Conheça 5 advogados que marcaram a história do Brasil
Pensa em seguir a carreira de advocacia? Inspire-se nas trajetórias de personalidades que transformaram a justiça no país.
Vai prestar vestibular para Direito? Que tal se inspirar em grandes advogados que marcaram a história do Brasil? Figuras como Luiz Gama e Esperança Garcia enfrentaram repressão e violência para fazer o que, afinal, é parte da profissão: lutar pela justiça.
Clarissa Lima, assessora pedagógica da plataforma Amplia, nos ajudou a selecionar cinco personagens de destaque. “Essas personalidades marcaram, principalmente, a luta por justiça, igualdade e transformação social no Brasil”, afirma a educadora. Confira!
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Luiz Gama (1830–1882)
Imagina ser escravizado aos 10 anos e, ainda assim, se tornar uma das maiores vozes contra a escravidão no Brasil. Essa foi a história de Luiz Gama, um baiano, nascido em Salvador, que nunca desistiu de lutar por justiça. Filho de Luísa Mahin, uma mulher negra e líder de revoltas escravistas, Gama conquistou sua liberdade aos 17 anos provando, sozinho, que era livre.
Mesmo sem diploma, Gama se destacou como rábula (advogado autodidata) e foi responsável por defender e libertar mais de 500 pessoas escravizadas. Ele se tornou uma figura central no movimento abolicionista, utilizando seus conhecimentos jurídicos para combater o sistema escravocrata. E foi somente reconhecido oficialmente como advogado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2015, ou seja, mais de um século após sua morte. Gama deixou um legado de coragem e determinação que inspira até hoje.
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Esperança Garcia (c. 1751 – desconhecida)
No século 18, em meio à escravidão e à violência sistemática, Esperança desafiou todas as barreiras e denunciou os abusos que sofria. Escravizada em Oeiras, Piauí, ela aprendeu a ler e escrever enquanto era educada por jesuítas na fazenda Algodões. Aos 19 anos, após ser separada de sua família, Esperança redigiu uma carta ao governador do estado em 1770, relatando os maus-tratos enfrentados por ela e outros escravizados, além de pedir ajuda para ser resgatada.
Essa carta não foi apenas um grito de resistência, mas também um marco jurídico, com todos os elementos típicos de uma petição formal, incluindo identificação, narrativa, fundamentação legal e um pedido formal. Apesar de não haver registro sobre o atendimento de sua solicitação, Esperança é reconhecida como a primeira mulher advogada do Piauí. “Sua coragem ao questionar as injustiças a tornou um símbolo da luta por direitos e dignidade”, destaca Clarissa.
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Heráclito Sobral Pinto (1893–1991)
Nascido em Barbacena (MG), Sobral Pinto foi um dos maiores defensores dos direitos humanos no Brasil. Ele se formou pela Faculdade Nacional de Direito em 1920. Destacou-se por sua coragem em enfrentar o Estado Novo de Getúlio Vargas e a ditadura militar. Ele não se intimidava: defendeu presos políticos, como Luiz Carlos Prestes, e chegou a usar a Declaração dos Direitos dos Animais para denunciar as condições desumanas nas prisões. Foi essa ousadia que lhe rendeu o título de “Senhor da Justiça”.
Ele também foi figura de destaque nas Diretas Já e na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Durante a ditadura militar, mesmo preso em 1968 pelo AI-5, manteve seu espírito combativo com a célebre frase: “Coronel, há peru à brasileira, mas não há soluções à brasileira. A democracia é universal, sem adjetivos”. Sobral Pinto viveu até os 98 anos, deixando um legado de coragem, princípios e luta pela justiça no Brasil.
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Myrthes Gomes de Campos (1875–1965)
Foi a primeira mulher a quebrar barreiras e exercer a advocacia no Brasil. Nascida em Macaé (RJ), formou-se em Direito no Rio de Janeiro em 1898, mas só conseguiu o reconhecimento profissional em 1906, quando se tornou sócia efetiva do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB). Na época, isso era obrigatório para advogar, mas o processo foi complicado: mesmo com um parecer favorável do IAB afirmando que nenhuma lei proibia mulheres de atuar como advogadas, sua filiação só foi oficialmente aceita em 1913.
Além de abrir caminho no Direito, Myrthes também lutou pelos direitos das mulheres. Ela escreveu sobre temas como o voto feminino, a presença de mulheres como juradas e a emancipação jurídica feminina. “Myrthes é um símbolo de resistência e inspiração para as mulheres negras que buscam romper barreiras no campo jurídico e em outras áreas profissionais”, diz Clarissa.
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Rui Barbosa (1849-1923)
Foi um dos mais influentes advogados e juristas do Brasil, reconhecido por sua habilidade de oratória e erudição jurídica. Formado em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, iniciou sua carreira defendendo causas de grande importância nacional, como a liberdade de expressão e os direitos civis. Sua atuação jurídica também foi marcada pela defesa dos direitos humanos e pela luta contra a censura e repressão.
Com a Proclamação da República, em 1889, assumiu a pasta da Fazenda no governo provisório de Deodoro da Fonseca, onde desempenhou um papel importante na estruturação financeira do novo regime republicano. Reconhecido internacionalmente como a “Águia de Haia” por sua atuação na Conferência de Haia em 1903, Barbosa defendeu a igualdade entre as nações latino-americanas, consolidando seu legado diplomático. Também teve papel essencial na elaboração do Código Civil de 1916, sendo celebrado como símbolo de justiça e democracia. Seus feitos lhe renderam homenagens, incluindo uma medalha de ouro concedida pelo presidente da República na época.
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