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O que define as profissões que serão ou não substituídas pela Inteligência Artificial?

Entenda o que é a complementaridade, categoria criada pelo FMI para avaliar os impactos da IA no mercado de trabalho no mundo

Por Patrícia Giuffrida
10 dez 2024, 19h00
profissões ia
 (Canva/Reprodução)
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A Inteligência Artificial (IA) já está mudando o mercado de trabalho e, segundo um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), o impacto vai ser gigante. Cerca de 40% dos empregos no mundo podem ser afetados por essa tecnologia. Nos países mais avançados, como Estados Unidos e Reino Unido, esse número pode chegar a 60%. Já nos emergentes, como a Índia, é menor: uns 26%. O Brasil? Está no meio do caminho, com 41%. É aí que bate a dúvida: quais profissões vão se beneficiar com a Inteligência Artificial e quais correm o risco de serem substituídas?

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Para avaliar se o impacto da IA será bom ou ruim no mercado de trabalho, o FMI criou uma categoria chamada de “complementaridade”. E o que significa? 

Os empregos com alta complementaridade são aqueles que vão se beneficiar da Inteligência Artificial sem o risco de desaparecer. A IA pode aumentar a produtividade e até facilitar processos, mas essas funções sempre vão exigir habilidades humanas que as máquinas não conseguem substituir.

Já os de baixa complementaridade são aqueles ameaçados de extinção por esse tipo de tecnologia. As tarefas envolvidas nessas ocupações são, em grande parte, repetitivas, previsíveis ou baseadas em regras fixas que podem ser facilmente programadas em máquinas ou algoritmos.

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Os empregos em alta

Uma das áreas que terá alta complementaridade será a da saúde. “A IA poderá auxiliar no diagnóstico de doenças ao analisar grandes volumes de dados ou imagens, porém a empatia, a comunicação e a tomada de decisões éticas continuarão a ser desempenhadas por humanos, como os médicos”, afirma Eber Duarte, diretor de tecnologia da Catho.

Outro exemplo citado pelo especialista é a área de marketing e design criativo: “As ferramentas de IA podem gerar insights baseados em dados, prever tendências de consumo ou, até mesmo, criar elementos visuais básicos, mas a estratégia, a criação de conceitos originais e a compreensão emocional dos públicos ainda dependem da criatividade humana”.

Quer mais exemplos? Carreiras de engenheiros e arquitetos também serão positivamente impactadas pela IA. “Essa tecnologia vai facilitar muito a vida desses profissionais tanto em cálculos como em simulações, mas a concepção criativa, a adaptabilidade e a flexibilidade ainda dependerão dos humanos”, prevê Elizabeth Mariano Matsumoto, Sócia-Diretora da Prosphera Educação Corporativa – consultoria multidisciplinar focada na gestão de negócios.

Ela também coloca na lista de alta complementaridade as carreiras de professores e treinadores. “A IA trouxe muitas ferramentas educacionais, que tornaram o ambiente educacional mais atrativo, dinâmico e eficiente. A tecnologia, porém, não traz motivação, vivência, orientação emocional, habilidades sociais, interação humana, empatia, linguagem não verbal, entre outras questões”.

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Cargos serão extintos?

E os empregos de baixa complementaridade, ou seja, os mais ameaçados pela IA? Um exemplo é o de operadores de telemarketing, que podem ser substituídos pelas novas tecnologias, com pouca necessidade de um componente humano.

Outro exemplo são os caixas de supermercado, pois já existem tecnologias que contam com sistemas de self-checkout, agilizando os processos, sem depender especificamente de uma pessoa. Ou ainda as profissões com funções administrativas, como digitação de dados ou fluxo de caixa

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Mas será que 100% desses e outros cargos de baixa complementaridade vão deixar de existir? A resposta é não, segundo Marcos Barretto, professor da Fundação Vanzolini e da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP).

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“Existe automação substituindo as pessoas até um certo ponto, mas mesmo os robôs, por exemplo, que já estão aí há 40 anos, eles não substituem os humanos totalmente, mesmo em operações simples como o ‘pick and place’, como a gente chama, que é pegar a carga em um lugar e colocar em outro. É importante ter alguém para operar”, reflete o pesquisador. “No caso da IA, pode haver uma substituição de postos de trabalho parcial, em maior ou menor quantidade, mas não totalmente”, complementa.

O professor Marcos explica que o impacto da chegada da IA é parecido com o dos computadores e da internet. Segundo ele, essas tecnologias não acabaram com empregos, mas mudaram o jeito de viver, de se relacionar com as pessoas, e de fazer negócios. Não será uma “revolução”, mas uma adaptação.

Como se preparar para o futuro

Já parou para pensar como estará o mercado de trabalho quando você se formar na universidade? Já é bom pensar nisso desde já, pois segundo a consultora Elisabeth, não haverá uma profissão que não receberá o impacto das IAs.

E ela aconselha: “Invista em educação continuada em cursos sobre Inteligência Artificial. Habilidades com novas tecnologias serão itens obrigatórios, assim como explorar novas tecnologias e descobrir como as IAs podem performar seu ambiente de trabalho e seus resultados”. 

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Outro conselho de ouro é do Eber: “Para se preparar, os profissionais precisam investir também em habilidades que complementam as capacidades tecnológicas, focando em áreas que a IA não pode replicar, como as comportamentais. 

Ele cita a Pesquisa de Tendências de RH 2024, feita pela Catho, que mostra que as habilidades comportamentais mais valorizadas pelas empresas no geral, e que podem ser aplicadas em um mercado dominado por IA da mesma forma, são: proatividade (11,3%), resolução de problemas (10,6%), trabalho em equipe (10%), relacionamento interpessoal (9,9%) e resiliência (9,4%).

E aí, pronto para encarar o mercado de trabalho no ritmo acelerado da IA? O futuro está logo ali — e ele espera por você!

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