O uso de tecnologias da informação e telecomunicações na atenção médica a pacientes é uma prática bem anterior à pandemia. Mas com a crise sanitária, e a necessidade emergencial de criar mecanismos para desafogar o sistema hospitalar, a telessaúde alcançou novos patamares. Grande parte desse avanço se dá pela colaboração das universidades públicas, desde o primeiro mês da pandemia.
Segundo a pesquisa Universidades federais em defesa da vida, realizada pelo SoU_Ciência, 59% das instituições de ensino federais declararam ter atuado fortemente no avanço da telessaúde e instaurado novos centros e sistemas em parceria com laboratórios de tecnologia, prefeituras, governos estaduais e com o SUS (Sistema Único de Saúde).
Além da mobilização de estudantes e docentes da área da saúde, universitários de tecnologia da informação, ciências da computação, engenharias, design, comunicação e jornalismo, trabalharam na produção de novos softwares e aplicativos, painéis de monitoramento, visualização de dados, georreferenciamento e desenvolvimento de bancos de dados em tempo real.
Contribuição universitária na pandemia
A atuação das universidades federais na telessaúde acontece em diferentes modalidades, cada uma com um objetivo distinto.
A teleorientação, por exemplo, tem como foco pessoas em situação de vulnerabilidade social, trabalhando na prevenção e ao enfrentamento da pandemia. Ela se aplica via ligações telefônicas, mensagens, e-mails e plataformas virtuais. Um exemplo é a iniciativa “Disque Coronavírus” da Universidade Federal do Acre (UFAC). Em parceria com o Núcleo de Telessaúde do Acre, da Secretaria Estadual de Saúde, e com a Secretaria Municipal de Saúde, os alunos acompanham diariamente casos de Covid-19 pelo WhatsApp.
Outra modalidade importante foi o telemonitoramento, responsável por acompanhar casos confirmados de covid-19 de grupos específicos, entre eles idosos ou populações de territórios vulneráveis. É como fez a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que criou um grupo de trabalho monitorar, à distância, os profissionais do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão afastados por Covid-19.
Já na teletriagem, o objetivo é verificar a gravidade e conduta em cada caso, evitando a sobrelotação do sistema e encaminhamento para atendimento quando necessário. Nessa missão, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lançou a “Telecovid-19”, uma plataforma digital de atendimento automático, pelo Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh. Nela, o paciente passa por um primeiro nível de triagem, classificando-o por prioridade: emergência, urgência, caso moderado ou leve.
Para pacientes suspeitos ou com diagnóstico positivo de covid-19, o teleatendimento permitiu a facilidade de realizar consultas na modalidade remota. Em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, equipes multiprofissionais integradas por enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, educador físico, médicos e residentes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizaram atendimentos e consultas remotas.
Outra campo de atuação das federais foi a teleconsultoria, especializada para atender demandas e dúvidas de profissionais de atenção primária e gestores. Um exemplo é a Universidade Federal do Paraná (UFPR), que disponibilizou atendimento remoto para servidores e empregados públicos da universidade, além de vacinação, atendimento em saúde mental e alojamento no início da pandemia.
E, por fim, a telereabilitação que consta em atividades físicas online, terapia ocupacional e fisioterapia de forma preventiva (durante o período de isolamento social) e terapêutica para o pós-covid (ou covid longa). A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) implementou a telereabilitação pulmonar pós infecção por Covid-19 na Unidade Saúde Escola (USE), com ações de Educação em Saúde e Orientações de Terapia Ocupacional a pacientes com disfunções físicas.
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