Decidir o tema de pesquisa é uma das tarefas mais difíceis antes de ingressar na pós, já que passa por uma avaliação pessoal sobre o que você gosta de fazer, como você pode contribuir criativamente com uma área, e de que modo você vai delimitar esse conteúdo dentro de um tempo determinado de pesquisa.
“A pesquisa é seu legado, é a contribuição que você vai dar a uma rede de conhecimentos que vem sendo tecida há muitos anos. Ao mesmo tempo, as descobertas que você fizer podem projetar novos rumos para o futuro, colaborando com o avanço científico e social da humanidade”, afirma Flávia Maria Marques, orientadora vocacional da Colmeia.
Mas nem por isso você tem que inventar a roda. Nos cursos de mestrado, o tema de pesquisa não precisa ser necessariamente inédito, como no doutorado. “É claro que a originalidade do tema é importante, mas às vezes é preferível um tema simples e relevante, do que algo mirabolante que você não consegue levar a cabo”, explica Leandro Morilhas, coordenador geral da FIA.
Múltiplas escolhas
A principal dica é escolher um tema com o qual você tenha afinidade e goste de trabalhar. Afinal, diferentemente da faculdade, na pós, seu trabalho será centrado em apenas um tema. Por isso, escolha algo de que você goste e com o qual se identifique. “Virar a noite em uma pesquisa, dedicar-se a ela aos finais de semana e feriados, abrir mão do seu tempo pessoal fazem parte da rotina de um pós-graduando. Por isso, gostar do tema é fundamental”, comenta Flávia.
Depois de identificar o tema, é hora de entrar em contato com o que já foi produzido e compreender a quantas andam as pesquisas naquela área. Se você escolheu fazer uma pós em biologia molecular, por exemplo, é uma boa ideia começar a ler alguns livros da área. Peça indicações de professores, orientadores, e, a partir da leitura, anote as ideias que pareçam interessantes ou as áreas que você gostaria de explorar melhor.
Outro modo de entrar em contato com o que já foi produzido e entender como você pode contribuir é dando uma olhada nas pesquisas já feitas publicadas na internet, tanto em português quanto em outros idiomas. Em vários artigos, o autor sugere no último parágrafo como a pesquisa naquele tema poderia ser levada adiante. Assim, você consegue ter uma noção de como o tema vem sendo trabalhado em todo o mundo, quais questões ainda precisam ser aprofundadas e em que a sua contribuição pode ser útil.
Flexibilidade na medida
Mas a escolha de um tema de seu projeto é só um primeiro indicativo do rumo você gostaria de dar ao seu trabalho. Na maioria das vezes, ele será bastante alterado no decorrer da pós. “A pesquisa é algo vivo e dinâmico, um processo que você vai construindo ao longo do tempo. Por isso não podemos nos apegar tão firmemente à uma ideia inicial”, explica Flávia.
Vale lembrar que é importante também saber delimitar o tema, sem se estender demais, já que raramente uma pesquisa de mestrado dura mais do que 3 anos – e, nisso, a ajuda de um orientador experiente pode ser preciosa.
Leandro também ressalta a importância de se manter aberto a novas ideias durante esse processo. Muitas vezes, o tema da pesquisa acaba se adequando à linha de pesquisa do seu orientador. “Outras vezes, o modelo de pesquisa do seu orientador te agrada tanto que você acaba se encaixando dentro dele. É normal que essas mudanças aconteçam. Por isso, manter-se flexível com o tema é um grande facilitador no seu processo de pesquisa”, conclui.
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