realizar programas e ações de afirmação dos direitos humanos, fomentar a interpretação dos espaços da universidade como lugares de memória, dialogar e viabilizar a consecução dos objetivos da Comissão de Direitos Humanos.

Uma das medidas prioritárias da nova pró-reitoria será realizar uma pesquisa nos oitos campi da universidade para investigar o sentimento de pertencimento dos estudantes.

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Sobre o uso de cotas e a manutenção de políticas de permanência na USP, Ana Lucia defende a existência do programa e afirma não existir espaço para a sua remoção. “Precisaremos das cotas para a graduação, elas completaram o primeiro ciclo no ano passado [2021] e têm mostrado resultados positivos e importantes”, disse ao jornal Folha de S. Paulo.

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