“Trabalhe com o que você ama e nunca mais precisará trabalhar na vida”: frase do filósofo chinês Confúcio que você, provavelmente, já deve ter lido ou escutado alguma vez na vida. Entrar no mercado de trabalho é receber um verdadeiro balde de água fria e perceber que o pensador, que viveu cerca de 2.500 anos atrás, estava errado. Trabalhar nem sempre é prazeroso – mesmo que seja com aquilo que você ama. Em qualquer área e em qualquer cargo, haverá dias chatos, frustrantes e estressantes. Faz parte do ofício. Mas, acredite se quiser, uma pesquisa, que está acontecendo há 85 anos, afirma que há sim algumas profissões que causam ainda mais infelicidade do que outras.
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O estudo, realizado pela Universidade Harvard, conduz entrevistas e apanha dados acerca da felicidade em diversas esferas da existência humana desde 1938 – e acompanhou a vida de 700 pessoas ao redor do mundo. Hoje em dia, há apenas alguns nonagenários vivos do estudo original. A principal conclusão tirada pelos pesquisadores é que o segredo para um vida mais longa, feliz e saudável não é dinheiro, sucesso ou poder. São as conexões humanas que fazemos ao longo da vida.
E é essa mesma lógica que aplicamos ao filtrar os tipos de trabalho que mais trazem (ou não) felicidade.
Empregos solitários
De acordo com a pesquisa, os empregos que mais causam sentimentos negativos são aqueles que privam seus funcionários de conexões e relacionamentos humanos. São os cargos que não oferecem oportunidades de construir relações significativas com colegas de trabalho ou clientes. Pense em caminhoneiros de longas distâncias, seguranças do noturnos e entregadores de encomendas.
Em essência, não é uma profissão específica ou um cargo em determinada hierarquia, mas sim todos os trabalhos que enfatizam o sentimento de solidão.
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“Mas a sensação de estar desconectado dos outros no trabalho não é apenas um problema psicológico”, disse Robert Waldinger, professor de psiquiatria da Harvard Medical School e diretor da pesquisa, o Harvard Study of Adult Development, em entrevista à CNBC. “Como outros estudos recentes mostraram, a solidão aumenta o risco de morte com a idade em um grau semelhante ao tabagismo, obesidade e inatividade física”. Trabalhar em um “emprego solitário” pode não apenas trazer infelicidade, como causar problemas de saúde.
Empregos em que os funcionários são encorajados a trabalharem juntos, com um sentimento de pertencimento a um time, são aqueles que mais tendem a produzir sentimentos positivos. “Se você for encorajado a trabalhar em equipe, será mais fácil construir relacionamentos positivos com seus colegas”, afirma Waldinger. “Mas se parte do seu trabalho é ficar sozinho o tempo todo ou competir com os outros, as coisas mudam”.
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Juntos, somos menos infelizes
No entanto, este sentimento de isolamento pode surgir em ambientes abarrotados de outros seres humanos: tudo depende de quão positivas e significativas são as interações. Em fábricas ou distribuidoras onde o ritmo de trabalho é tão intenso e rápido, não é incomum que funcionários mal consigam conversar, ou sequer saibam o nome de seus colegas de turno. A presença cada vez maior de robôs nestes ambientes também não ajuda.
Em um centro de telemarketing, um mesmo funcionário pode passar o dia inteiro no telefone conversando apenas com pessoas que estão, em sua maioria, irritadas, frustradas e sem paciência. Ou ainda, um entregador de delivery, que, além das más condições de trabalho e da alta demanda, tem interações humanas ínfimas ou de pouca qualidade. Todos estes fatores podem causar sentimentos de infelicidade.
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Um estudo de 2022 mostrou que, ao contrário do que alguns chefes possam pensar, dar risada e se divertir no ambiente de trabalho não diminui a produtividade. Pessoas que têm grandes amizades no trabalho tendem a ter uma performance mais produtiva e engajada do que aqueles que não têm.
“Relacionamentos positivos no trabalho nos levam a níveis mais baixos de estresse, relações de trabalho mais saudáveis e menos dias em que voltamos para casa chateados”, conclui Waldinger. “Simplesmente, nos tornam mais felizes.”
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